Hábitos de consumo, porém, são arriscados. História econômica do Brasil explica comportamento
Poupança rende pouco no Brasil com juros baixos e inflação alta, mas nem assim mudaram os hábitos de guardar dinheiro. Pesquisa indica que os brasileiros estão entre os mais conservadores na hora de investir em busca de uma renda.
A poupança passou a render menos, e as aplicações em renda fixa também. 2012 era para ter sido o ano da bolsa de valores, mas não foi. Um estudo da Economática mostrou que 59,5% dos investimentos dos brasileiros foram para os títulos públicos.
Medo é conservadorismo no vocabulário de finanças e estamos mesmo entre os povos mais conservadores do mundo quando o assunto é guardar dinheiro para o futuro, o que faz todo sentido quando a gente olha para a história econômica do Brasil.
A geração que tem hoje entre 25 e 40 anos e que, pela idade, estaria mais propensa a arriscar, cresceu ouvindo falar em crises, hiperinflação e planos econômicos. Aprendeu com os pais a amar a segurança e fugir do risco.
Não somos tão prudentes, no entanto, na hora de gastar dinheiro. “Um exemplo é o cheque especial e o cartão de crédito, que ultrapassam, muitos casos, 200% ao ano, e são os instrumentos mais usados de crédito. A lógica ou o medo que serve para investir não é o mesmo para captar dinheiro ou se financiar”, diz Samy Dana, economista da FGV-SP.
É uma contradição universal. A economia clássica criou um teste que mostra como muda o comportamento humano diante da possibilidade de ganhar ou perder dinheiro.
Você escolhe R$ 10 mil certos ou tenta a sorte, com 90% de chance de não ganhar nada e 10% de chance de ganhar R$ 100 mil? A maioria não arrisca. Você escolhe pagar R$ 10 mil ou joga, com 90% de chance de não pagar nada e 10% de chance de pagar R$ 100 mil? A maioria arrisca.
A conclusão é que somos conservadores na hora de ganhar dinheiro e arrojados na hora de perder, mas dá para agir de forma mais racional, afirma o economista. Só temos medo daquilo que não conhecemos.
“Uma das formas é conhecer melhor os instrumentos financeiros. Infelizmente, no Ensino Fundamental e Médio, não tem sequer uma disciplina de finanças ou economia, e muitos que ainda vão para o terceiro grau, para o Ensino Superior, também não têm”, afirma Dana.
Fonte: G1 – Jornal da Globo