Pesquisa da União para o BioComércio Ético (UEBT), divulgada dia 8, em Paris, apurou que 87% dos consultados esperam que as empresas respeitem a biodiversidade quando buscam ingredientes naturais para seus produtos. A UEBT é uma associação sem fins lucrativos que promove o Abastecimento com Respeito de ingredientes provenientes da biodiversidade. A pesquisa foi feita em fevereiro deste ano com 7 mil pessoas em sete países – França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Colômbia, Vietnã e Brasil.
A preocupação é particularmente significativa entre consumidores de países emergentes, enquanto nos países desenvolvidos a concepção exata de biodiversidade não foi apreendida. Segundo a pesquisa, mais de 90% dos entrevistados no Brasil, Colômbia e Vietnã declararam ter ouvido falar sobre biodiversidade e quase a metade deles (49%) foi capaz de definir corretamente o termo. Isso representa o dobro do que ocorre nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa Barômetro da Biodiversidade, os consumidores brasileiros são os que se mostram mais atentos em relação à conservação da biodiversidade e ao significado da palavra: 89% dos entrevistados esperam que as empresas reconheçam a importância da biodiversidade em suas políticas e 88% acreditam que devem dar sua contribuição pessoal no processo de preservação do meio ambiente.
A sondagem é feita desde 2009 e engloba empresas de alimentos, cosméticos e fármacos. Os consumidores se mostraram interessados também em saber como está a relação das empresas com seus fornecedores de matérias-primas.
A representante da UEBT para América Latina, Cristiane de Moraes, disse à Agência Brasil que, em geral, os países emergentes têm a biodiversidade como fonte de insumos para indústrias, o que faz despertar o interesse dos consumidores em torno dos ingredientes naturais. Além disso, a biodiversidade é visível em países como Brasil e Colômbia, onde as florestas são consideradas um bem comum da população.
Em torno de 88% dos consumidores entrevistados nas sete nações desejam que as empresas informem a preocupação com a biodiversidade por meio da internet e em anúncios publicitários. Já 87% disseram preferir encontrar as informações nas embalagens dos produtos. No Brasil, o percentual sobe para 95%. A pesquisa revela também que as pessoas valorizam selos de sustentabilidade na embalagem.
O levantamento indica que o número de pessoas que dão a definição correta de biodiversidade vem caindo na França, Alemanha, Reino Unidos e Estados Unidos desde 2012, quando atingiu 40%, passando para 39%, em 2013 e 37% este ano. Em outro sentido, os números apontam crescimento no Brasil. No mesmo período, o índice passou de 50%, em 2012, para 53% no ano seguinte e, agora, para 55%.
Cresceu o conhecimento sobre a biodiversidade desde 2009, diz a pesquisa. Ao mesmo tempo, retrocedeu o entendimento sobre o tema. Cristiane de Moraes salientou que, considerando que uma das metas da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) para 2020 é que a grande maioria da população mundial deveria conhecer o tema, há muito a ser feito.
“É preciso esforço extra para que o tema não somente seja de consciência do público, mas também que as pessoas estejam motivadas a valorizar ações de empresas que tratam de forma ética suas cadeias de abastecimento, onde é possível promover a conservação da biodiversidade através do uso sustentável dos seus recursos e, também, gerar valor para os produtores locais. Isso pode fazer diferença para um cenário socioeconômico saudável”.
No item em que foi perguntado se os consumidores levam em conta o respeito pelas populações locais quando compram uma determinada marca de cosmético, em termos de condição de trabalho, preço e salários justos, o Brasil lidera a pesquisa com 52%, superando a média entre os sete países abordados.
Em relação às 100 maiores empresas do segmento de beleza, a pesquisa da UEBT concluiu que somente 31 delas se esforçam para ter uma conduta de abastecimento favorável biodiversidade.
A UEBT destaca outras mensagens para o setor empresarial. De acordo com o Barômetro da Biodiversidade, 85% dos consumidores querem obter mais informações sobre os ingredientes naturais usados na fabricação dos produtos.
Fonte: Agência Brasil