Empresas de várias áreas abriram seleção para trainees. Para elas, vale a pena formar um profissional, preparando-o para assumir cargos de liderança. Para os jovens, as vantagens estão nos salários, benefícios e planos de carreira
A temporada de busca por novos talentos tem sido quente este ano. Atualmente, 20 empresas estão com seleções abertas para vagas de trainee (ver tabela), mas esse número chegou a 40 na virada do semestre e deve se repetir no início do ano que vem.
A maioria das empresas não revela o número de vagas, mas elas estão de olho em jovens profissionais, prestes a concluir a graduação ou recém-saídos da faculdade. A busca segue na direção do perfil ideal para ser lapidado de acordo com a cultura e a visão da organização para que, no futuro, esses jovens se tornem líderes estratégicos dessas empresas.
O Banco Itaú é uma das empresas que estão com inscrições abertas para o seu programa (até 30 de agosto). No ano passado foram mais de 18 mil candidatos. Em média, cem jovens chegaram à etapa final e, desses, 54 foram efetivados após o encerramento do treinamento.
Segundo pesquisa realizada em 2013 pela Consultoria Cia de Talentos, o Banco Itaú ficou em 3º lugar no ranking das Empresas dos Sonhos dos Jovens. Para a gerente de RH da instituição financeira, Mônica Noronha, o fator determinante está naquele profissional alinhado com os valores e a cultura da empresa. “Tem que ter orgulho em pertencer”, afirma.
O salário a ser pago é mantido em segredo, mas segundo Noronha, “está compatível com o mercado”. Entre os benefícios, o trainee tem direito a vale-alimentação, vale-refeição, seguro de vida, assistência médica e odontológica e participação nos lucros e resultados.
Seleção
Este ano, o processo seletivo está mais objetivo, como explica a gerente: “A oficina de grupo agora será online e, após a entrevista presencial com os gestores, o candidato já terá o resultado de imediato, logo no mesmo dia”.
A diretora da Cia de Talentos, Carla Esteves, explica alguns pré-requisitos necessários para quem deseja ser um trainee. Precisa ser recém-formado ou ter até dois anos de formado, inglês fluente ou avançado. Espanhol pode ser um diferencial para algumas empresas.
Além disso, também é importante que o candidato tenha disponibilidade para viagens, requisito fundamental em alguns programas abertos. “É por meio do Programa de Trainee que o jovem poderá conhecer a empresa como um todo, conhecer diferentes áreas e desenvolver-se naquela em que ele demonstrou afinidade e excelente performance durante o treinamento. O Programa de Trainee oferece um aprendizado rápido, uma aceleração na carreira”, acrescenta a diretora da Cia de Talentos.
Do lado da empresa, a maior vantagem ao contratar um trainee está na identificação do talento que ela precisa formar ainda no início de carreira, conforme assegura a diretora da Cia de Talentos.
“A empresa forma o jovem, investe e tem depois um grande retorno com isso. Contratar um profissional já pronto, além de muitas vezes ser difícil, porque em algumas áreas temos uma defasagem de profissionais, torna o processo de contratação mais caro a longo prazo”.
A alemã Bayer também já iniciou as inscrições para o seu processo seletivo. “Capacidade de inovação, flexibilidade e protagonismo são características essenciais e que serão consideradas como diferenciais nos candidatos para as vagas de trainee”, é o que afirma Andrea Norfini, gerente de Desenvolvimento de Pessoas da empresa.
A exigência é grande. “É imprescindível o domínio do inglês e na última etapa os candidatos participam de um painel, formado com diretores, quando são avaliados por diferentes perspectivas”.
Competitividade
O processo seletivo para ocupar uma vaga costuma ser demorado e conduz o candidato para um funil extremamente restrito, que começa, na maioria das vezes, nas inscrições pela internet, pela análise de currículo e pela realização de provas online ou presenciais, que contam com questões de conhecimentos gerais, sobre o negócio, empresa, raciocínio lógico e língua estrangeira.
Após essa triagem vem a dinâmica de grupo, que geralmente avalia o candidato em novas situações, e, por fim, entrevistas com gestores antes do resultado final.
O último programa de trainee da EY (Ernst & Young) inscreveu, em média, dois mil candidatos. “Trainees são a retroalimentação da pirâmide. Temos que formar novos sócios para que a empresa possa atingir seus objetivos”, é o que afirma a sócia líder do escritório da EY em Salvador, Shirley Silva. A empresa está oferecendo novas vagas de trainee para Salvador. As inscrições podem ser feitas pelo site da EY.
Shirley Silva conta que ela é uma prova de que o trainee abre as portas para o sucesso profissional que o jovem deseja conquistar em uma grande empresa. “Fui trainee, sou um exemplo vivo. Ingressei com 20 anos e já vou completar 23 anos, ao longo do tempo fui evoluindo”.
É importante ter foco nas escolhas profissionais
Ao escolher o programa de trainee que deseja ingressar, o profissional deve definir primeiro qual o seu foco e buscar uma certa afinidade com o negócio e com a empresa onde pretende trabalhar. “Ao optar pelo trainee, ele já tem que estar preparado para esse tipo de programa, pois o que se quer criar ali é um líder estratégico para a empresa”, assegura o hadhunter Paulo Lopes.
Tomás Villarpando é formado em Ciências Contábeis pela Ufba. Após ingressar no programa de estágio do Banco Santander foi efetivado e já trabalha lá há quase dois anos. O contador pretende agora trocar o emprego no banco por uma boa oportunidade em um Programa de Trainee. “Vejo no trainee a possibilidade de ingressar em uma empresa grande que me permita um leque amplo de atuação”.
Outra coisa que atrai Tomás, além de todos os benefícios financeiros, é a chance de trabalhar no exterior. “É outra experiência, uma outra vivência para acrescentar na minha carreira”.
Da mesma forma que as empresas observam vários aspectos do perfil dos candidatos, esses também devem observar a cultura e os valores das empresas onde pretendem trabalhar. “A empresa que eu quero trabalhar tem que ter uma imagem positiva, um ramo de atividade interessante e também um posicionamento estratégico condizente com o que eu quero para a minha carreira”, acrescenta Tomás.
Para Paulo Lopes, o contador está certo, pois a definição do foco é determinante. “Acima de tudo, o mais importante é se conhecer, saber qual a sua meta, o que você quer para sua carreira profissional, onde quer ir e como pretende chegar. Se você tem um objetivo, já ganhou a guerra”, afirma.
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Fonte: Correio da Bahia