Essas pessoas não exigem qualquer garantia ao permitir que parentes ou amigos façam empréstimos em seu nome
Sete em cada dez brasileiros que permitem que terceiros façam empréstimos em seu nome não tomam qualquer garantia, diz pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O problema é maior entre os consumidores inadimplentes do que entre os adimplentes, mostra o levantamento realizado com 1.238 pessoas em todas as 27 capitais brasileiras.
Muita gente recorre ao empréstimo de nome quando está com o “nome sujo“, isto é, quando ficou inadimplente e, por isso, perdeu seu acesso ao crédito. Essas pessoas recorrem a conhecidos que tenham o “nome limpo” para pedir empréstimos e financiamentos em nome desses terceiros.
De acordo com a pesquisa do SPC Brasil, entre os inadimplentes, 20% declaram ter o costume de emprestar o próprio nome a terceiros e, deste percentual, 96% não se resguardam contra eventuais riscos de calote, uso indevido do nome ou a possibilidade de ficar com o “nome sujo”. Apenas 2% afirmaram ter elaborado um contrato com o solicitante, 2% ficam com um cheque pré-datado e menos de 1% faz uma nota promissória.
Já entre os adimplentes, a situação é menos grave. Apenas 9% admitem emprestar o nome a terceiros e, destes, o índice dos que não se resguardam cai para 69%. Dos poucos adimplentes que emprestam o nome, 30% procuram garantias, como contrato (15%), cheque pré-datado (7%), reter um documento do “tomador do nome” (5%) ou emitir uma nota promissória (3%).
De acordo com Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, grande parte dos empréstimos de nome é feita entre amigos próximos ou parentes, e acaba se baseando na relação de confiança. Além disso, quem empresta fica constrangido de pedir uma garantia, de recusar ou mesmo de cobrar dívidas atrasadas. A pesquisa constatou, por exemplo, que 45% dos entrevistados se sentiriam constrangidos em cobrar a dívida atrasada de um parente.
Outra pesquisa do SPC divulgada recentemente mostrou ainda que 41% dos entrevistados já se utilizaram do nome de terceiros para fazer compras. Os principais motivos foram inadimplência (36%), não possuir renda suficiente (33%) ou não ter condições de comprovar renda (23%).
Prática é desaconselhável
O SPC Brasil desaconselha a prática de emprestar o nome, ainda que para um amigo íntimo ou parente próximo. Isso porque o responsável pela quitação do débito é o dono do CPF que contratou o empréstimo. Se o amigo ou parente não conseguir honrar seu compromisso, quem emprestou o CPF pode ficar com o “nome sujo”. A responsabilidade sobre a dívida é de quem a contratou, independentemente se foi para benefício próprio ou de terceiros.
Caso decida correr o risco mesmo assim, quem emprestar seu nome deve ao menos se resguardar, orienta o SPC.
Fonte: Exame.com | Seu Dinheiro