Inadimplência cresce e atinge 65,53 milhões de brasileiros

9 de janeiro de 2023

O número de inadimplentes no país segue em crescimento e atingiu em novembro um novo recorde. Levantamento realizado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,43%) estavam negativados em novembro de 2022 – o equivalente a 65,53 milhões de pessoas, o maior número da série histórica do levantamento, realizado há 8 anos. No último mês, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 9,68% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com base nos dados disponíveis em sua base, que abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil registram que a variação anual observada em novembro deste ano ficou abaixo da observada no mês anterior. Na passagem de outubro para novembro, o número de devedores cresceu 1,12%.

“O aumento no número de inadimplentes já era previsto diante da taxa de juros que continua alta no país. Por isso, o consumidor deve priorizar a negociação das dívidas nesse final de ano. O 13º é uma boa oportunidade para o consumidor entrar no próximo ano com as contas em dia”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR TEMPO DE ATRASO

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (25,73%).

O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em novembro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,88%), são 16,21 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Tal montante equivale a 47,44% do total desta deste grupo etário.

A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 50,90% de mulheres e 49,10% de homens.

“Os dados de reincidência mostram que, nos últimos 12 meses, houve um crescimento de 33,29% no número de devedores reincidentes, que são aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes. Ou seja, mais gente está devendo e com dificuldade em manter o nome limpo. Por isso, o consumidor deve ficar atento, evitar as compras por impulso e priorizar o pagamento das contas atrasadas”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA E SEXO
ESTIMATIVA DE INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA

Cada negativado deve, em média, R$ 3.775,32. 61,87% das dívidas são com bancos
Em novembro de 2022, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.775,32 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 2 empresas credoras.

NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR VALOR TOTAL DAS DÍVIDAS

Quase quatro em cada dez consumidores (33,81%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 48,36% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

Em relação ao aumento do endividamento no Brasil, o indicador mostra que em novembro de 2022 houve crescimento de 19,65% em relação ao mesmo período de 2021. O dado observado em novembro deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de outubro para novembro, o número de dívidas apresentou alta de 2,06%.

NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO

Destaca-se a evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 31,75%, seguido de Água e Luz (16,96%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (‐10,45%) e Comércio (‐0,83%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.

NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO POR SETOR CREDOR

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 61,87% do total. Na sequência, aparece Comércio (12,45%), o setor de Água e Luz com 10,94% e Comunicação com 7,87% do total de dívidas.

“O ritmo da alta de juros está menor pelo mundo, mas será preciso uma política fiscal responsável do governo para que o Brasil caminhe no mesmo sentido. A inflação ao consumidor continua alta no país. Para aqueles consumidores que pensam em tomar crédito, o momento é delicado especialmente nos bancos, que têm em alguns de seus produtos as taxas mais altas do mercado”, alerta Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.

Para todos os indicadores, considera-se que uma dívida é a relação de um credor com um devedor, mesmo que esse credor tenha incluído vários registros desse devedor junto ao SPC Brasil. Ou seja, mesmo que um devedor tenha quatro registros de um mesmo credor, assume-se que esse consumidor tem apenas uma dívida.

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