Desalento bate recorde e atinge 4,8 milhões de brasileiros. Taxa de força de trabalho subutilizada ficou em 24,6%, o que significa que falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,3% no trimestre encerrado em julho, na quarta queda mensal consecutiva, mas ainda atinge 12,9 milhões de brasileiros, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, quando havia 13,3 milhões de desempregados no país, a população desocupada caiu 3,4%.
Apesar do crescimento da população ocupada, os dados do IBGE mostram que a queda da taxa de desemprego tem sido puxada também pelo grande número de brasileiros fora do mercado de trabalho, subocupados ou que simplesmente desistiram de procurar emprego.
O número de desalentados (que desistiram de procurar emprego) bateu recorde, atingindo 4,818 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em julho, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Em 1 ano, o crescimento é de 17,8%, ou um aumento de 728 mil no número de desalentados.
Segundo o IBGE, o contingente fora da força de trabalho também é recorde, considerando os trimestres comparáveis. O número de brasileiros que nem trabalham nem procuram emprego atingiu 65,5 milhões.
Falta trabalho para 27,6 milhões
A taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,5% no trimestre encerrado em julho, ante 24,6% no trimestre encerrado em abril. Ou seja, ainda falta trabalho para 27,6 milhões no país.
Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados e quantos estavam nessa condição no trimestre encerrado em julho:
- 12,9 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias
- 6,6 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
- 8,1 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 4,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
A população subutilizada (27,6 milhões) ficou estável frente ao trimestre anterior (27,5 milhões). Em relação a igual trimestre de 2017 (26,6 milhões), este grupo cresceu 3,4%, um adicional de 913 mil brasileiros subutilizados.
Já o número de subocupados passou de 6,3 milhões no trimestre encerrado em abril para 6,6 milhões no trimestre encerrado em julho.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada atingiu 33 milhões. Embora tenha caído em 359 mil na comparação com julho do ano passado, o IBGE entende que houve estabilização deste contingente.
“Existe a queda, mas ela não é estatisticamente relevante. Esta é a primeira vez, desde o início da crise, que a gente percebe estabilidade da carteira de trabalho na comparação anual, e isso é positivo”, avaliou Azeredo.
O número de trabalhadores por conta própria (23,1 milhões) também ficou estável na comparação com o trimestre de fevereiro a abril, e cresceu ,1% (mais 483 mil pessoas) em relação ao mesmo período do ano anterior.
O nível da ocupação (53,9%) subiu em relação ao trimestre móvel anterior (53,6%) e ficou estável em relação ao mesmo trimestre de 2017 (53,8%).
Segundo Azeredo, a queda da taxa de desemprego “vem sendo provocada, principalmente, pelo aumento da população ocupada”. Porém, ele ponderou que o aumento da população em desalento também contribui para a redução da taxa de desocupação.
“O que a gente está vendo no mercado de trabalho é reflexo da economia, que pode ter interferência expressiva, já que estamos às vésperas de eleição”, disse o coordenador do IBGE
Na comparação com o trimestre terminado em abril, aumentou em quase 1 milhão o número de trabalhadores ocupados, sendo:
- 252 mil novos trabalhadores com carteira assinada
- 189 mil novos trabalhadores sem carteira assinada
- 110 mil trabalhadores domésticos
- 284 mil trabalhadores no setor público
- 44 mil novos empregadores
- 88 mil novos trabalhadores por conta própria
Por outro lado, neste período, diminuiu em 40 mil o número de trabalhadores familiar auxiliar.
Renda estável
O rendimento médio real do trabalhador foi estimado em R$ 2.205 no trimestre de maio a julho, apresentando segundo o IBGE estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.215) e também em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.188).
A massa de rendimentos (R$ 197,2 bilhões) ficou estável em relação ao trimestre anterior (R$ 195,9 bilhões) e ao mesmo trimestre de 2017 (R$ 193,4 bilhões).
Fonte: G1