Instituições afirmam monitorar cliente que usa muito o cheque especial e oferecer alternativa
Especialistas também indicam a renegociação de dívida, cujas condições variam de acordo com o cliente
Trocar uma dívida cara por outra mais barata é muitas vezes simples e até incentivado pelas próprias instituições financeiras.
Bradesco e Banco do Brasil informam que entram em contato com clientes que usam a maior parte do limite de que dispõem no cheque especial por um determinado período –60 e 20 dias, respectivamente– oferecendo outro crédito, mais barato.
Um exemplo é a linha de antecipação da restituição do Imposto de Renda: os próprios bancos a recomendam como alternativa para quitar débitos com juros mais altos.
“Cerca de 60% dos nossos clientes que pediram a linha de antecipação de restituição de Imposto de Renda usaram o valor para saldar dívida do cheque especial”, diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil.
A instituição viu crescimento de 5% no volume de crédito fechado nessa linha em março e abril sobre o mesmo período do ano passado.
No Itaú, em um período maior, a expansão foi mais significativa: 106% no volume de contratações do serviço entre 20 de fevereiro e 20 de maio, na comparação com igual intervalo de dias no ano passado.
A Folha pediu informações à Caixa Econômica Federal, mas, até a conclusão desta edição, não obteve resposta.
Outra opção que figura entre as mais baratas do mercado é o crédito consignado (veja quadro explicativo). Sua desvantagem: nem todos têm acesso. Além de servidores públicos e beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), só pode contratar essa linha quem trabalha em empresa que tenha feito convênio específico com instituição financeira.
“Os funcionários de micro e pequenas empresas não conseguem fazer consignado, porque elas não estabelecem tais convênios”, diz Casalatina, do BB.
Mas essa é uma modalidade que vem sendo incentivada pelas instituições também, devido à garantia que oferece, pois a parcela é descontada na folha de pagamento. Nos balanços dos bancos, a linha aparece com expansão de volume.
RENEGOCIAÇÃO
A renegociação de dívida é outra opção disponível. Ela pode ser feita tanto quando a pessoa atrasou o pagamento como quando quer adequar as prestações ao orçamento.
A opção está disponível nas agências e nas centrais dos bancos –casos do Santander, do Banco do Brasil, do HSBC e do Itaú– e por meio de “feirões” dos Procons, dos birôs de cobrança e dos mutirões do Judiciário –nos quais clientes do Bradesco também podem renegociar seus débitos.
Todos os bancos dizem que as condições do novo crédito vão variar de acordo com o cliente, mas os dados do Banco Central dão uma pista: há uma rubrica chamada “crédito renegociado”, cuja taxa média está em 38,4% ao ano.
Para especialistas, essa alternativa deve ser estuda- da antes de o consumidor partir para uma outra via: a portabilidade.
“As pessoas não podem ter vergonha de perguntar e procurar o melhor caminho, que pode, eventualmente, estar no mesmo banco”, afirma José Vignoli, especialista em finanças pessoais do portal Meu Bolso Feliz, iniciativa da empresa de informações financeiras SPC Brasil.
Fonte: Folha de S. Paulo