Empresárias do ramo contam o que é preciso para faturar alto neste mercado
Com a Páscoa chegando, muita gente aproveita para fazer uma renda extra com a produção de ovos e bombons. A renda extra, no entanto, pode virar um negócio sério. O Brasil é hoje um dos maiores produtores de chocolate do mundo – atrás dos Estados Unidos e da Alemanha, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). Com tanto cacau por aí, muitos empreendedores estão se consolidando neste mercado.
Veja a seguir as dicas de cinco empresárias do ramo de doces e chocolates para se dar bem neste mercado.
1. Seja criativo
Rachel Cuocolo é designer por formação, mas sempre adorou cozinhar. Em 2009, resolveu juntar as duas aptidões para criar a Officina do Brigadeiro. “Minha ideia desde o começo foi a de oferecer lembranças deliciosas em embalagem especiais”, conta. Com vendas sob encomenda e na internet, a empresa oferece mais de vinte tipos de produtos. Para Rachel, este é um mercado cheio de oportunidades. “O mercado não para de crescer e as pessoas estão cada vez mais criativas e inovadoras”, diz. Criatividade é a chave para se dar bem nesta área. “Conheça muito bem o produto e tenha bastante foco e criatividade”, sugere.
As principais dificuldades, para Rachel, estão no manuseio do produto e também na mão de obra especializada. “O chocolate é um produto que deve ser armazenado e trabalhado de forma muito cuidadosa”, diz. Por outro lado, sua versatilidade permite a criação de novas receitas.
2. Tenha capital
A chocolatière Ana Castanho começou, como muitos, fazendo chocolates por hobby. “Comecei fazendo bolo, brigadeiro e pirulitos de chocolate para as festas de aniversário da família. Depois, vieram os pedidos de amigos e colegas”, diz. Depois de dois anos preparando bombons em casa, ela resolveu que era hora de se profissionalizar e criou a Anusha Chocolates. A dica dela para quem pensa em trilhar este caminho é ter um bom plano de negócios e dinheiro. “É preciso ter muito capital porque a concorrência com as grandes empresas industrializadas é muito forte”, explica.
A sazonalidade é outro fator a ser considerado. “É muito difícil vender chocolate no verão, desta forma, a criatividade do empreendedor é muito importante para levar o cliente para a loja”, conta Ana. Por outro lado, quem consegue se estabelecer vende para quase todo mundo. “Posso afirmar que trabalhamos com a magia porque o chocolate é simplesmente mágico. É muito difícil encontrar resistência por parte do consumidor neste mercado”, diz.
3. Avalie o mercado
Renata Feffer, proprietária da CAU Chocolates, criou a empresa em 2007 e hoje administra duas unidades da empresa. “Eu viajava bastante e achei que faltava em São Paulo uma chocolateria mais moderna”, diz. De lá para cá, ela acredita que muita gente também se aventurou neste ramo, mas nem todo mundo teve a mesma sorte. “Eu acho que tem que estar estruturado para trabalhar com seriedade e na formalidade. A concorrência é grande, por isso é preciso avaliar e entender bem o mercado que está entrando”, explica.
“Eu acho que as lojas têm que ser muito agradáveis, ter um atendimento impecável e o cliente tem que se sentir sempre muito bem”, ensina. Com um crescimento de 30% ao ano, a empresa agora investe no mercado corporativo, como brindes e presentes.
4. Comece pequeno
Todo mês passam pela vitrine da Brigadeiro Doceria mais de 10 mil brigadeiros e 1,5 tonelada de doces. Com um crescimento de 20% ao ano, a empresária Bia Forte acredita que ainda há muito espaço para explorar neste mercado, mas os consumidores não perdoam falhas. “Como tem muita coisa, o pessoal é seletivo. Precisa fazer direito”, diz. Para isso, a dica dela é começar pequeno, sem muitas ambições, sentindo como o mercado reage. “Acho que não tem segredo nem sorte, tem dedicação e comprometimento”, diz.
A maior dificuldade do mercado, para ela, é ter funcionários bem preparados. “Como eu comecei pequena e caseira, contratava mão de obra simples, sem qualificação nem experiência. Com o crescimento, não tem condição de lidar com esse pessoal, estou trocando praticamente metade dos 25 funcionários por gente mais qualificada”, explica.
5. Busque exemplos
Para Gisele Camargo, gerente comercial da Genevy, ainda existe muito espaço para ser explorado no mercado de chocolates. Sua marca foi criada para focar em produtos com alto teor de cacau e sabores inusitados, como chia, amaranto e quinoa. “Além de boas ideias, é preciso ter muita força de vontade”, diz.
Para quem pensa em abrir um negócio nesta área, Gisele alerta para a falta de incentivos e os altos impostos. “É importante se espelhar nos grandes exemplos que temos em nosso país de pessoas que superaram todos os obstáculos e venceram. Além disso, buscar um equilíbrio entre comercial, marketing e desenvolvimento de produtos”, explica.