Cai de 46% para 40% o percentual de brasileiros que usaram crédito em abril

14 de junho de 2018

80% dos brasileiros dizem estar no vermelho ou no limite do orçamento e 19% tiveram crédito negado ao tentaram parcelar compra

Indicador de Uso do Crédito apurado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revela que, na passagem de março para o último mês de abril, caiu de 46% para 40% o percentual de consumidores brasileiros que recorreram à alguma modalidade de crédito. Os que não tomaram recursos emprestados no período somam 60% dos consumidores, sendo que esse índice sobe para 69% entre os indivíduos das classes C, D e E.

Os dados da sondagem revelam que o cartão de crédito foi a modadalidade mais usada, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparece o crediário (10%), o limite do cheque especial (7%), os empréstimos (5%) e os financiamentos (4%). Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os piores momentos para a tomada de crédito ficaram para trás, mas ainda há fatores que limitam seu uso. “Com o grande contingente de consumidores negativados, o uso do crédito fica restrito a uma parcela menor da população. Não podemos esquecer que a renda familiar encolheu e o desemprego permanece elevado”, ressalta.

Valor médio da fatura do cartão em abril foi de pouco mais de R$ 1 mil; 25% entraram no rotativo

O levantamento revela que em abril 43% dos usuários de cartão de crédito gastaram mais na comparação com o mês anterior. Outros 21% conseguiram uma redução no valor pago e 30% disseram que as despesas permaneceram iguais. Quanto à média total da fatura, o valor foi de R$ 1.022.

As compras de supermercado lideram a lista dos produtos mais adquiridos por meio do cartão de crédito, mencionadas por60% dos consumidores. Em seguida aparecem os gastos com remédios (43%), combustíveis (36%), bares e restaurantes (35%), roupas, calçados e acessórios (29%), serviços de recarga para celular (17%), entre outros.

Ainda de acordo com o levantamento, a maioria (73%) dos usuários de cartão conseguiu pagar a fatura integral, embora 25% tenham entrado no rotativo. “Com as dificuldades que ainda recaem sobre as famílias, muitos consumidores acabam perdendo o controle dos gastos e comprando a prazo inclusive bens de primeira necessidade. Reestabelecer o controle nesses casos é fundamental para que o consumidor não fique pendurado no cartão, sujeito ao pagamento de juros exorbitantes”, alerta a economista Marcela Kawauti.

Acesso a crédito é considerado difícil para 53% dos consumidores

Ainda sob o impacto de restrição por parte das instituições financeiras, a maioria dos consumidores (53%) sente dificuldades para ter acesso a financiamentos e empréstimos. Por outro lado, o indicador mostra que 16% não consideram nem fácil nem difícil a obtenção de crédito e 15% acham fácil. “Muitas vezes é frustrante não conseguir crédito no mercado, mas o acesso irrestrito pode criar uma situação insustentável de endividamento, levando à inadimplência e negativação do nome”, avalia a economista Marcela Kawuati.

Exemplo de restrição ao crédito, é que 19% dos consumidores tiveram crédito negado em abril ao tentarem parcelar uma compra em algum estabelecimento comercial. As principais razões para a recusa foram a inadimplência (8%) e a renda insuficiente (5%).

Outro dado que comprova o descontrole do orçamento é que quase a metade (47%) dos consumidores que tomaram empréstimos e financiamentos atrasaram o pagamento de parcelas em abril, sendo que 17% ainda têm atrasos.

80% dos brasileiros vivem aperto financeiro e 33% estão no “vermelho”; metade planeja cortar gastos 

Os resquícios da crise no país continuam impactando a vida da maioria dos brasileiros. De acordo com a sondagem, 80% vivem uma situação de aperto, sendo que 33% afirmam estar no vermelho, isto é, sem condições de honrar todos os seus compromissos, e 47% dizem se manter no “zero a zero”, livre de dívidas, mas sem sobras de dinheiro no orçamento.

A principal razão para estar no vermelho, de acordo com os entrevistados, é o fato de os bens de consumo e serviços estarem mais caros (45%). Além disso, aparecem queda da renda (31%), perda do emprego (20%) e descontrole dos gastos (19%). “O processo de recuperação da economia é lento e ainda não devolveu às famílias o poder de compra que antecede a crise e isso se reflete nos dados de uso de crédito e de consumo”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Outro dado do indicador que mensura a propensão ao consumo reforça esse momento de cautela. Quase a metade dos consumidores (49%) tinham a intenção de cortar gastos durante o mês maio, na comparação com abril, enquanto  43% pretendiam manter o mesmo volume de gastos e apenas 5% planejam aumentar. Entre os que planejam cortar despesas, as principais motivações são os preços elevados dos produtos e serviços (33%), a necessidade de economizar (26%), o desemprego (23%), o nível alto de endividamento (15%) e a redução dos ganhos (15%). Para o mês de junho, a lista dos itens que entraram para a intenção de gastos é variada e inclui roupas, calçados e acessórios (22%), remédios (22%), recarga para celular (14%), cosméticos (13%) e materiais de construção (10%), entre outros.

Fonte: CNDL