Durante a audiência pública foram apresentadas alternativas para viabilizar a implementação do projeto de revitalização proposto por entidades ligadas ao comércio local
Na noite desta segunda-feira (26), a Câmara de Vereadores debateu em audiência pública a necessidade de revitalização do centro comercial de Vitória da Conquista. Os comerciantes do centro da cidade têm buscado alternativas para atrair os consumidores e tem procurado debater alternativas viáveis para a revitalização do comércio.
A iniciativa do debate foi do Bloco Parlamentar composto pelos vereadores Nelson de Vivi (PCdoB), Andreson Ribeiro (PCdoB), Joaquim Libarino (PCdoB), Hermínio Oliveira (SDD), Sidney Oliveira (PRB), Álvaro Pithon (DEM), além da vereadora Irma Lemos (PTB).
O presidente da Casa, vereador Fernando Vasconcelos (PT), lembrou que a luta para que o centro da cidade se torne um lugar mais atrativo e continue gerando renda e aquecendo a economia local é uma bandeira de toda Câmara. “Todos os vereadores estão comprometidos em buscar soluções para que o comércio continue forte”, afirmou.
O vereador Andreson Ribeiro falou sobre as dificuldades encontradas e a descentralização do comércio com os lojistas dos bairros periféricos e afirmou que “uma das principais atividades da cidade é o comércio, sendo gerador de emprego e renda”. Disse que alguns lojistas estão descrentes, mas ressaltou que é preciso que os comerciantes estejam envolvidos e engajados na luta por uma melhoria da infraestrutura e de ações de incentivo para o fomento do comércio. “Temos que nos mobilizar para que o centro não fique esvaziado”, disse, salientando que a audiência tem o objetivo de dar encaminhamentos para fazer da audiência algo produtivo.
A vereadora Irma Lemos (DEM) disse que a batalha pela revitalização do centro comercial é antiga. Falou ainda que os vereadores se mobilizaram para que todos os empresário e comerciantes participassem do momento de debate para melhorar a estrutura oferecida no centro da cidade. Demonstrou preocupação com o pequeno empresário que não pode migrar para os novos centros comerciais e relembrou que, desde 2002, tem se preocupado e encaminhado ao poder público indicações para que o centro seja reformulado, destacando problemas como o desnível das calçadas. “O respaldo dos impostos para investir tem. Queremos o retorno deste dinheiro”, afirmou, ressaltando que é preciso ter mais vagas de estacionamento e aproveitou a oportunidade para parabenizar a iniciativa da prefeitura em retirar os comerciantes da Praça da Bandeira.
Presidente da Associação Comercial e Industrial de Vitória da Conquista, Cláudia Melo Dutra disse que tem sido cobrada pelos empresários e comerciantes a respeito dos interesses locais onde a realidade não condiz com o porte e o crescimento da cidade, nem ao menos com carga tributária imposta aos comerciantes. “Quem paga imposto e gera emprego é sempre muito desvalorizado. Não vemos incentivos que tire dos ombros a pressão que nos é imposta”, afirmou. Cláudia relembrou que chegou a apresentar um projeto arquitetônico de revitalização do centro da cidade, elaborado por entidades ligadas ao comércio, mas que nada foi feito e o “projeto foi para a gaveta”. “Não me importa qual partido representa a cidade, mas que exista respeito com os comerciantes”, disse, demonstrando insatisfação sobre a falta de continuidade do projeto que envolveu várias entidades e pesquisas realizadas para elaboração do projeto.
João Luiz, representante da Federação do Comércio, disse que a luta pela valorização do centro comercial é antiga, ressaltou a necessidade de humanizar o centro, pois a atual situação não é atrativa aos consumidores. “Conquista está em um crescimento irreversível”, disse, e afirmou que nada foi feito ainda por falta de vontade política. “Esta iniciativa vem em um bom momento”. Informou que a prefeitura não cedeu a Praça 10 de Novembro para que fosse adotada por algum empresário, fato que não foi compreendido pela Federação do Comércio. Falou que os comerciantes investem na estrutura de suas lojas, mas a prefeitura não faz o mesmo com o espaço público.
Marcos Alberto Oliveira, presidente do CDL de Vitória da Conquista, falou sobre os investimentos feitos pela prefeitura nos centros comerciais dos bairros periféricos, e a falta de investimentos no centro da cidade. Citou ainda a burocracia e a morosidade do poder público em tomar iniciativas para sanar as dificuldades de estrutura no centro do município. “Nós somos uma causa social, pois geramos emprego e renda para o município. Temos que reivindicar. Não entendemos o porquê de tanto investimento nos bairros periféricos da cidade e nada é feito pelo centro da cidade”, afirmou.
O deputado estadual Jean Fabrício Falcão (PCdoB) disse que não pode desassociar a atividade comercial da evolução e crescimento da sociedade. “A economia é sempre a atividade principal. O comércio detém uma fatia de 13% da economia brasileira, Conquista que já foi a terra do café, pela qualidade e o volume da produção, hoje o comércio é a grande representação da cidade. Vitória da Conquista é a capital da região, pois todos vem consumir no município. Um dos segmentos que mais gera emprego, que produz e cria uma cidade deste porte. Quando o comércio melhora você oferece uma melhor receptividade e a pessoas quer sempre voltar”, afirmou. O deputado ainda se comprometeu em buscar contatos com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia/SEDUR e Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional/SEDIR para trazer mais recursos e investimentos para toda cidade. Falou também sobre a audiência pública, dia 2 de junho, para debater a implantação da Universidade Católica da Bahia.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) apresentou alternativas para alocar recursos no projeto de revitalização do centro comercial do município. “Adotar este debate demonstra que a Câmara está atenta às demandas de sua cidade. Este é um debate que está na “ordem do dia””, afirmou. Falou sobre a ótica pouco debatida por trás das manifestações e dos “rolezinhos” – uma busca por melhores condições de vida, com mobilidade urbana, menos violência e mais acesso das classes menos favorecidas. Disse ainda que Vitória da Conquista tem um posicionamento estratégico para toda região pela sua identidade comercial. “Concordo que o centro antigo precisa de um laço suprapartidário para resolução desta questão. Revitalizar o centro passa a ser parte dos problemas sérios da cidade”, afirmou. Para tal, apresentou linhas de trabalho para transformar o centro da cidade em um lugar mais atrativo, sem onerar somente a prefeitura, ou os comerciantes. Comprometeu-se em levar ao Ministério das Cidades o projeto de revitalização do centro, para que em outubro, após as eleições, os deputados federais da Bancada Baiana possam viabilizar recursos para transformar o projeto de revitalização do centro comercial em realidade.
A Secretária de Infraestrutura Urbana, arquiteta Débora Cristiane, disse que falta recursos para implementar o projeto de revitalização planejado pelas entidades ligadas ao comércio local. Para tal, ressaltou a importância das alternativas apresentadas pela deputada Alice Portugal. Falou também sobre o grande alavanque de crescimento da cidade e a necessidade da gestão pública acompanhar este desenvolvimento. Ressaltou que a administração pública tem trabalhado para oferecer uma estrutura que atenda a demanda e o ritmo de crescimento do município. “Se compararmos a quilometragem de ciclovias com grandes cidades, vamos constatar que Vitória da Conquista tem dado um grande salto”, disse, apresentando outros fatores que tornam a cidade em um local atrativo para os que visitam. “Os olhos da administração estão alerta para a questão do centro, acompanhando da forma mais qualitativa possível”, afirmou. Disse que o município tem as prioridades e que as outras questões tem que vir acompanhada de recursos participativos.
Ao final da audiência pública, o vereador Andreson Ribeiro sugeriu a criação de uma comissão para acompanhar e continuar cobrando de forma permanente melhorias no centro comercial.
Por Camilla Aguiar / ASCOMCV