Estudo mostra que 233 mil trabalhadores temporários devem ser contratados até dezembro. Porém, muitas empresas admitem que não vão assinar carteira
Faltando três meses para a chegada das festas de fim de ano, o comércio e o setor de serviços já começam a abrir as portas para os trabalhadores temporários, tradicionalmente escalados pelos empresários para atender o aumento da demanda de clientes no Natal e no Ano Novo. Uma pesquisa encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para traçar o retrato destes profissionais mostra que 43% dos empresários pesquisados farão contratações informais, ou seja, sem assinar a carteira de trabalho dos colaboradores.
A formalidade, segundo especialistas do SPC Brasil e da CNDL, é um requisito fundamental e que assegura direitos básicos a estes trabalhadores como salários compatíveis com os do mercado, repouso semanal remunerado, adicional por jornada noturna, indenização por dispensa sem justa causa, pagamento de décimo terceiro salário proporcional e depósito de FGTS. “Até alguns benefícios adquiridos por negociações coletivas também devem ser estendidos aos funcionários temporários, como por exemplo, o auxílio alimentação”, explica o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges.
Por outro lado, para os comerciantes, os elevados encargos na folha de pagamento são um conhecido gargalo na economia brasileira, que impedem um desempenho mais expressivo na geração de empregos formais no Brasil. Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, muitas conquistas foram adquiridas ao longo dos últimos dez anos, a exemplo da criação da modalidade jurídica do Microempreendedor Individual, que já formalizou mais de três milhões de trabalhadores. “No entanto, ainda é preciso fazer mais, sobretudo pelo pequeno empreendedor. O consumo e a geração de novos postos de trabalho ainda são emperrados pelos entraves gerados pelo excesso de impostos e pela folha de pagamento onerosa”, defende Pellizzaro Junior.
Trabalhadores efetivados
Apesar do alerta aos lojistas e prestadores de serviço, a pesquisa sinaliza que um total de 233.149 temporários devem ser contratados. Destes, 14,2% (33.097) devem ficar na empresa e ser efetivados. De acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados avaliam que as vendas serão melhores neste final de ano do que em igual período de 2012. No comércio, as expectativas são ainda melhores e o percentual sobe para 62%, contra 46% do setor de serviços. Os motivos para o otimismo, segundo os próprios entrevistados, estão na existência de mais crédito disponível (36%), seguida por aspectos como queda no desemprego (25%), maior planejamento financeiro das famílias (19%) e mudanças no cenário econômico atual (16%).
Perfil do profissional
A pesquisa também procurou conhecer características pessoais e as habilidades profissionais dos empregados requisitadas pelos comerciantes de shoppings, lojas de rua e prestadores de serviço. De modo geral, o estudo apontou que o mercado busca mão de obra temporária jovem, com ensino médio completo, disposta a receber em média um salário mínimo (R$ 678) para trabalhar na função de vendedor e que seja dinâmico e pró-ativo.
Em relação à faixa etária, a pesquisa mostra que a maior parte do comércio busca profissionais com idade entre 18 e 24 anos, enquanto que os prestadores de serviço tendem a absorver funcionários de uma faixa etária superior, em especial entre 25 e 49 anos (83%). ”O comércio dá oportunidades à mão de obra jovem, com pouca ou nenhuma experiência, o que dá ao empresário a oportunidade de treinar um profissional de baixo custo. Já o setor de serviços tende a priorizar um trabalhador mais experiente, que dê um atendimento mais especializado ao consumidor”, avalia Pellizzaro Junior.
No geral, a pesquisa mostra que 50% dos funcionários temporários vão receber um salário mínimo por mês. O percentual sobe para 54% no comércio e cai para 39%, no caso do setor de serviços. Em 32% dos casos, os comerciantes vão complementar a remuneração com comissões sobre o valor das vendas. “O mercado dos setores pesquisados tende a contratar uma mão de obra jovem, com pouca experiência e por um período determinado, o que pode justificar a baixa atratividade em termos de remuneração”, avalia Borges.
Período e prazo de contratação
De acordo com a pesquisa, a maior parte dos empresários do comércio (86%) pretende contratar profissionais por no máximo três meses. No caso do setor de serviços, o período de maior incidência recai para até dois meses (63%), certamente em função da maior qualificação e maturidade da mão de obra, cuja remuneração, segundo a pesquisa, tende a ser mais elevada, com maiores despesas para o contratante.
Embora 19% dos empresários afirmem já ter feito contratações, a maior parte (48%) vai deixar para contratar mão de obra em novembro, enquanto que 27% pretendem iniciar as seleções em outubro e 5% no mês de dezembro.
Metodologia
O estudo ouviu 731 empresários do setor de comércio e serviços de todas as 27 capitais brasileiras. A margem de erro do estudo é de 3,6 p.p para um intervalo de confiança de 95%. Segmentos foco:
Comércio: (1) Papelaria/Livraria, (2) Tecidos/Vestuário/Armarinho/Calçados, (3) Perfurmaria / Cosméticos, (4) Eletrodomésticos /Eletrônicos, (5) Supermercados/Produtos Alimentícios, (6) Artigos diversos.
Serviços: (1) Estética/ Salão de beleza. (2) Filmagem/Comunicação/Promoção de eventos, (3) Hotelaria/Turismo, (4) Transporte, (5) Restaurantes/Bufês/Afins
Baixe o material completo em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa
Fonte: CNDL