Para pensar no caminho entre escola e trabalho

28 de janeiro de 2013

Por que educação é a palavra da vez?

A busca de uma educação integral, alinhada ao complexo caldo de motivações que alimenta o homem, precisa sair do discurso e invadir a prática. O grande desafio da educação de base reside na busca do homem que evolui no campo do conhecimento, no social, no físico e no cultural.

A educação corporativa, se não tem sido salvação, é o recurso hoje disponível para empresas que precisam, junto com ações de reconhecimento e recompensa, cativar e reter talentos. O assédio sobre colaboradores eficientes amplia quando há a crise de qualificação, que se evidencia sempre quando a aceleração econômica e a migração entre classes ganha velocidade maior que o desenvolvimento das pessoas. No campo dos talentos, a lei da oferta e da procura é tão ou mais cruel que nas relações de consumo.      

A formação cognitiva, focada na informação teórica e prática, colocada à prova em baterias de testes com pouca ou nenhuma contextualização real, apenas amplia a distância. A falta de atenção à inteligência social, levada ao extremo, rascunha alguma explicação para ações como as em que professores são espancados por alunos em plena faculdade ou as de grupos de jovens de classe média alta, que vão às ruas com o único propósito de agredir. O equilíbrio corpo e mente também ficou a desejar na educação desenvolvida até hoje. Obesidade e doenças cardiovasculares são detectadas em idades cada vez menores, ao passo que a cultura torna-se cada vez mais superficial.

Desenvolvendo esse raciocínio outras vezes, me deparei com crenças como:

 – A culpa é da propaganda.

Acredito que, da mesma forma que não há propaganda boa que salve um produto ruim, quando a educação é boa, o senso crítico se amplia, ajudando inclusive na separação dos projetos corretos e sustentáveis de marketing dos cantos irresponsáveis das sereias.

A educação corporativa, focada tanto em treinamento quanto em desenvolvimento pessoal, é hoje ferramenta de grande utilidade social. Afinal, o despertar de valores positivos que deveria acontecer durante a formação de base, de tanto ser delegado para quem estava à frente, acabou chegando à empresa, que já há alguns anos arca com diversos ônus, inclusive alguns dos deixados pela desagregação da família, berço da referência ética e de consciência social. Quando a família delegou esse compromisso, sobrecarregou a escola. A escola por sua vez – seja por razões políticas ou sociais – foi “passando o compromisso de ano”, empurrando para frente a necessidade de despertar do indivíduo. Como professor universitário, em aulas de ética profissional, constatei situações que comprovaram isso. Em um dos conteúdos, perguntava aos alunos “para quem eles trabalhariam, como futuros profissionais”. Para vários, a resposta estava no gatilho:”Para quem pagar mais!”.

Hora de respirar fundo, contar até dez e tentar iniciar a desconstrução de alguns potenciais pistoleiros de aluguel, cuja referência profissional era medida apenas pela moeda dinheiro.

Nesse “efeito Tostines”, onde causa e efeito se confundem, minha convicção como profissional com vivência tanto em comunicação, quanto em educação e treinamento, é óbvia: até o sucesso do projeto humano começa e se perpetua na educação.

Mas não acredito numa solução do tipo “marcha a ré”, com a empresa lavando mãos para problemas de formação que deveriam ser sanados lá atrás. Acredito numa via de mão dupla: um ensino fundamental, médio e superior apostando na formação integral do indivíduo, preparando-o para a vida em empresa, seja a dele mesmo ou a de outros empreendedores. Para tanto seria necessário reduzir a distância empresa-escola, que na concepção de muitos educadores, ainda causa ojeriza. A empresa, por sua vez, junto com seu papel comercial e econômico, também precisa assumir seu papel educacional, dando continuidade ao desenvolvimento social, cultural, físico e cognitivo iniciado pela escola através de programas de treinamento e desenvolvimento continuados, preparando o colaborador não só para o exercício técnico da sua função, mas também para as próximas etapas de sua vida.

Educação é palavra de ordem, se o país quiser avançar nos próximos anos, que as projeções demográficas apontam como sendo os de maior população economicamente ativa da nossa história. Seja da escola para a empresa, seja da empresa para a escola.

Por  
Imagem:  aupexjoinville.blogspot.com