Tive um filho. Será que vale a pena parar de trabalhar?

25 de setembro de 2017
Saiba se, financeiramente, é mais vantajoso ficar em casa cuidando da criança ou trabalhar fora

Ter um filho é um desafio! O ideal, antes de tomar essa decisão tão importante é se planejar, guardar dinheiro e pensar muito bem no futuro: dos pais e, claro, da criança. Neste momento, uma dúvida que surge na cabeça da maioria dos pais é: “e quando eu voltar a trabalhar?” Afinal, a maioria dos casais está no mercado de trabalho. E, mesmo com a licença maternidade, no caso das mães,   voltar ao batente é uma realidade que precisa ser encarada pouco tempo depois do nascimento do bebê – 120 dias nas organizações privadas (com algumas exceções que dão mais 2 meses não remunerados) e 180 dias no serviço público federal.

Neste cenário, muitos pais acabam largando seus trabalhos para ficar em casa cuidando do filho. Essa decisão envolve várias questões emocionais e, claro, financeiras.  Para explicar essa situação e ajudar nossos leitores na decisão, chamamos duas mães para conversar: Solange Damasceno abriu mão da profissão por 6 anos e Carla Junqueira, que tem um filho de 2 anos, nunca cogitou sair do trabalho. Abaixo, uma lista do que é preciso levar em consideração:

Antes de pensar no dinheiro

A questão financeira pode pesar muito na hora de criar um filho, mas ela não é o único ponto que deve ser levado em consideração. “Há 8 anos, quando parei de trabalhar para cuidar do meu filho, eu tinha tudo muito bem esquematizado. Decidi ficar 2 anos em casa e, nesse meio tempo, mantive contato com meus colegas e meus conhecimentos atualizados. Claro que a rotina mudou, mas com organização é possível entrar em um ritmo que inclui cuidar do filho e pensar em você. Aliás, isso é muito importante”, conta Solange, enfermeira e professora. Já para Carla, que trabalha no mercado financeiro, largar tudo nunca foi uma opção. “Eu me planejei bem para ficar com meu filho nos 120 dias da licença e logo voltei para o trabalho. Financeiramente, não posso parar e, além disso,  sair desse mercado é arriscado, não sei se conseguiria voltar”, conta. Por isso, o primeiro passo antes de tomar essa decisão é saber o que a pessoa que está pensando em ficar em casa, sendo o pai ou a mãe, deseja fazer profissionalmente. Alguns pontos que precisam ser levados em consideração:

  • Como é o mercado de trabalho onde você está inserido. Será que se você sair, vai conseguir voltar com facilidade?
  • Você vai se sentir bem ficando em casa em tempo integral?
  • Seu salário vai fazer falta no orçamento da família?

Além disso, é preciso analisar seu caso, particularmente, sempre levando em consideração que, mesmo sendo difícil encarar essa situação, o importante é ter foco e saber exatamente o que deseja, independentemente das dificuldades que vai enfrentar. Por exemplo:

  • Se você não está feliz no trabalho: se essa é o seu caso, talvez a decisão seja, até, uma maneira de reservar um tempo para você estudar e/ou se informar, colocar os pensamentos no lugar e, depois, voltar para o mercado totalmente repaginado.
  • Se você vai largar o emprego fixo, mas sabe que consegue trabalhar de casa: muitas profissões permitem que a pessoa pegue projetos e ganhe um dinheiro com isso. Se você tem essa oportunidade, é uma ótima maneira de cuidar do filho e, de quebra, continuar ganhando um dinheiro extra.
  • Se você não pode largar o trabalho porque ganha muito bem: muitos pais e mães até tem vontade de ficar mais em casa, mas não podem. Nestes casos, o mais importante é deixar o emocional de lado e focar na parte prática: onde o bebê ficará quando pai e mãe voltarem a trabalhar? Quem tem o trabalho mais flexível e pode se encarregar de pegar e levar o filho na escola? Todos esses pontos precisam ser avaliados para a rotina ser mais tranquila e, claro, menos custosa.
  • Se você vai largar o trabalho porque ganha menos do que os custos com o filho: aqui está o caso mais delicado. Muitas vezes, os custos com creche, babá e transporte ficam mais altos do que o que você ganha. Por outro lado, abrir mão da profissão traz outros tipos de consequência como, por exemplo, abrir mão de uma conquista profissional ou ter mais dificuldade se quiser se inserir novamente no mercado. Nesse caso, é preciso conversar com o parceiro que pretende continuar trabalhando e listar todas as opções do casal. “Eu sempre amei o que fazia, mas quando tive um filho as despesas aumentaram muito e ultrapassaram o quanto eu ganhava. Foi uma decisão difícil, mas existe o lado bom de ficar em tempo integral com o filho também”, conta Solange.

Faça as contas

Depois de avaliar seu caso e chegar a conclusão de que, talvez, seja mais vantajoso parar de trabalhar, recorra à parte prática e faça contas para confirmar sua teoria. Calcule o quanto deixarão de ganhar no caso de um dos cônjuges deixar de trabalhar – e se o casal está preparado para uma possível redução no padrão de vida da família. Coloque na conta custos com babás, creches e escolinhas, necessários em caso de ambos os pais estarem trabalhando. Caso o salário de um dos cônjuges seja inferior à mensalidade de uma creche ou ao salário de uma babá, vale considerar a troca.  “Eu aconselho uma conversa franca com quem já tem filhos. As despesas aparecem e são altas. São custos com remédios, alimentação, escola. É preciso saber quais deles vão diminuir caso alguém esteja em casa o tempo todo.  Foi em um bate-papo desses que comecei a cogitar o afastamento”, conta Solange. Além disso:

1 – Converse com seu parceiro de maneira honesta. Vocês precisarão entrar em um acordo de forma racional e prática. “Não adianta abrir mão da sua profissão e guardar mágoas do parceiro que continuou trabalhando. Essa decisão precisa ser tomada em conjunto”, explica Solange.

2 – Saiba que, se decidir largar o emprego, vai bater saudade. Tente ocupar a cabeça com algo que te faça bem e não apenas os trabalhos de casa e o filho.

3 – Continue ligado em tudo que acontece – no mundo e na sua área de atuação. Assim, você se sentirá mais informado e pronto para voltar ao mercado de trabalho quando quiser.

5 – Faça uma lista de prós e contras que, no geral, é bem pessoal. Abaixo, alguns pontos que Solange e Camila nos ajudaram a levantar:

Pontos positivos de largar o trabalho:

  • Você vai ter mais tempo para criança
  • Você corre menos riscos de perder momentos importantes do crescimento do seu filho como os primeiros passos e as primeiras palavras. Isso vale ouro!
  • Ficando em casa, despesas do dia a dia como almoço e transporte também diminuem muito.

Pontos negativos de largar o trabalho:

  • Em alguns momentos você vai sentir muita falta de trabalhar
  • Você também sentirá falta da vida social
  • Se largou o trabalho para cuidar do seu filho e não apenas por causa das despesas, provavelmente terá que diminuir um pouco seu padrão de vida.
  • Além disso, dependendo do mercado, talvez você demore um pouco para ser recolocado.

Fonte: meubolsofeliz.com.br