Dor na coluna é principal causa de faltas no trabalho

23 de novembro de 2012

Quem nunca sofreu de lombalgia (dores nas costas) que atire a primeira pedra. Ela está atualmente entre as queixas mais comuns nos consultórios médicos. E não é à toa. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise aguda de dor nas costas durante a vida, sendo que 90% dessas pessoas apresentarão mais de um episódio.

A lombalgia pode ser classificada em dois tipos: aguda e crônica. Ambas podem ser altamente incapacitantes para as atividades da vida diária, do trabalho, do lazer e do esporte. A coluna vertebral é composta por 24 vértebras, interpostas por discos intervertebrais (cartilagem). Essas vértebras são unidas por ligamentos, que suportam todo o peso da parte superior do corpo e por isso às vezes manifestam sinais de sofrimento.

O problema é que a lombalgia aparece, geralmente, entre os 20 e 50 anos de idade, justamente o período produtivo da pessoa no mercado de trabalho. Depois dos 30, as pessoas diminuem o ritmo das atividades físicas – e é nessa faixa etária que elas estão no auge de suas carreiras e raramente sobra tempo para outras ações que não estejam relacionadas à profissão.

As dores crônicas atingem 40% dos adultos e são consideradas as principais causas de ausência no trabalho, aposentadoria por doença e baixa produtividade. Além da lombalgia, são também muito comuns a cefaléia (dor de cabeça) e as dores nas articulações (cotovelos, joelhos, tornozelos, tendões).

Não há dados sobre o tamanho do prejuízo econômico causado pelas ausências ao trabalho ou a redução na produtividade, devido a esses problemas de saúde, mas, de acordo com um estudo do Grupo de Dor da Faculdade de Medicina da USP, realizado em 2000, o maior prejudicado é o trabalhador. A pesquisa revelou que a receita familiar diminui em média 65% depois de um episódio de dor crônica.

As faltas ao trabalho geram problemas que vão além da saúde. Elas afetam diretamente a economia das empresas. Estudos da Fundação Getulio Vargas mostram que a ausência de um funcionário provoca queda na produtividade de qualquer empresa.

Porém, muitas organizações já seguem uma nova filosofia: a de promover o bem-estar do colaborador. Sabemos que esse bem-estar tem uma ligação direta com o aumento da produtividade. Por isso, já existem programas de prevenção nas empresas a essas doenças mais comuns.

Um exemplo dessa conscientização empresarial é o Banco HSBC. Com apenas três aulas de ginástica laboral por semana, os funcionários obtiveram resultados satisfatórios na redução das tensões musculares e no fortalecimento de ligamentos e músculos. Além disso, as técnicas de respiração e relaxamento adotadas nas aulas contribuiu para a diminuição do estresse, melhorando o desempenho dos funcionários.

Apesar de, na maior parte dos casos, não ocorrer nenhuma deformação física, a lombalgia interfere na vida social e nas atividades profissionais, devido ao excesso de dor que causa. Esse problema aparece, principalmente, em pessoas que ficam muito tempo sentadas ou que fazem esforços físicos em posições incorretas. Uma pequena mudança nos hábitos diários pode ser fundamental. Quando se levantar para tomar um cafezinho ou ir ao banheiro, o ideal é fazer pequenos relaxamentos e alongamentos para que o corpo possa suportar mais uma hora em frente ao computador.

Algumas formas de prevenção são bastante simples. Veja algumas dicas:

  • Manter uma postura correta;
  • trabalhar em cadeiras adequadas (que tenham um ângulo de 90º entre o assento e o encosto);
  • fazer intervalos no trabalho (não permanecer mais de 1h30 sentado na mesma posição);
  • ter uma atividade física regular;
  • manter os pés mais altos que o solo, alternadamente, e fazer exercícios de relaxamento diariamente, entre um turno de trabalho e outro.

O número de pessoas com queixa de lombalgia vem acompanhando o aumento na longevidade da população. A expectativa de vida, que ficava em torno de 60 anos, subiu para 75, e as pessoas estão chegando a idades mais altas com a mente e o coração saudáveis.

Por isso, é cada vez mais importante pensar em prevenir problemas lombares, abandonando o hábito de só prestar atenção na coluna quando se sente dor. Em todo o mundo, cerca de 70% das pessoas com mais de 40 anos apresenta algum problema de coluna, e esse número sobe para 80% a 90% na população acima de 50 anos.

*Arnaldo Reis é neurocirurgião do Hospital VITA Curitiba.

Por Arnaldo Reis*
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