Pesquisa feita com internautas pelo SPC Brasil mostra que alimentação saudável, saúde e conforto para dormir são principais cuidados; apenas 8% associam seus animais de estimação à despesas financeiras e 46% dão preferência a lugares que permitem a presença de gatos ou cachorros
Alimentação saudável, cuidados com a saúde, bem-estar físico e mimos de todo tipo. Foi-se o tempo em que a expressão ‘vida de cão’ era usada como sentido negativo. Uma pesquisa inédita realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais com internautas que possuem ou são responsáveis financeiros por um animal de estimação revela que 61% dos entrevistados consideram seus pets como um membro da família. E para cuidar do bem-estar desses companheiros, eles gastam, em média, R$ 189 todos os meses, cifra que aumenta para R$ 224 entre os consumidores das classes A e B. Para quem recebe até dois salários mínimos, esse valor pode representar até 10% da renda familiar.
O levantamento revela ainda que um terço (33%) dos donos de pets admite que na hora das compras sempre opta por itens que vão além do básico e 21% nunca deixam de comprar algo para seus animais de estimação por falta de dinheiro.
No total, 76% dos brasileiros com acesso à internet possuem animação de estimação, sendo que os mais comuns são os cachorros (79%), gatos (42%) e pássaros (17%). Completam o ranking os peixes (13%), tartarugas (6%) e roedores (5%), como coelhos, camundongos, furões e porquinhos da índia.
52% dos entrevistados compram ração premium, 37% dos animais de estimação sempre tomam banho em pet shop e 13% fazem tratamentos estéticos com frequência
De acordo com a pesquisa, os produtos e serviços mais adquiridos no dia a dia para cuidados com cães ou gatos são as rações (88%), seguidas dos shampoos e condicionadores (57%), petiscos (52%), medicamentos e vitaminas (50%) e brinquedos (44%). Com perfil mais exigente, mais da metade (52%) dos entrevistados disse que só alimenta seus animais de estimação com rações da linha premium, que são mais adequadas para o porte e raça de seus pets, sobretudo os entrevistados das classes A e B (62%). Há ainda 21% de donos entrevistados que oferecem comida natural, feitas exclusivamente para os cães e gatos.
Considerando os produtos e serviços utilizados com mais frequência, a lista é liderada pelas vacinas (63%), idas ao veterinário (44%) e banhos em pet shop (37%). Outros serviços realizados constantemente e que merecem destaque são os tratamentos estéticos (13%), gastos com passeadores de cachorros (13%), tratamentos dentários (9%), tratamentos contra obesidade (8%), acompanhamento comportamental (8%), adestramento (7%) e idas a creches (7%).
Indagados sobre produtos e serviços que gostariam de adquirir, mas não o fazem por falta de condições financeiras, a pesquisa revela que planos de saúde (33%), serviços de spa (23%), assinaturas mensais de caixas com brinquedos (20%) e idas frequentes ao veterinário (20%) são os mais citados.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o tratamento humanizado dos pets é uma tendência que abre inúmeras oportunidades de negócios e evidencia a força de um mercado bilionário que já é realidade e deve se diferenciar ainda mais nos próximos anos. “A composição da cesta de compras dos donos de animais de estimação está mudando. É cada vez maior a demanda por cuidados especializados, além de produtos que atendem às características específicas dos animais. Moda e estética, alimentação saudável, hospedagem, atendimento em casa, exercícios físicos e saúde comportamental são algumas das áreas que deverão se desenvolver intensamente nos próximos anos”, afirma Pellizzaro Junior.
41% participam de eventos e comunidades do universo pet; cuidados com a saúde do animal é fonte de atenção de 79% dos entrevistados
A troca de experiências assume um papel fundamental entre os entrevistados: 41% dos donos de pets participam de eventos e comunidades ligadas ao universo pet, seja por meio de redes sociais (29%) ou encontros presenciais (10%). Além disso, 93% dos entrevistados assumem o hábito de procurar informações sobre os produtos e serviços que adquirem para seus pets, sendo que as referências
mais comuns são com o veterinário de confiança (61%), sites especializados (47%), amigos ou familiares (32%) e redes sociais (32%).
As pequenas lojas de bairro especializadas em produtos para animais (53%) despontam entre os locais onde os consumidores mais fazem compras, mas 20% optam pelas grandes redes de pet shops. Os supermercados são citados por 16% da amostra. Para definir o local de compra, são levados em consideração principalmente o preço (59%), qualidade dos produtos e serviços (49%) e a confiança no estabelecimento (44%). As compras à vista predominam, seja em dinheiro (42%) ou no cartão de débito (20%). Já o cartão de crédito é usado por 34% desses consumidores.
Em sintonia com a importância que os donos dão ao bem-estar de seus animais de estimação, quase a totalidade (99%) dos entrevistados garante cuidar de alguma forma da saúde de seus pets, sendo que 63% zelam pela higiene, como banho e tosa e 58% mantém os exames periódicos e as vacinas em dia. Há, ainda, 55% que evitam oferecer alimentos não recomendados para animais, como doces e alimentos gordurosos e 51% que procuram dar uma alimentação balanceada.
De acordo com os entrevistados, as principais prioridades para quem tem um animal de estimação como cão, gato ou roedor, é proporcionar alimentação saudável (79%) aos pets, além de cuidados com a saúde (79%) e confortos para dormir (58%) – neste último caso, 23% dos entrevistados disseram que o pet costuma dormir no mesmo quarto que o dono. Os passeios (55%), atividades físicas (47%) e banhos em casa (46%) também são lembrados, indicando que a disposição dos donos vai além de meramente garantir comida e abrigo para seus companheiros.
Apenas 8% associam seus pets a gastos financeiros e 46% dão preferência a lugares que permitem presença de pets
A pesquisa demonstra que os donos não veem seus animais de estimação como mera fonte de despesas ou mais uma dentre tantas responsabilidades no dia a dia. Tanto que, apenas 8% dos entrevistados associam seus animais de estimação a gastos financeiros e somente 2% o veem como sinônimo de problemas ou dores de cabeça. Os principais sentimentos despertados entre os entrevistados são amor (61%), alegria (61%) companheirismo (59%) e amizade (52%). Há ainda 21% que veem seus pets como o guardião da casa. Para os entrevistados, os aspectos negativos de se ter um pet são não ter com quem deixá-lo quando viajam (53%) e a sujeira em casa (47%).
A dimensão afetiva ainda ganha outros contornos. Muitos donos gostariam de integrar seus animais de estimação à outras esferas da vida cotidiana que vão além de suas residências. Seis em cada dez (62%) entrevistados sentem falta de espaços públicos que permitam a permanência de pets com os donos, como restaurantes, lojas, shopping centers etc. Além disso, uma parcela expressiva afirma dar preferência a lugares onde a presença dos animais é permitida (46%).
Adoção foi escolha de quatro em cada dez donos de pets, mas 32% compraram animal de estimação
Sobre o perfil dos internautas donos de animais de estimação, a pesquisa mostra um relativo equilíbrio: 50% são mulheres contra 50% de homens; 54% pertencem às classes C, D e E e 46% às classes A e B. A maioria tem entre 25 e 44 anos (58%) e moram em casas (77%). Os que moram em apartamentos somam 23% da amostra e 82% cuidam pessoalmente de seu pet.
Pouco mais da metade dos donos estão com seus animais de estimação há mais de cinco anos (55%). Os que ganharam seus pets de presente são 45% da amostra, mas também se pode notar uma proporção similar (42%) que resolveu adotar um animal. Neste último caso, 27% adotaram quando viram o animal abandonado ou perdido na rua e 13% recorreram à uma instituição especializada. Os que compraram o animal de estimação somam 32% da amostra.
Dentre os que compraram seus pets ao invés de optarem pela adoção, as principais justificativas são o desejo de ter uma raça específica (61%), saber as características de antemão (16%) e por não encontrarem um animal para adoção que se adequasse ao perfil procurado (9%). Por outro lado, 45% dos que adotaram tomaram essa decisão por não concordarem com a venda de animais.