A pesquisa [do SPC Brasil] detectou comportamentos que demonstram falta de planejamento por parte dos consumidores. Mais de um terço (35%) admite não ter o hábito de olhar o extrato bancário antes de fazer uma compra parcelada. Além disso, 12% chegam a incorporar o limite do cheque especial e do cartão de crédito como parte do orçamento disponível para ser gasto no mês.
Paula Meluzzi, 22 anos, estudante de Direito, afirma não ter muito controle sobre o cartão de crédito: “Com o cartão não tenho noção do que eu estou passando. Geralmente quando é dinheiro você vê que está acabando. Com o cartão não”, explica. No fim, Paula nem mesmo acompanha o saldo bancário. “Nem entro na minha conta pra ver quanto tenho, porque eu sei que está acabando, mas fico naquela ilusão de que está tudo bem, só porque não estou vendo ir embora”, confessa.
O estudo do SPC Brasil revela ainda que 21% dos consumidores admitem não saber quantas prestações estão pagando atualmente. Neste quesito, os homens (24%) se mostram menos cuidadosos do que as mulheres (19%). Sete em cada dez entrevistados (67%) confessam que já passaram pela experiência de ter ficado com nome sujo na praça, sendo que 20% ficaram mais de três anos nesta situação e 13%, entre um e três anos.
Quando questionadas sobre os motivos que as levaram a ficar devendo, 47% dos consultados citaram o desemprego. O empréstimo de nome a terceiros, como amigos e parentes, é citado por 25% das pessoas ouvidas. Curiosamente, 22% citam genericamente o excesso de endividamento e 20% a incapacidade de pagar as contas. Entretanto, apenas 20% confessam que a má administração das finanças foi uma das causas.
Paula assume ter um péssimo planejamento e acredita que não é um problema só dela: “Acho que a maioria das pessoas, principalmente na minha idade, tem muita dificuldade em organizar as finanças”, destaca. Mas a estudante acrescenta que está tentando mudar.
Professor Gesmar concorda que, no geral, o brasileiro tem mau planejamento financeiro e indica que a situação realmente precisa mudar. De acordo com ele, deve-se planejar mais, prestar mais atenção ao mercado, reduzir, ao máximo, o consumo de produtos supérfluos e, principalmente, procurar comprar à vista
Fonte: Diário da Manhã – GO