Uma pesquisa encomendada pela CNDL e pelo SPC Brasil para estudar o uso das modalidades de crédito pelo consumidor mostra que entre aqueles que atualmente têm um financiamento no Brasil, 35% assinaram o contrato com o intuito de comprar um carro. A compra do automóvel aparece em primeiro lugar na lista – com 35% das intenções – ao passo que outros objetivos como reformar a casa ou pagar a faculdade aparecem no final da lista, com 4% e 3% das intenções, respectivamente.
A maneira ideal de se comprar um bem é fazer um planejamento a longo prazo, aplicar o dinheiro aos pouquinhos em um investimento e, ao final, comprar o bem a vista, podendo o consumidor até barganhar um bom desconto no pagamento. Na teoria, esse seria o cenário perfeito: o consumidor não paga juros, compra o bem por um valor menor do que se tivesse que parcelar e ainda quita o produto em um período de tempo mais curto do que se tivesse que financiá-lo.
No entanto, na prática, este projeto requer disciplina. Além disso, muitas vezes o consumidor precisa muito daquele bem ou não quer esperar tanto tempo para juntar todo o dinheiro para comprá-lo a vista. As ferramenta de crédito não devem ser vistas como vilãs. Elas surgem justamente para dar vazão aos sonhos do consumidor, principalmente os de longo prazo. No entanto, essas ferramentas precisam ser utilizadas com planejamento e inteligência para o sonho não acabar virando um problema.
E raciocínio não é diferente no financiamento do carro. O consumidor pode economizar até 20% do valor total do financiamento de um carro novo, simplesmente pesquisando as diferenças de custo entre outros bancos – sem precisar aumentar o valor da entrada, nem encurtar o prazo de pagamento. Darei o exemplo de um consumidor que deseja financiar um carro de R$ 25 mil no prazo de 36 meses, sem entrada. Se a pessoa vai em um Banco A, que oferece uma taxa de juros de 1,7% ao mês, ao final do financiamento ela terá pago R$ 33,6 mil, sem incluir o IOF no cálculo. Agora se ela procurar o Banco B, que oferece as mesmas condições, mas uma taxa menor, de 1% ao mês, ela ao final terá pago R$ 29,8 mil pelo financiamento. Ou seja, terá economizado R$ 3,7 mil.
Pouca gente sabe, mas os preços dos juros não são fixos e podem ser negociados, dependendo do perfil do cliente, das condições de pagamento e até do modelo do carro. Por isso é indispensável pesquisar e negociar. O consumidor pode conseguir baratear o preço dos juros, dependendo da quantia que vai dar de entrada e do tamanho do prazo que vai precisar para quitar o carro. Além disso, as concessionárias costumam variar o preço dos juros, dependendo da marca e do modelo do carro.
Outro alerta é para a tática do “juro zero”, que é extremamente utilizada nos anúncios das concessionárias. O juro zero, na maioria das vezes simplesmente não existe. Normalmente os juros estão camuflados no custo total do carro, já que o mesmo modelo é vendido a vista pela concessionária com um bom desconto. Na verdade, para ser juro zero, o valor financiado tem que ser exatamente igual ao valor a vista, o que quase nunca acontece.
1) Não comprometa mais do que 30% do orçamento líquido familiar com as parcelas, ou seja, 30% de tudo aquilo que sobra, depois de quitadas as despesas da família. Se houver uma outra dívida, como por exemplo o parcelamento de um imóvel, é preciso encaixar os dois financiamentos dentro desses 30%;
2) Tente reduzir ao máximo o número de prestações. Se o valor não atingir o teto de 30% do seu orçamento líquido, é recomendável reduzir o número de parcelas. É que, de modo geral, quanto menor é o número de parcelas, menor também é o valor cobrado pelos juros;
3) Existem atualmente no mercado modalidades de financiamento de longuíssimo prazo, de até 84 parcelas, ou seja, sete anos. Lembre-se que o carro, sobretudo o zero, é um bem que desvaloriza rapidamente e costuma gerar altos custos de manutenção depois do terceiro ano de uso. Assim, a recomendação é limitar o financiamento a 36 meses, no máximo.
Fonte: CNDL