Luciano Kalil, fundador da SitePX, fez um roteiro para o empreendedor que vai se lançar na internet
O Brasil tem cerca de 5,7 milhões de pequenas e médias empresas, segundo o Sebrae. Mas, desse total – que também inclui empreendedores individuais –, apenas 20% têm um website, de acordo com informações do Google. Ou seja, aproximadamente 4,5 milhões de negócios brasileiros ainda vão debutar na rede mundial de computadores. Mesmo com quase duas décadas de internet comercial no país, criar um website ainda é um mistério para muita gente. Para ajudar na missão de levar o pequeno negócio à rede, o fundador da SitePX, Luciano Kalil, elaborou um pequeno roteiro com os primeiros passos que o empreendedor deve seguir.
Fundada em 2011, a SitePX é uma startup que desenvolveu uma plataforma para os próprio empreendedores criarem seus sites, mesmo sem saberem nenhuma linguagem de programação. A empresa foi fundada por Luciano Kalil e Ricardo Monteiro, que têm 15 anos de experiência em webdesign e já criaram as homepages de muitas grandes empresas. Os dois queriam oferecer aos pequenos os mesmos recursos que os grandes tinham acesso. Depois de muita pesquisa e R$ 1 milhão investido do próprio bolso, eles chegaram a uma versão final em junho de 2012. Em um ano, eles obtiveram o retorno do investimento e calculam um faturamento de R$ 2 milhões para 2013.
Apesar de oferecer uma solução quase pronta, a tecnologia do SitePX exige que o empreendedor entenda do seu negócio e saiba falar sobre ele. Esse é um exercício que qualquer um deve fazer para lançar seu website, independente do fornecedor de tecnologia. “Pense no site como um bolo”, diz Kalil. “Nós entramos com a receita para montá-lo, mas o empresário precisa trazer os ingredientes”, afirma. No caso, seriam os textos, fotos e até o formato idealizado pelo empreendedor. Confira abaixo os artigos básicos exigidos para uma receita de site eficiente.
1. Pesquise os ingredientes
Antes de qualquer coisa, o empreendedor deve saber quais ingredientes precisa usar. Um bom caminho é pesquisar na internet. O que a concorrência está fazendo? O que há de bom ou ruim no site deles? Como eles expõem as informações, como textos e imagens? Ao fazer esse exercício, o empreendedor deve pensar em paralelo como planejar todos esses elementos em seu site. Ele precisa pensar em textos, imagens, páginas internas e outros aspectos importantes para a mistura do bolo, como ferramentas para atendimento do consumidor e meios de pagamento online.
2. Qual é o negócio da empresa?
Alguns empreendedores estão tão envolvidos com seu negócio que para eles é evidente o serviço ou o produto que oferecem. Mas, para o consumidor, pode não ser. É importante explicar o que a empresa faz logo na primeira página. “Já vi site dizendo ‘cuidamos do seu evento’”, afirma Kalil. “Mas o que ele faz: arruma o salão, providencia o bufê, tira as fotografias?” Pode soar elementar, mas o visitante precisa entender o negócio da empresa assim que acessar a página.
3. Linguagem simples e objetiva
Não é rebuscando na escrita que o empreendedor irá impressionar os visitantes do site. Se o técnico de informática se denomina consultor de hardware e software, o cliente que busca um reparo no seu computador pode não entender que é esse o serviço prestado. O título empolado também pode prejudicá-lo em resultados de buscas, uma vez que ele não estará nos resultados de uma procura por técnicos de informática. A linguagem usada no site deve ser simples e parecida com a usada pelos consumidores. “‘Moda gestante’ pode ser elegante, mas o empresário terá mais audiência se escrever ‘roupas para grávidas’ em seu site”, afirma Kalil.
4. Onde está o contato?
“Um erro muito comum é não colocar os meios de contato”, afirma Kalil. Se não for fácil a visualização, o empreendedor não irá conseguir converter aquele visitante em cliente. O mais indicado é colocar um telefone e o endereço no rodapé da página principal e criar uma aba de contatos com integração ao Google Maps ou outro serviço de mapas. Assim, o cliente ainda pode localizar a loja antes de ir até lá.
5. Design
Ao acessar o site, o usuário deve ter a sensação de ter entrado na loja física da empresa. A página precisa trazer a identidade visual do negócio em cores harmônicas e poucas fontes, aconselha Kalil. Até aí, os conselhos já são bem conhecidos. Kalil afirma que um grande erro é tentar finalizar o design do site de uma só vez. Mais recomendável é criar uma estrutura básica e depois refinar o design a partir de percepções próprias e feedbacks de clientes e usuários.
6. Sem plágio
“Eu me impressiono com a quantidade de pessoas que copiam textos da internet e colam em seus sites”, afirma Kalil. Mesmo que seja pequeno, faça conteúdo sempre exclusivo. Até porque o site não é lugar para textos longos. Há dois riscos em copiar um texto. O primeiro é o de plágio propriamente dito. O segundo é ficar mal posicionado nas buscas, uma vez que os buscadores comparam textos iguais e listam o primeiro a ser publicado. Ou seja, o concorrente que escreveu o texto original aparecerá antes.
7. Seja uma referência
“O Google é responsável por cerca de metade das visitas aos sites de nossos clientes”, diz Kalil. “Ele posiciona melhor nas buscas quem ele entende que é uma referência da área.” Mas como o Google sabe que determinada pessoa é um expert? Por outras referências, como um blog. “Aconselho todos meus clientes a criarem blogs com assuntos relativos à sua atividade e que postem ao menos uma vez por semana”, afirma Kalil. Quanto mais o empreendedor falar do negócio, mais o Google vai entender que ele conhece do assunto.
8. Redes sociais
Grandes empresas, especialmente as B2B, podem ter ressalvas para entrar em redes sociais voltadas para o consumo, como Twitter e Facebook. Mas, para os pequenos, estar nessas plataformas de grande audiência é quase obrigatório. “Se o Google é responsável por 50% das visitas em nossos clientes, 20% vêm das redes sociais”, afirma Kalil. “São plataformas eficientes e gratuitas para reforçar a marca, sobretudo para pequenos empresários.” Já as newsletters estão caindo em desuso e são consideradas spam por muitos provedores de e-mail.
9. Pense localmente
Os clientes dos micro e dos pequenos negócios, em geral, são pessoas das redondezas. Então não adianta tentar abraçar o mundo e querer aparecer como um dos melhores profissionais do país. O empreendedor terá mais sucesso se reforçar a localidade dentro do texto. As chances de aumentar a clientela são muito maiores para aqueles que reforçam sua atuação no bairro. “Recomendo ir do micro para o macro: primeiro o bairro, a região na cidade, o município, e assim por diante”, diz Kalil.
10. O internauta é visual
Um bom site deve conter todos os textos necessários para o cliente entender o serviço da empresa, seus diferenciais, a experiência do empreendedor e a localização do negócio. Mas isso será de pouca serventia se as imagens no site não convidarem o internauta a conhecer o negócio. “Economizar com fotos não é um bom conselho”, diz Kalil. Uma foto bonita, além de ser um bom chamariz, funciona como um atestado inconsciente do profissionalismo da empresa. Já uma foto ruim pode fazer pesar a impressão de amadorismo mesmo para o profissional mais talentoso.