O período entre a Black Friday e o Natal são dois momentos cruciais para setores como varejo e logística. De fato, 40% da atividade anual de ambos os setores está concentrada nesses períodos. No entanto, em 2022, a recessão econômica emergente e a alta da inflação resultaram em uma desaceleração significativa no consumo.
Por essa razão, as marcas tiveram que reavaliar as necessidades de seus clientes durante um período de incertezas. Pensando nisso, a agência de comunicação MARCO realizou a segunda edição de seu estudo ‘O Comportamento do Consumidor Pós-Covid 2022’, que entrevistou 14.200 pessoas de 14 países em diferentes regiões (Europa, América Latina, África e Estados Unidos), faixas de renda e idade. O objetivo foi analisar tendências, comportamentos e preferências do consumidor.
Propaganda, conteúdo e influencers digitais convencem mais os brasileiros
A pesquisa demonstra que a publicidade online é a forma de propaganda que mais influencia a escolha dos consumidores brasileiros por algum produto ou marca, já que 83% deles atribuíram para esse meio notas máximas (de 7 a 10) em recorrência de uso ou impacto. Já os artigos online (77%) e recomendações de influenciadores digitais (72%) aparecem logo em seguida.
O impacto gerado por influenciadores, em particular, está entre os mais aquecidos dentre as modalidades consideradas – hoje, 73% dos brasileiros afirmam já ter comprado algo baseado na recomendação de uma personalidade das redes sociais.
Por outro lado, publicações em revistas e jornais impressos, publicidade em rádio e propagandas no transporte público (como trem, metrô ou ônibus), todas com 55%, são as três modalidades que hoje influenciam menos as decisões de compra dos brasileiros. Contudo, há diferenças geracionais em relação à força de cada canal.
Ao passo que as recomendações de influenciadores impactam menos os entrevistados com idade entre 41 e 65 anos (com 43% das notas de 7 a 10), a mesma categoria varia entre 57% e 61% nas faixas mais jovens (18 a 25 anos e 26 a 40 anos, respectivamente).
Esse movimento inverso também ocorre nas propagandas no rádio e na mídia impressa. Nos grupos mais experientes, nas faixas de 26 a 40 anos e de 41 a 65 anos, as notas máximas oscilam de 37% a 35% para a mídia impressa e de 40% a 38% para as ondas de rádio, respectivamente.
Já no extrato mais jovem, com idade de 18 a 25 anos, os percentuais são de 27% para revistas e jornais e 22% para o rádio.
91% dos brasileiros compram mais online desde que a pandemia começou
Para se manter conectado com os consumidores, é importante entender como os comportamentos mudaram em decorrência da pandemia. Segundo a pesquisa da MARCO, 91% dos brasileiros dizem que começaram a comprar mais online desde a eclosão da pandemia de Covid.
O aumento na frequência do consumo via internet é consideravelmente maior no Brasil do que em outros países da América Latina e até mesmo da Europa. Entre colombianos e mexicanos, por exemplo, os percentuais são de 87% e 84%, respectivamente. Já entre a média dos europeus, a parcela chega a 67%.
Seguindo a mesma tendência, enquanto 98% dos brasileiros afirmam que manterão o hábito de comprar mais vezes no comércio eletrônico daqui para frente (mesmo percentual dos mexicanos e apenas dois pontos percentuais acima dos colombianos), mais de 90% dos europeus farão o mesmo.
As grandes multinacionais do varejo estão atentas a essas tendências, apostando em estratégias cada vez mais digitais. Segundo o estudo Latin America 2022, da Retail X, o comércio eletrônico brasileiro já atingiu US$ 49,2 bilhões em receita de janeiro a outubro desse ano, uma alta de US$ 8,1 bilhões sobre o ano anterior. Esse alta volume de negócios faz do Brasil o dono do maior crescimento do e-commerce na América Latina em 2022.
Celulares, livros e games lideram frequência de compras online no Brasil
Alguns segmentos se destacam mais do que outros entre os brasileiros que costumam comprar com maior frequência via internet. Os celulares, que receberam notas máximas de 72% dos consumidores online do país, lideram esse quesito.
Em seguida estão livros e games (68%), roupas e artigos de moda (67%), câmeras e dispositivos tecnológicos (64%), pacotes de viagem (60%) e ingressos para shows (59%).
Os itens do varejo alimentar ainda representam o grupo que menos se destaca nessa lista, com apenas 30% dos itens comprados online com mais recorrência.
Maioria dos brasileiros não se importa em compartilhar dados pessoais
O uso mais recorrente da internet e das redes sociais para fazer compras e o crescimento da chamada ‘hipersegmentação’ tem exigido dos usuários pedidos de liberação de informações pessoais, em respeito a leis como a brasileira LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Mas com a forte digitalização decorrente de medidas de distanciamento social, a maior parte dos internautas brasileiros parece estar hoje menos receosa com essa realidade.
Segundo o estudo da MARCO, 59% dos brasileiros atualmente se sentem confortáveis em compartilhar dados pessoais em troca de produtos, serviços e outras vantagens gratuitas. Esse percentual está acima da média de 56% observada na América Latina.
“Embora os maiores danos provocados no auge do coronavírus pareçam ter ficado para trás, as consequências para os consumidores ainda não foram totalmente compreendidas. Atualmente, o que as marcas têm pela frente são públicos cada vez mais heterogêneos, de modo que é preciso hipersegmentar para comunicar de forma eficaz e com qualidade”, diz Didier Lagae, fundador e CEO da MARCO.
“Manter-se conectado com os consumidores em meio à era da hipersegmentação se tornou um dos maiores desafios das empresas. A digitalização acelerada incluiu e ampliou o espaço para praticamente todas as audiências no consumo online. Não dá para ignorar as escolhas individuais feitas por cada consumidor, independentemente de diferenças geracionais, de gênero ou de renda”, afirma Douglas Meira, Head da MARCO para a América Latina e Country Manager para o Brasil.
Fonte: Mercado e Consumo