As tendências para os balanços do setor de varejo são distintas no quarto trimestre, marcado por um Natal com apetite mais morno por parte dos consumidores. Enquanto o mercado segue cético quanto à recuperação das varejistas de moda, a expectativa é bastante positiva para aquelas que vendem eletroeletrônicos e para as empresas de supermercados, que ajustaram a estratégia e passaram a abrir mão de preços em troca de maiores volumes de vendas.
“As varejistas têxteis têm sentido de forma mais acentuada o enfraquecimento do consumo e boa parte delas ainda não conseguiu se adequar ao novo cenário”, afirma Daniela Martins, da corretora Concórdia. Segundo a equipe do Itaú BBA , a expectativa é que as vendas “mesmas lojas” – que incluem lojas abertas há pelo menos um ano – tenham crescimento tímido, na casa de um dígito baixo, para nomes como Hering, Marisa, Le Lis Blanc e Arezzo.
Corroborando o cenário mais complicado, a Renner decidiu cortar o percentual do lucro pago na forma de dividendos da média de 75% dos últimos anos para 40% em 2013. “É uma forma de manter o plano de abertura de lojas em meio ao cenário mais adverso”, disse o diretor administrativo e financeiro da companhia, Laurence Beltrão Gomes.
Por outro lado, o varejo de eletroeletrônicos, que vinha sofrendo ao longo do último ano, deve mostrar forte recuperação. O crescimento nas vendas televisores, smartphones e tablets, associado a volumes maiores com os descontos da “Black Friday”, e cortes de custos para recuperar rentabilidade preparam o caminho para um dos melhores trimestres em muito tempo para o setor, afirmam analistas.
Os números prévios da Via Varejo referentes ao período de outubro a dezembro dão o tom. A receita com lojas abertas há mais de um ano subiu 10,8% no quarto trimestre frente ao quarto trimestre de 2012 e o faturamento total no período cresceu 11,8%, para R$ 6,23 bilhões. Nessa linha, a expectativa do Itaú BBA é que as vendas “mesmas lojas” do Magazine Luiza tenham subido 11% nos últimos três meses do ano. Para a B2W, dona do Submarino.com, a projeção é que a receita avance acima de 20% na mesma base de comparação.
Após resultados decepcionantes no começo do ano, as empresas que trabalham com itens essenciais e de menor tíquete médio, como alimentos e bebidas, fizeram uma correção de rota. “Os supermercados decidiram não aumentar tanto o preço para trazer o consumidor de volta às lojas”, afirma Daniela, da corretora Concórdia.
E a estratégia parece ter dado resultado. Dados preliminares mostram que a receita do segmento alimentar do Pão de Açúcar teve aumento de 17,2% sobre os últimos três meses de 2012. Para compensar a perda de margens com a política de menor repasse de custos, essas companhias têm recorrido a cortes nas despesas operacionais, explica Richard Cathcart, do BES Investimentos. “É de se esperar uma queda no lucro bruto, mas a diminuição das despesas deve resultar em resultado operacional maior na comparação anual”, afirma o analista.
Fonte: Valor Econômico