Veja o que fazer para conseguir se livrar da inadimplência sem recorrer ao crédito
Pedir um empréstimo nem sempre é a única solução para se ver livre de dívidas em atraso. Aliás, conseguir pagar um valor devido sem recorrer ao crédito é o ideal. “Pegar dinheiro emprestado sempre significa pagar mais, mesmo quando os juros são baixos”, explica Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. E ainda há o risco de acabar novamente em apuro financeiro, afinal, após quitar as dívidas, seguirá tendo que arcar com o pagamento do empréstimo. Não conseguindo, voltará a ficar inadimplente.
“O que a pessoa deve ter em mente é que não existe milagre. O dinheiro precisa sair de algum lugar”, alerta a economista. Isso significa que, para quitar dívidas sem pedir empréstimo, há dois caminhos: reorganizar o orçamento para que sobre um dinheiro no fim do mês ou encontrar uma maneira de ganhar uma grana extra. Abaixo, explicamos como fazer ambos.
Organize o orçamento para sobrar uma grana
“É muito comum a pessoa achar que não tem mais de onde tirar dinheiro, mas, na verdade, ela não olhou da maneira correta para seu orçamento”, diz Marcela. Apertar os cintos pode ser sacrificante, mas é importante lembrar que a situação é temporária. “O sacrifício vale a pena porque evitamos juros e cortes de serviços”, avalia Marcela. E qual o jeito certo de avaliar suas finanças? Siga os passos abaixo:
- Liste todas as entradas e saídas, ou seja, tudo que você ganha de dinheiro e todas as despesas. Para isso, você pode usar o Simulador Diagnóstico Financeiro, que vai te ajudar a entender sua vida financeira e acabar com os desperdícios. Você pode dividi-las entre despesas básicas, como (aluguel, luz, água, etc.), e despesas supérfluas.
- Olhe tudo com muita atenção e avalie com o que gasta mais e também qual despesa fixa que pode ser eliminada ou reduzida. Por exemplo, é possível diminuir o consumo de luz, renegociar o aluguel, reduzir o pacote do celular, cancelar a TV a cabo.
- Ao analisar as despesas com supérfluos, seja bastante rígido. “Se a intenção é pagar dívidas, o objetivo deve ser guardar dinheiro. Neste processo sacrifícios fazem parte, como ficar sem sair com os amigos por um tempo e levar comida de casa para o trabalho, por exemplo”, explica a economista.
- O último passo é, claro, cortar as despesas que podem ser cortadas e economizar no dia a dia, sempre anotando tudo para fazer o balanço semanalmente, ou seja, listando os custos da semana,quanto conseguiu economizar e quanto vai sobrar no fim do mês. Esse passo é importante para conseguir ter uma visão geral da sua vida financeira.
Procure ganhar um dinheiro extra
Depois de ter organizado o orçamento e espremido os gastos até o limite, é hora de buscar oportunidades de ganhar uma grana extra. Pode ser vendendo algo, recorrendo à economia colaborativa, fazendo bicos, enfim. O pensamento deve ser: “mesmo sendo pouco, o que entrar é lucro”.
E se, mesmo economizando e com a grana extra, não conseguir juntar o dinheiro suficiente para quitar minhas dívidas? “Se a pessoa consegue definir um valor que pode pagar por mês, a primeira atitude é renegociar a dívida, para usar esse valor nas prestações”, explica a economista. Quando você negocia sua dívida, seu nome sai da negativação a partir do primeiro pagamento. Mas, atenção! Além de ser importante arcar com o compromisso, é preciso ter consciência de que essa renegociação não deixa de ser uma nova dívida, em geral com mais parcelas. Então é essencial ter organização e muita seriedade para seu nome não voltar a ficar sujo.
Não conseguindo negociar, vá juntando o dinheiro poupado mensalmente em uma poupança. E esqueça dele! “Uma dica é programar uma transferência automática do valor estipulado para a poupança no dia em que o salário cai na conta, isto evita você gastar o dinheiro”, sugere Marcela. Assim que juntar o valor necessário para quitar a dívida, pague-a.
Outra possibilidade ainda é a liquidação antecipada da dívida, ou seja, mesmo sem ter o valor total, a pessoa pode tentar pagar mês a mês com a grana que sobra, reduzindo assim o montante total devido. Segundo o Banco Central, “clientes que tenham tomado empréstimos de bancos podem solicitar a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, com redução proporcional dos juros”. A liquidação antecipada com redução proporcional dos juros só não aplica-se a consórcios, a não ser que a possibilidade esteja prevista em contrato.
E, ao se ver livre das dívidas, aproveite o momento para fazer uma autocrítica “porque cheguei nesse ponto?”. Foi porque não tinha uma reserva? Foi porque gasta muito com bobagens? Identificando o motivo, não repita essa atitude.