Número de empreendedores do país cresce mais de 40% nos últimos anos

19 de março de 2013

 A cada quatro trabalhadores brasileiros, três querem ter o próprio negócio.
Principais motivos são independência pessoal e perspectiva de renda maior

O número de empreendedores no Brasil cresceu 44% nos últimos 10 anos. É o que revela a pesquisa da Endeavor, uma organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo de alto impacto.

A cada quatro brasileiros, três querem ter o próprio negócio. “Setenta e seis por cento das pessoas entrevistadas têm interesse em empreender, então esse é um número relevante se a gente comparar com outros países. Apenas a Turquia tem um percentual maior do que o Brasil”, afirma Illan Sztejnman, gerente regional da Endeavor.

Ideias podem virar um negócio e lucrativo. O empreendedor Eduardo Senise percebeu isso. “O bichinho do empreendedorismo me pegou e eu tive vontade de valorizar e crescer dentro de uma marca que seria minha”. Ele faz parte de um grupo de brasileiros que decidiu realizar o sonho de ser dono da própria vida profissional.

Eduardo era diretor de marketing, largou o emprego e investiu. Hoje é dono de um salão de beleza na zona oeste do Rio de Janeiro. A escolha foi feita depois de pesquisar o mercado. “Ao longo destes 30 meses, a gente teria um ano de investimento, em que é normal que a gente invista mais do que a gente ganha. Um segundo ano em que a gente busca um ponto de equilíbrio onde receitas e despesas praticamente se equiparam e a gente acredita que a gente começa a ter efetivamente um retorno no terceiro ano”.

Pequenos empreendimentos hoje, grandes empresas amanhã. Os chamados negócios  digitais crescem sem parar. Em 2007, o Brasil tinha nove milhões e meio de consumidores na rede, em 2011 esse número saltou para quase 32 milhões.

Bruna e Alexandre querem conquistar os internautas e encontraram um mercado promissor: os noivos. O casal criou um portal na rede com listas de presentes de casamento. Um investidor se interessou e agora eles organizam as festas, tudo é feito pelo computador. “Hoje a gente está chegando a 20 mil casais cadastrados. Esses 20 mil noivos estão planejando, consultando os nossos serviços, a gente pretende chegar ao final desse ano com 40 mil”, acredita Bruna.

Segundo a empresária, não é preciso muito para por em prática uma boa ideia. “O que precisa é um computador que funciona muito bem e uma internet boa, porque isso é o suficiente para você ter esse protótipo e validar a sua ideia. A troca de informação traz experiência, então conheça bastante o empreendedor, encontre alguém que vai ser seu conselheiro porque realmente caminhar sozinho muitas vezes pode ser doloroso”.

Veja também outros dados da pesquisa feita pela Endeavor:

Perfil do brasileiro:
Atualmente a maior parte da população brasileira é empreendedora ou pretende ser. 72% da população não é empreendedora, sendo que 33% tem vontade de ser, enquanto 28% dos brasileiros já são empreendedores. Segundo a pesquisa, se pudessem escolher, 3 de cada 4 brasileiros prefeririam ter um negócio próprio a ser um empregado ou funcionário de terceiros. Esta é a taxa mais alta no mundo, comparada aos outros países. Os principais motivos são: independência pessoal e melhor perspectiva de renda. O percentual dos entrevistados que não pretendem tornarem-se empreendedores é de 39%.

Probabilidade de novos negócios:
O Brasil se destaca em relação à probabilidade de abrir um negócio nos próximos 05 anos. 19% dos entrevistados alegam ser muito provável esta hipótese. Se esta informação for comparada com a pesquisa GEM 2011, o Brasil fica atrás dos EUA (20%), à frente da União Europeia (10%), China (9%), Coreia do Sul (8%) e Japão (4%).

Desafios – Aspectos negativos:
O assunto empreendedorismo também é um desafio no Brasil. Há uma percepção negativa das pessoas quanto ao tema. Sessenta por cento dos entrevistados concordam com frases do tipo “Empreendedores exploram o trabalho de outras pessoas” e “Empresários pensam apenas em seu próprio bolso”. No entanto, ainda que esses números não sejam desejáveis, nos Estados Unidos e na China, por exemplo, 66% e 70% da população acreditam que empresários exploram seus funcionários (Eurobarometer, 2012).

Escolaridade:
Quanto à escolaridade, tem-se que 11% dos empreendedores cursou até o ensino superior, 35% até o ensino médio e 46% somente até o ensino fundamental. Comparativamente às médias nacionais (16%, 40% e 39%, respectivamente), o empreendedor se mostra em uma situação mais crítica, portanto. Essa deficiência é explicada pela baixa escolaridade do empreendedor sem funcionários e também daquele que não enxerga sua atividade como um negócio. O empreendedor com funcionários possui o maior nível de escolaridade entre todos os brasileiros. Isso reforça a opinião de que é importante, sim, investir na educação empreendedora. Os empreendedores que empregam também são os mais escolarizados: a maioria já completou o ensino superior (24%) ou ao menos o ensino médio (35%).

Fonte: G1 – Jornal Hoje