Compras pelo celular e digitalização do pagamento são tendências para o e-commerce na América Latina

27 de dezembro de 2022

Estudo também revela onde estão as oportunidades de crescimento para a área

Com uma população majoritariamente jovem ou de hábitos jovens, com um uso cada vez maior do smartphone para compras e outras tarefas diárias, a América Latina teve, tem e terá uma grande expansão do e-commerce.

Impulsionado pela pandemia, o e-commerce na região já soma um mercado de cerca de US$ 100 bilhões, mas o valor deve subir consideravelmente nos próximos anos, prevê um estudo produzido pela Latitud, plataforma de tecnologia que fornece a infraestrutura para a próxima geração de startups na América Latina.

O estudo ‘Latin America: Future of E-commerce’ faz parte de um report maior produzido pela Latitud sobre sete indústrias diferentes, o ‘The LatAm Tech Report’.

O estudo nota que a pandemia acelerou a taxa de penetração do comércio eletrônico em quase três anos na América Latina. De 4,9% de crescimento em 2019, a evolução quase dobrou, para 9%, em 2020, e chegou a 10,8% em 2021. As projeções são de avanço para 11,7% em 2022 e 13,6% em 2025.

A publicação reitera como a pandemia, que impôs várias barreiras sanitárias e limitação na locomoção, contribuiu para acelerar as compras digitais na América Latina. Mais de 10 milhões de consumidores fizeram suas primeiras compras digitais em 2020, superando resistências anteriores.

Mas ainda existe muito espaço para crescimento do e-commerce na região, sustenta o relatório. A taxa de penetração de 10,8% em 2021, nota o relatório, é quase a metade dos 20,8% dos Estados Unidos e 27,7% da China, o que demonstra ainda existir importante espaço para crescimento na região.

O Brasil, com 128 milhões de compradores digitais, lidera o ranking na região, seguido pelo México, com 60 milhões, e Argentina, com 25 milhões.

Tendências, oportunidades e desafios para o e-commerce
As principais tendências para o presente e o curto prazo, como mobile-first, digitalização de pagamentos, aceleração do comércio eletrônico transfronteiriço, crescimento de bens digitais, surgimento do comércio social e da lealdade como moeda estão impulsionando o crescimento do setor, aponta o estudo da Latitud.

Por exemplo: existe um uso cada vez mais acentuado de smartphones para todo tipo de tarefa, inclusive as compras cotidianas. Não por acaso, os aplicativos de compras estavam entre os aplicativos móveis mais baixados em 2021, com 59% dos downloads, contra 39% em 2018.

Outra tendência deriva do crescimento expressivo da aquisição de bens e serviços digitais por internet. O surto de covid-19 aumentou ainda mais a adoção de bens digitais como streaming, e-books, videogames, e-learning e outros. Só a indústria de jogos cresceu mais de 30% em 2020, cita o estudo, acrescentando que produtores de bens digitais estão criando novos fluxos de receita – por exemplo, videogames incorporando compras no jogo para receita recorrente.

São múltiplas as oportunidades no médio prazo e longo prazo, acrescenta o estudo. O mercado de e-commerce na América Latina deve chegar a US$ 200 bilhões em 2025.

A pandemia levou ao investimento em novos modelos de negócio no e-commerce, como social commerce e agregadores que fornecem curadoria em seus marketplaces. Ambos os modelos se beneficiam de efeitos de rede, ou network effects. Existe ainda um interesse maior em provedores logísticos que levem o meio ambiente em consideração.

Mesmo com tantas tendências e oportunidades, o relatório alerta que a América Latina é um mercado desafiador que exige planejamento inteligente e parceiros experientes. Entre os desafios a enfrentar, em termos de crescimento exponencial do e-commerce, estão o ambiente regulatório diversificado e fluido, as implicações tributárias complexas e uma combinação de preferências de pagamento do consumidor.

Outro desafio, adverte o documento, é que “os operadores tradicionais de logística e entrega são caros e não confiáveis”. Existem ainda problemas com “atrasos no cumprimento e falta de confiabilidade”, além de “atrasos alfandegários transfronteiriços e corrupção”.

Fonte: Mercado e consumo