Quando eu era garoto, costumava ouvir meus pais perguntar: “o que você vai ser quando crescer?”, ora a resposta era imediata: “jogador de futebol”. Devo confessar que, apesar de amar o velho esporte bretão, nunca tive habilidade para trilhar tal caminho. Ou seja, não teve jeito, tive que estudar…
Brincadeiras à parte, eu sempre soube que iria empreender, tive diversos negócios desde a época da faculdade. Estou falando de mais de 20 anos atrás, faz tempo, uma época de muitas dificuldades para ser empreendedor. Mantenho contato constante com empresários da área de tecnologia, sejam eles nascentes ou mais maduras, através das instituições em que contribuo com minha experiência: o Altex (www.altex.org.br), a Riosoft (www.riosoft.softex.br) e o Seprorj (www.seprorj.org.br). Essa participação institucional me permite estar antenado e ligado neste mundo e posso afirmar que muitos problemas de outrora continuam perseguindo os jovens empreendedores ainda hoje.
É fato que, de forma geral, os empreendedores atuais estão mais bem preparados do que na minha época (pelo menos melhores do que eu eles são). Vejo hoje uma turma nova com objetivos, planejamento, estratégias, tudo muito claro e definido. A questão da tecnologia passou a ser simplesmente mais um dos itens da cesta de assuntos a serem tratados no novo empreendimento. Não é que estejamos vivendo um cenário super favorável, não, ao contrário, ainda é difícil o acesso a crédito, a burocracia estatal consome recursos e paciência de qualquer um, a carga de impostos é cada vez mais agressiva, a falta de política pública que preserve as PMEs continua flagrante. Mas, como já disse, os empreendedores sabem o que querem e criam planos muito criativos para vencer as adversidades.
E é justamente aí que, eu acredito, está a diferença que determina o sucesso ou fracasso de um empreendimento – a criatividade, a inovação ligada à gestão das empresas. Toda empresa de tecnologia tem uma sacada tecnológica genial, tem sempre um responsável por uma inovação tecnológica e é isso, em conjunto com uma capacidade de gerar uma inovação de negócios atrelada à tecnologia, que impulsiona o empreendedor.
Jovens empreendedores e as PMEs
Que as PMEs jovens têm escassez de recurso já sabemos, porém tem muito gestor que é capaz de inovar na gestão empresarial, afinal como ter um plano de marketing e executá-lo sem ter recursos para isso, como ter uma política comercial agressiva e uma visibilidade com pouco investimento, esse é o segredo. Quem consegue desvendar isso cresce e prospera. O que eu acho mais bacana disso tudo é que esta geração que está empreendendo hoje não tem vergonha de perguntar e absorver experiência das empresas mais maduras (sejam estas de sucesso e fracasso), e não tem vergonha de mostrar e citar o que deu certo e o que deu errado. Essa troca, esse conhecimento compartilhado muito agrega às empresas. A internacionalização que era um tabu anos atrás hoje é tratada com enorme naturalidade, basta esta questão para observar como estamos evoluindo.
Alguns empresários pensam que minha experiência ajuda muito as empresas, mas é justo o contrário, o contato com esse pessoal só me enriquece o conhecimento. Parabéns jovens empreendedores do Brasil, parabéns empreendedores de tecnologia!
Fonte: Empreendedor Online – Por lberto Blois no portal iMasters