Relatório do Sebrae mostra que, apesar do seu empoderamento, a mulher empreendedora ainda enfrenta desigualdades, como a restrição ao crédito
Nos últimos dois anos, a proporção de mulheres empreendedoras que são “chefes de domicílio” passou de 38% para 45%. Com o avanço, a atividade empreendedora passou a conferir às donas de negócio a principal posição em casa, superando o percentual de mulheres na condição de cônjuge (situação verificada quando a principal renda familiar provém do marido). Esta posição caiu de 49% para 41% nos últimos anos, conforme constatou o relatório especial produzido pelo Sebrae. O estudo constatou ainda que as representantes do sexo feminino empreendem movidas principalmente pela necessidade de ter uma outra fonte de renda ou para adquirir a independência financeira. Hoje, as 9,3 milhões de mulheres que estão à frente de um negócio representam 34% de todos os donos de negócios formais ou informais no Brasil.
As análises feitas pelo Sebrae mostram que as mulheres empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Entretanto, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018, os donos de negócio do sexo masculino tiveram um rendimento mensal médio de R$ 2.344, enquanto que o rendimento das mulheres ficou em R$ 1.831.
A desvantagem para as empresárias também é significativa quando se trata de acesso a crédito e linhas de financiamento. As mulheres empresárias acessam um valor médio de empréstimos de aproximadamente R$ 13 mil a menos que a média liberada aos homens. Apesar disso, elas pagam taxas de juros 3,5 pontos percentuais acima do sexo masculino. Nesse aspecto, nem os índices de inadimplência mais baixos, verificados entre as pagadoras do sexo feminino, foram suficientes para gerar uma redução dos juros. Enquanto 3,7% das mulheres são inadimplentes, os homens apresentam um indicador de 4,2%.
“O empreendedorismo representa uma importante alavanca para o empoderamento feminino, abrindo oportunidade para mulheres que viviam em situação de vulnerabilidade ou até de violência doméstica. Nosso trabalho agora é fortalecer ainda mais as habilidades comportamentais das empreendedoras para garantir confiança e reduzir as desigualdades”, analisa o presidente do Sebrae, João Henrique de Almeida Sousa.
O relatório elaborado pelo Sebrae aponta que as mulheres empreendedoras representam hoje 48% dos Microempreendedores Individuais (MEI), atuando principalmente em atividades de beleza, moda e alimentação. Quanto ao local de funcionamento do negócio, 55,4% das MEI estão sediadas em casa.
Principais dados das mulheres empreendedoras:
Entre 49 países do mundo, o Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os “Empreendedores Iniciais”
As mulheres Donas de Negócio (formais e informais) são mais jovens, do que os homens. São 43,8 anos contra 45,3 anos no caso do sexo masculino
As Donas de Negócio têm maior escolaridade (16% maior), mas ganham – em média – 22% a menos que os homens na mesma posição
Parcela expressiva das mulheres Donas de Negócio trabalha em casa – 25%. No caso específico das mulheres que são Microempreendedoras Individuais (MEI) esta proporção sobe para 55%.
As mulheres empresárias tomam menos empréstimo e com valor médio igualmente menor. O valor médio do empréstimo para mulheres é – em média – R$ 13.071 menor que o dos homens.
As empresárias pagam taxas de juros maiores. A taxa anual para empresárias é 3,5 pontos percentuais acima dos donos de pequenos negócios
A taxa de inadimplência das mulheres é inferior à registrada por homens. 3,7% para mulheres contra 4,2% para os empresários
Quase metade dos MEI existentes no país são mulheres (48%)
As mulheres MEI se destacam em atividade de beleza, moda e alimentação
As mulheres MEI trabalham mais em casa (55%)
Fonte: Agência Sebrae de Notícias