Prêmio teve parceria com a Fundação Nacional da Qualidade, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios Profissionais do Brasil
Três empreendedoras brasileiras que criaram empresas inovadoras receberam hoje (7/3), em Brasília, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, realizado em parceria com a Fundação Nacional da Qualidade, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios Profissionais do Brasil.
As premiadas com o primeiro lugar de cada categoria foram Gislaine Marcandali, de São Paulo (SP), que inventou um lavatório móvel para cabeleireiras atenderem a clientes em casa; Agda Oliver, fundadora de uma oficina mecânica acessível para mulheres em Ceilândia (DF); e a gaúcha Nadir Daroit, presidente de uma cooperativa de sistemas hidráulicos que assumiu uma empresa à beira da falência.
“Hoje, 65% dos novos negócios fundados por mulheres são abertos pela percepção de uma boa oportunidade. E elas não estão mais atuando apenas em nichos femininos: já invadem espaços antes considerados masculinos”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Em comum, elas apresentam uma “ousadia planejada”, conforme define Jairo Martins, superintendente geral da FNQ, que fez parte do júri do prêmio. “É muito positivo perceber que estão se preparando melhor e zelando pela boa gestão.”
Além das vencedoras, mais seis empreendedoras foram premiadas com a prata e o bronze. Elas superaram a concorrência de 65 finalistas, selecionadas entre 5.400 empreendedoras que se inscreveram no prêmio, entre fundadoras de micro e pequenas empresas, microempreendedoras individuais e mulheres que participam de negócios coletivos (como cooperativas).
Conheça, abaixo, um pouco das histórias de sucesso das três vencedoras em cada categoria:
1) Pequenos Negócios
Agda Oliver, fundadora da Meu Mecânico, de Ceilândia (DF)
Cansada de ser enrolada ao levar seu carro ao mecânico, a ex-bancária Agda percebeu nessa dificuldade uma oportunidade de negócio. “Fui enganada em uma oficina e, depois disso, decidi pesquisar o mercado e me capacitar em mecânica”, conta. Ela percebeu que muitas mulheres se sentiam como ela, então criou uma oficina diferente – a começar pelas paredes cor-de-rosa.
Na Meu Mecânico, fundada em 2010, as clientes aprendem a conhecer seu carro. Elas recebem e-mails com dicas de manutenção e tutoriais que ensinam a trocar um pneu, e podem assistir a uma palestra sobre como funciona um automóvel. E ainda têm direito a mimos, como salão de beleza às terças-feiras e descontos em redes de academia. Mas a oficina não atrai apenas as clientes de saia. “Hoje, 40% dos meus clientes são homens”, diz Agda, que fatura R$ 60 mil mensais com a Meu Mecânico.
2) Empreendedora Individual
Gislaine Marcandali, fundadora da Dublê, de São Paulo (SP)
Depois de atuar como cabeleireira em alguns salões, Gislaine resolveu abrir o seu, em 1986. Mas, depois do nascimento dos filhos, ficou difícil conciliar as duas atividades. Para ter uma agenda mais flexível, ela fechou o salão e começou a atender clientes em domicílio. “Senti na pele a dificuldade de prestar serviço na casa delas. Tinha que lavar cabelos no chuveiro ou no tanque”, diz a empreendedora.
Gislaine começou, então, a idealizar um lavatório especial para levar à casa das clientes. Em 2007, ela pediu ajuda ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para criar um protótipo. Patenteou o produto e, em seguida, começou a produção. Dois anos depois, ela abriu a Dublê, empresa que vende e aluga lavatórios de aço escovado, com rodinhas, que aquecem a água ao serem ligados na tomada. Os modelos custam de R$ 2.350 a R$ 2.980, e a Dublê hoje fatura R$ 20 mil mensais.
3) Negócios coletivos
Nadir Daroit, presidente da Coosidra, de Cachoeirinha (RS)
A gaúcha de Gravataí trabalhava como analista financeira em uma fábrica de sistemas hidráulicos (como bombas e válvulas) quando percebeu que a empresa estava à beira da falência. Quando veio o pedido de concordata, ela liderou um grupo de dez funcionários para assumir o controle da companhia. Unidos, eles fundaram uma cooperativa, a Coosidra (Cooperativa de Produção de Sistemas Hidráulicos). “Fizemos uma petição para gerir o negócio, mas o juiz negou”, lembra Nadir. A cooperativa, então, passou dez anos prestando serviços para a fábrica, até que, em 2009, os trabalhadores conseguiram arrematá-la em um leilão usando o dinheiro que os associados depositaram em um fundo.
Hoje, a empresa tem 1.500 clientes e aposta no desenvolvimento sustentável para crescer. Para Nadir, ser mulher facilita seu papel de presidente. “Há mais diálogo. Mas os homens ainda desconfiam ao ver uma mulher no comando.
Por Bruna Martins Fontes, de Brasília**A jornalista Bruna Martins Fontes viajou a Brasília a convite da FNQ.