De 2010 para 2014, país perdeu 16 posições, diz Fundação Dom Cabral. Em 2014, país ficou no 54º lugar entre 60 locais pesquisados
Nos últimos quatro anos, o Brasil foi o que mais perdeu posições no ranking mundial de competitividade. De 2010 para 2014, o país caiu do 38º lugar para o 54º entre as 60 economias analisadas pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral.
O estudo, que foi divulgado nesta quinta-feira (22), avalia as condições oferecidas pelos países para que as empresas que atuam neles tenham sucesso nacional e internacionalmente, promovendo crescimento e melhorias nas condições de vida da sua população. Um país competitivo tem bom desempenho econômico, boa infraestrutura e governos e empresas eficientes.
Depois do Brasil, entre os que caíram mais posições no ranking, nos últimos quatro anos, estão Índia, Austrália e Grécia.
“De 2010 a 2013, o Brasil vinha perdendo posições relativas, porque a competitividade de outros países estava aumentando. Agora em 2014 aconteceu algo diferente, a perda foi absoluta. O Brasil perdeu para ele mesmo. A competitividade, de fato, diminuiu”, disse Carlos Arruda, professor da Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do estudo.
Na passagem de 2013 para 2014, o Brasil perdeu três posições no ranking, passando da 51ª para a 54ª, ficando à frente da Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. Os primeiros lugares foram ocupados por Estados Unidos, Suíça e Cingapura.
“O que levou o Brasil a cair tantas posições nesses últimos anos foi, principalmente, a não implementação dos investimentos em infraestrutura e a questão energética. Em 2013, o Brasil não teve um bom comportamento nesse setor e está entre os países com as tarifas mais caras do mundo. Aliado a isso está a disponibilidade energética, que antes não entrava na agenda de preocupação dos empresários”, afirmou Arruda.
Pessimismo
Além de dados estatísticos, a pesquisa do International Institute for Management Development e da Fundação Dom Cabral considera as opiniões de executivos sobre a economia brasileira. E esse foi um dos itens que mais contribuíram para o resultado negativo deste ano, de acordo com o professor.
“A percepção da comunidade empresarial está negativa e isso foi importante para a queda [de posições]. Este ano está crítico nesse sentido.” Carlos Arruda também atribui parte do desempenho negativo no ranking à baixa participação do Brasil no comércio internacional, já que tanto o setor privado quando o governo estão focados no consumo interno.
“[O resultado] é fruto do declínio das exportações para mercados tradicionais como Argentina, União Europeia e Estados Unidos, e do aumento das importações de produtos industriais provenientes principalmente da China e de outros países asiáticos”, disse o professor da Dom Cabral.
O que o Brasil tem de bom
Na avaliação dos executivos ouvidos na pesquisa, de uma lista de 15 indicadores, os executivos escolheram os itens que consideram os mais atrativos da economia brasileira: “dinamismo da economia” e “atitudes abertas e positivas”. Por outro lado, a “competência do governo” e a “regulação tributária” são os apontados como os menos atrativos.
No ranking geral deste ano, o Brasil ocupa posições de destaque quanto ao tamanho da economia doméstica (7ª posição no indicador Consumo das Famílias), à atração de investimentos diretos (7ª posição) e ao emprego (6ª posição). No entanto, conforme pondera a pesquisa, esses dados “já não sustentam o crescimento do sétimo maior PIB do mundo”.
“É importante ressaltar que o país ainda mantém um percentual significativo do PIB investido em educação e saúde, o que é um resultado positivo, pois mostra que há interesse e atitudes voltadas para a melhoria destes dois fatores. Porém, diante dos resultados negativos do país nestes pilares, é preciso refletir se esses gastos estão realmente sendo feitos da forma eficiente e em que medida as ações estão corretamente direcionadas”, afirmou Arruda. O Produto Interno Bruto (PIB) corresponde à soma dos bens e serviços que um país produz e serve para medir a sua atividade econômica e o nível de riqueza.
Como é a pesquisa
A pesquisa é feita a partir da análise de dados estatísticos nacionais e internacionais de 2013 a 2014 e de uma pesquisa de opinião com 4 mil executivos realizada entre janeiro e abril deste ano. No Brasil, a pesquisa e a coleta de dados são coordenadas e conduzidas pela Fundação Dom Cabral.
O índice que permite aos pesquisadores definir posições no ranking é criado a partir da análise comparativa de cada uma das mais de 300 variáveis pesquisadas e à distância em relação ao país mais competitivo do relatório.
Fonte: G1