Panorama do Comércio: enquanto o mundo se movimenta, o Brasil tenta respirar em meio aos juros altos e à inadimplência recorde

20 de maio de 2025

Crescimento nas vendas contrasta com queda na confiança

Os dados do IBGE trazem boas notícias para o comércio: as vendas cresceram na comparação entre o 1º bimestre de 2025 e o mesmo período do ano anterior. Do lado do consumidor, a renda média avança e desemprego permanece baixo. Segundo dados do CAGED, em fevereiro de 2025, o país registrou um saldo de criação recorde para esse mês. No comércio, quase 47 mil vagas formais foram criadas, indicando que o mercado de trabalho segue dinâmico.

Ao mesmo tempo, os indicadores de confiança indicam uma piora na percepção de consumidores e empresários do comércio. Como entender esse descompasso? A percepção captada pelos indicadores de confiança reflete o momento atual e as expectativas para o futuro. Esses dois componentes da confiança apresentam deterioração, mas a queda das expectativas foi mais acentuada.

Com efeito, o cenário econômico já inspirou mais otimismo. Mesmo com o resultado positivo de alguns indicadores, a inflação permanece acima do teto da meta e em aceleração. Diante disso, a taxa básica de juros chegou a 14,25% ao ano e deve continuar subindo.

Famílias seguem endividadas e inadimplência cresce

No quadro do consumidor, em particular, cabe destacar que, a despeito dos dados favoráveis no mercado de trabalho, o nível de endividamento das famílias permanece elevado e o crescimento da inadimplência ganhou novo impulso, como mostram indicadores apurados pela CNDL e pelo SPC Brasil.

Já no cenário internacional, são crescente os temores de uma recessão desencadeada pela guerra tarifária. Ainda não se sabe qual será o espaço para a negociação das tarifas anunciadas pelo governo americano no início de abril de 2025. O momento, em suma, é de elevação da incerteza, com notícias apontando para todas direções. 

As projeções coletadas pelo Boletim Focus ainda preveem crescimento do PIB para 2025, mas a um ritmo menor do que o verificado em 2024: cerca de 2,0%. Essa previsão ficou praticamente estável desde o início do ano. Para a inflação, o quadro é mais delicado: as previsões para a variação do IPCA subiram de 5,0% para 5,6% desde o início do ano, evidenciando a “desancoragem” das expectativas. A manutenção do cenário-base para o PIB dependerá crucialmente da evolução dos pontos de incerteza, sobretudo no âmbito internacional.

Assista ao vídeo: https://youtube.com/shorts/WjzQQ82tR1Y?feature=share​