Palavra da Presidente sobre o III Fórum Nacional do Comércio

3 de novembro de 2017

O papel do Varejo na retomada do crescimento foi o tema do III Fórum Nacional do Comércio, realizado na cidade de Brasília nos dias 24 e 25 de outubro. Um grande encontro entre empresários do setor de comercio e serviço, políticos, economistas e o movimento Cedelista.

A programação contou com quatro painéis. O primeiro com o tema: As reformas estruturadoras para um Brasil Novo. Discutiu os rumos da modernização trabalhista e das reformas previdenciárias e tributárias e tendo como moderador o Jornalista da Globo Heraldo Pereira. O deputado federal Luiz Carlos Hauly, relator do projeto da Reforma Tributária que tramita na Câmara dos Deputados, falou da importância da criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que substituirá vários tributos, como o IPI, PIS, Cofins, Cide, ISS, ICMS.  Com a reforma a cobrança do tributo será feita no ato da transação da compra e venda da mercadoria e do bem e serviço. Segundo o deputado Hauly “a carga tributária global brasileira chega a quase 35%, sendo que 54,4% está no consumo, somente 20,8% na renda, 4,4% na patrimônio e 20,3% na previdência. Quanto mais se tributa o consumo, mais os que ganham menos pagam impostos.” A reforma deve melhor a  vida do varejista, simplificando e  desburocratizando a tributação.

A reforma da previdência está pronta para entrar na pauta de votação do plenário da Câmara dos Deputados, por meio da PEC nº 287/2016 e tem como relator o Deputado baiano Artur Maia que explicitou a urgência em se aprovar a tão polemica reforma previdenciária. A diminuição das taxas de natalidade o aumento da longevidade da população e a necessidade do reequilíbrio fiscal dão um caráter de urgência para a aprovação do texto. De acordo com Maia “o mais importante é reconhecer que, de agora em diante, estaremos em uma linha descendente em relação ao gasto previdenciário, á medida que não haverá mais aposentadorias com valor superiores a R$ 5.531300, que é o teto do INSS” ele destacou ainda que a idade para aposentadoria de homens será de 65 anos e das mulheres 62 anos contrariando o que acontece hoje onde é possível se aposentar com menos de 50 anos. Certamente essas mudanças terão impacto muito forte nas contas publicas e consequentemente no nosso varejo.

Em breve, a reforma trabalhista será uma realidade que regulará o mercado de trabalho nacional, trazendo uma série de mudanças com potencial de aumentar a competitividade nas empresas e abrir caminhos para uma configuração mais flexível nas negociações dos contratos de trabalho. O deputado federal Rogério Marinho, que foi relator do projeto de modernização das leis trabalhistas na Câmara falou do seu trabalho no sentido de modernizar uma lei que estava no século passado e trazê-la para o século 21. “Não temos dúvidas de que a nova legislação será fundamental para o país e ajudará o Brasil a retomar o crescimento nos próximos anos.” Disse o deputado na sua fala durante o painel. A nova legislação flexibiliza a negociação das regras que envolvem jornada de trabalho, teletrabalho, banco de horas individual, home Office, trabalho intermitente. Podemos verificar uma harmonia no novo texto onde atende tanto aos interesses dos trabalhadores quanto dos empregadores.

O segundo painel tratou do Sistema Financeiro e  o Desenvolvimento do Varejo foi moderado pelo jornalista Sérgio Aguiar tendo como convidados atores do sistema financeiro nacional, como Banco do Brasil, CEF, BRB e BNB que debateram sobre as iniciativas para oferecer melhor opções de crédito para o mercado.  O debate foi muito importante para o setor do varejo, uma vez que o sistema financeiro alavanca o setor produtivo.

No terceiro painel a Inovação foi o foco central “Crescendo com a Inovação”  moderado pela jornalista Renata Ceribelli. Com a transformação protagonizada pelo varejo nas últimas décadas, os lojistas precisam estar atentos aos hábitos de consumo, demandas, produtos e serviços que surgem a cada momento.  Segundo Alberto Serrentino “O varejo brasileiro é complexo, maduro e competitivo. Muitas empresas relevantes em âmbito global, estão presentes no país, desafiando as empresas locais diariamente. O acesso á tecnologia e a melhores práticas é abrangente, nossas limitações estão ligadas a questões de escala, burocracias e custos ocultos que o mercado impõe” Já para Gustavo Caetano aumentar a inovação significa passar por uma mudança de cultura. “A transformação digital é um processo de transformação organizacional e de cultura. Se não alterar a cabeça das pessoas, estruturas e processos, não haverá avanço. Não é a tecnologia que muda os modelos de negócios, são as pessoas que usam a tecnologia de forma diferente para mudar a relação da marca com seus clientes.”

Outro importante painel tratou da retomada do crescimento econômico. “A reorientação na política econômica promovida pelo governo explica a queda da inflação e dos juros, com a consequente recuperação da economia. A perspectiva de continuidade da agenda econômica, independentemente do cenário político, reforça a tendência de melhora da confiança. A recuperação da economia, no entanto, não terá fôlego se não avançarmos em reformas estruturais.” avalia Zeina Latif da XP Investimentos. Para Marcela Kawauti do Spc Brasil “A recuperação da economia é liderada pelo consumo. A volta do investimento é algo mais desafiador, tendo em vista a elevada capacidade ociosa na economia e na crise fiscal. Serviços e comercio reagem primeiro, mas, para que a recuperação seja robusta e duradoura, a volta do investimento e de ganhos de produtividade será essencial.”

A palestra de encerramento ficou por conta do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que  traçou uma linha do tempo de todas as ultimas crises enfrentadas pelo país e demonstrou que a nossa maior crise já passou e que na medida que as reformas forem feitas e implementadas o país vai equacionar todos os seus problemas. ¨Gostaríamos de transmitir para as pessoas , consumidores, agentes econômicos uma mensagem de que podem continuar investindo, podem continuar consumido que o país vai manter essa trajetória de crescimento e de recuperação da economia, que está saindo ou talvez, mais provavelmente, já tenha saído da maior recessão da história. Estamos construindo o caminho de um crescimento que vai perdurar pelos próximos anos¨ Henrique Meirelles.

O setor varejista é estratégico na volta do crescimento do país. De acordo com o IBGE no inicio de setembro a economia apresentou seus primeiros sinais de recuperação. De abril a junho deste ano, verificou-se uma alta de 0,2% do PIB, em relação aos três meses anteriores. “Precisamos focar neste momento de recuperação econômica e incentivar um debate construtivo para que o nosso setor continue contribuindo com a geração de emprego e renda no país” convocou Honório Pinheiro, presidente da CNDL, finalizando o evento.

Sim, o cenário ainda é instável. O país ainda está vivendo um momento de crise política embora já se perceba que a fase mais critica da crise passou, embasada nas tímidas melhoras de indicadores macroeconômicos, especialmente as quedas da inflação e da taxa de juros. Posso afirmar que participar do III Fórum Nacional do Comércio foi uma oportunidade impar para minha experiência profissional, estar ao lado de grandes nomes da economia nacional, de empreendedores antenados com a inovação, com os relatores das reformas que iram colocar o Brasil nos trilhos, com os colegas Cedelistas e com todos os empresários nestes dois dias me deixou cada vez mais convencida que, nós os varejistas somos a verdadeira força que move o Brasil.

Sheila Andrade
Presidente da CDL de Vitória da Conquista