A inflação dos alimentos fora do domicílio também tem causado preocupação neste início de ano. Enquanto, no primeiro bimestre, os preços de alimentação domiciliar ficaram relativamente tranquilos – considerando-se o padrão sazonal do período – com alta de 0,9% em janeiro e de 0,22% em fevereiro, a variação dos alimentos fora de casa foi de 0,73% e 1,21% na mesma comparação.
Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que, nos dois primeiros meses do ano passado, quando estes preços subiram 1,02% e 1,1%, ainda estavam respondendo com defasagem a choques que atingiram os alimentos em meados do ano passado. No começo deste ano, no entanto, o efeito da estiagem prolongada sobre as cotações ainda não foi sentido no varejo até fevereiro, nota a economista. Assim, afirmou, a alta recente de alimentação fora de casa está mais relacionada à resistência da inflação de serviços.
Recentemente, o Ibre elevou de 5,9% para 6,4% sua estimativa para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,9% para 6,4%, projeção que conta com aumento de 8,4% dos preços de serviços, ante 7,5% anteriormente. Para Silvia, os efeitos da moderação dos ganhos de renda dos trabalhadores e dos reajustes menores do salário mínimo estão demorando para surtir efeito sobre a inflação de serviços, o que pode estar relacionado à manutenção do desemprego em nível baixo.
Para Fabio Romão, da LCA Consultores, a dinâmica de preços de alimentação fora de casa responde mais a outros custos associados ao setor de serviços, como energia elétrica, mão de obra e aluguel. A questão das matérias-primas, no entanto, também é relevante na formação destes preços, diz Romão, que, em suas estimativas, vão avançar para 1,25% no IPCA de março. O economista observa que a sazonalidade das refeições fora de casa é de perda de fôlego em março, mas isso não deve ocorrer em 2014, em função da seca. “No curto prazo, os preços mais pressionados de alimentação são mais um vetor de aceleração para a parte de alimentos fora do domicílio”, diz Romão.
Elson Teles, do Itaú Unibanco, avalia que, a princípio, o choque atual não vai alterar a trajetória dos preços de alimentação fora de casa, que devem continuar rodando na casa de 8% a 9% em 12 meses. “A relação deste grupo com os preços de alimentos não é tão estreita assim, porque ele é mais um serviço”, disse.
Fonte: Valor Econômico