De acordo com o estudo, o total passou de R$ 381,36 bilhões em junho de 2003 para R$ 2,53 trilhões no mesmo mês deste ano
O volume de crédito do sistema financeiro do país cresceu 563,8% em dez anos, segundo balanço publicado nesta terça-feira (17) pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
De acordo com o estudo, o total passou de R$ 381,36 bilhões em junho de 2003 para R$ 2,53 trilhões no mesmo mês deste ano. Com a expansão, o volume passou a representar 55,2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, ante 24,7% anteriormente.
Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da associação, esse aumento se deve às melhores condições de crédito encontradas no Brasil. “Estamos com um país mais previsível, mais estável, sem crises e com crescimento econômico. A queda da taxa de juros básica [Selic] também contribuiu para esse aumento”, diz.
Oliveira lembra que mesmo a crise iniciada em 2008 não foi suficiente para afetar o crescimento do volume total do crédito. “Isso porque embora os bancos privados tenham colocado o pé no freio na concessão de empréstimos, os públicos aumentaram, o que ajudou a impulsionar o mercado.”
Apesar do avanço, o patamar ainda está muito abaixo do registrado nas principais economias do mundo, afirma. “É fato que o volume total do crédito do país ainda é baixo quando comparado às principais economias, onde esse número atinge mais de 100% do PIB, o que demonstra que temos ainda um ambiente favorável à expansão de crédito”, afirma.
Para ele, o Brasil tem condições de alcançar, nos próximos anos, um patamar entre 60% e 65% da relação crédito/PIB, principalmente pela expansão do crédito imobiliário.
JUROS E SPREAD
A década analisada pela Anefac foi marcada pela redução nas taxas de juros praticadas no país e pela diminuição do spread bancário –a diferença entre os juros que os bancos pagam ao captar dinheiro e as taxas que cobram ao emprestar.
As taxas médias de juros nas operações de crédito com recursos livres (que excluem habitação, empréstimos rurais e BNDES) caíram de 56,7% ao ano em junho de 2003 para 26,5% ao ano no mesmo mês de 2013. Para pessoas físicas, recuaram de 81,4% para 34,9% no mesmo intervalo.
Já o spread bancário com recursos livres passou de 33,2% ao ano para 16,7% ao ano nesse período. Apesar disso, o estudo ressalta que ambos seguem em patamares elevados no país.
O estudo indica ainda que o prazo médio dos financiamentos com recursos livres cresceu 426% na década, saltando de 7,3 meses em junho de 2013 para 38,4 meses no mesmo mês deste ano.
A taxa de inadimplência geral mostra um recuo de 8,8% para 5,2% do total de empréstimos, mas os dados não são comparáveis porque o Banco Central alterou a metodologia de cálculo em novembro de 2005, quando passou a considerar inadimplência apenas os atrasos acima de 90 dias.
Fonte: Folha.com