No período, 1,2 milhão de pessoas estavam sem trabalho. A média salarial também teve alta
O desemprego aumentou neste ano, mas ainda está menor que no início de 2013 nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, a taxa de desocupação ficou em 5,1%, ante 4,8% em janeiro. É o menor índice para o segundo mês do ano desde 2002. Em Salvador, o número de pessoas sem trabalho disparou em um ano: passou de 118 mil em fevereiro do ano passado para 180 mil no mesmo período de 2014, uma alta de 52%. A capital é que a tem o maior percentual de desemprego no levantamento: 9%.
Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE, ressaltou a redução de meio ponto percentual da desocupação na comparação com fevereiro do ano passado, quando a taxa estava em 5,6%. “A população desempregada, de 1,2 milhão de pessoas, apresentou elevação de 6,9% frente a janeiro, mas, em relação a 2013, esse contingente ficou 8,3% menor”, explicou. Além disso, Adriana destacou que a massa salarial continua subindo. O rendimento médio real habitual dos ocupados, de R$ 2.015,60, foi 0,8% maior que o verificado no mês anterior (R$ 2.000,53) e 3,1% acima do registrado em fevereiro do ano passado (R$ 1.954,99).
Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos, o mercado de trabalho ainda está pressionado, e isso aumenta o salário real porque, em algumas cidades, há falta de mão de obra. Em Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, as taxas de desemprego — 3,3%, 3,9% e 3,9%, respectivamente — apontam pleno emprego. “Se, por um lado, isso é bom para o trabalhador, tem um efeito perverso sobre os preços. Provoca inflação e fica mais difícil o Banco Central controlar a carestia”, avaliou Ramos, para quem a situação do trabalho ainda é bastante cômoda, com pequena desaceleração.
O setor que mais demitiu em fevereiro também é o que teve maior elevação de salários em um ano: o comércio. Conforme a pesquisadora do IBGE, de janeiro para fevereiro de 2014, houve queda nas contratações de 2,5% no varejo. No entanto, os salários subiram 6,1% ante a média de 3,1%. Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, o desemprego no setor é sazonal. “No início do ano, o comércio sempre dispensa trabalhadores.” Ele creditou a elevação dos rendimentos reais ao desempenho mais aquecido do comércio em relação às outras atividades. “A indústria andou para trás, e os serviços estão estáveis. Ainda que ovarejo tenha crescido menos, pelo menos os números continuam positivos”, disse.
A proximidade da Copa do Mundo contribui para o aumento da procura por trabalho, em especial na área de serviços e vendas, na avaliação da consultora em Recursos Humanas Cleonice Macori, do grupo Spot. “O número de vagas aumentou significativamente nesses primeiros meses, em comparação ao mesmo período no ano passado, assim como a procura. As pessoas sabem que, com grandes eventos ocorrendo no país, a oferta de emprego é maior”, analisou.
Fonte: Correio Braziliense