Proteção para smartphone pode custar o mesmo que seguro de carro

22 de agosto de 2014

Por ano, para proteger um iPhone 5S com todos os produtos encontrados no mercado é preciso desembolsar R$ 1,5 mil

André Cardozo/iG 
iPhone 5S é sonho de consumo de brasileiros, mas também alvo dos ladrões

Sonho de consumo de muitos brasileiros, o iPhone 5S (de 16 GB) é hoje encontrado por R$ 2.799 no site brasileiro da Apple. Só quem investe um valor semelhante, mesmo que em outro equipamento, sabe o quanto é prejudicial, especialmente para o bolso, ter o aparelho danificado ou roubado.

 

Para se resguardar e proteger seu smartphone da melhor maneira, o dono de um iPhone 5S pode ter que desembolsar R$ 1,5 mil por ano na contratação de produtos e serviços garantam a durabilidade do investimento.

O levantamento feito pelo iG, mencionando acima, leva em conta não apenas a garantia estendida e seguro patrimonial, mas também outras alternativas, como um clube de proteção. Apenas para comparação, com os mesmos R$ 1,5 mil é possível contratar, por exemplo, um seguro anual com cobertura total para um Citroën C3 2013, que vale, de acordo com a tabela Fipe, R$ 38,9 mil.

O cálculo feito por um corretor consultado prevê um bônus de classe 8 – desconto por renovação – levando em conta um proprietário do sexo masculino de 40 anos, casado, morador da zona sul de São Paulo, que deixa o carro na garagem de casa e no trabalho, e não utiliza o veículo para visitar fornecedores ou ir à faculdade, por exemplo.

Divulgação

Daniel Hatkoff, dono do Clube Pitzi

 

Clube é nova alternativa aos seguros

Hoje, há também os chamados clubes de proteção. Criado no final de 2012 pelo norte-americano Daniel Hatkoff, o Clube Pitzi vende planos de proteção contra acidentes para smartphones e celulares pela internet e já cresceu 348% desde seu nascimento – cerca de 30% ao mês, segundo seu fundador. No Pitzi, a mensalidade para proteger um iPhone 5S, por exemplo, custa R$ 39,90, ou R$ 479,88 por ano.

Em conversa com o iG, o executivo conta que, chegando ao Brasil, em 2010, percebeu que consertar uma tela quebrada era muito complicado e por isso resolveu criar um serviço que facilitasse esse processo.

“A pessoa demora para conseguir falar com a assistência técnica, às vezes precisa pagar quase R$ 500 por uma nova tela e, o pior, fica vários dias sem o aparelho”, afirma. De acordo com Hatkoff, além de caros, os reparos nem sempre têm qualidade satisfatória.

O Clube Pitzi fica encarregado de todo o processo de conserto do aparelho – junto às assistências técnicas ou fabricantes – ou de trocá-lo por um celular ou smartphone completamente novo. Segundo Hatkoff, para cumprir o prazo de devolução do dispositivo, de cinco dias úteis para grande São Paulo e 10 para as demais regiões, a empresa por vezes opta por enviar um novo ao cliente, garantindo a qualidade e o prazo.

Por uma mensalidade de até R$ 40, no caso do iPhone 5S, o cliente protege seu aparelho em diversos casos: quedas, invasão de líquidos, tela sensível ao toque que não funciona, falhas elétricas e mecânicas, problemas com Wi-Fi ou antena, telas quebradas, entrada do carregador danificada ou quando o celular não liga mais.

O plano cobre quase todos os defeitos – uma taxa de R$ 75 é aplicável apenas nos casos de acidentes, como quedas, quebra de tela e problemas com água. O envio e o recebimento do dispositivo são custeados pela empresa.

O Clube Pitzi está disponível em 17 Estados do País e os orçamentos, bem como a contratação de planos, é toda feita pelo site. De acordo com Hatkoff, hoje, o Clube Pitzi prefere trocar o aparelho quebrado por um novo e deixar o cliente satisfeito para, posteriormente, trabalhar em uma espécie de refabricação do dispositivo com a ajuda de assistências técnicas autorizadas e dos próprios fabricantes. De acordo com ele, cerca de um em cada quatro celulares ou smartphones que são parte do clube apresentam problemas.

Antes de um aparelho entrar no Clube Pitzi, no entanto, ele passa por uma vistoria, para que a empresa avalie sua saúde. Além disso, é necessário cadastrar dados da nota fiscal. Essa foi uma forma que a empresa encontrou de se proteger dos equipamentos roubados e de pessoas que entram para o clube só depois que o smartphone já quebrou, explica Hatkoff.

Garantia estendida e seguro são opções tradicionais

Outra forma de proteger seu aparelho é contratar produtos oferecidos por companhias de seguro direto nas operadoras e nas principais lojas de varejo. A garantia estendida é uma delas. Trata-se de um seguro que protege contra defeitos funcionais – elétricos, eletrônicos ou mecânicos – que ocorram após o término da garantia do fabricante, e que cobre os custos de mão de obra e de peças necessários para o reparo do aparelho. Ela pode ser contratada por 12, 24 ou 36 meses.

Em geral, a garantia estendida custa de 5% a 10% do valor de nota fiscal do aparelho e não tem franquia – parte em dinheiro paga pelo cliente para consertar as avarias do aparelho em cada sinistro.

Segundo Nikolaos Tetradis, superintendente de seguros especiais do Grupo BB & Mapfre, esse produto pode ser igual à garantia original do fabricante: ampliada, mais do que a fabricante oferece, ou reduzida, que cobre menos do que a original. Essa última modalidade é mais contratada por quem compra equipamento usado.

Ainda de acordo com Tetradis, a garantia estendida tem 20% de participação no mercado se levarmos em conta todos os equipamentos comercializados, não só os dispositivos móveis.

Stella Dauer

É possível bloquear o aparelho pelo IMEI

 

Roubos e furtos estimulam a contratação de seguros

Embora exista muita procura pela garantia estentida, o superintendente comercial da Assurant, Pascal Canazzone, diz que, no mercado de dispositivos móveis, ela perdeu um pouco do seu valor.

“As falhas elétricas ou mesmo as quebras não são tão recorrentes quanto os roubos e furtos, infelizmente. Por isso, o seguro patrimonial têm se mostrado mais interessante para quem investe em um aparelho caro, tanto para quem tem um plano pós-pago quando para que usa pré-pago”.

O Grupo BB & Mapfre é um dos que oferecem opções e que, só em 2013, teve um crescimento de 75% na venda de apólices de roubo e furto qualificado. O seguro para celulares, smartphones e tablets repõe ou ressarce o dono do aparelho em caso de roubo e furto, quando ocorre abordagem ameaçadora de bandidos (coação) e arrombamento de carros ou do local (residências, empresas etc.), respectivamente.

Os casos de furto simples – quando o aparelho é levado sem que o dono perceba – não são cobertos pelas apólices encontradas no mercado.

Em geral, um seguro de roubo e furto custa de 15% a 25% – informações da Mapfre e da Assurant – o valor de nota fiscal do aparelho e cobre até 75% do valor pago pelo consumidor.

Canazzone, da Assurant, uma das líderes nesse mercado, explica que, em geral, a franquia fica estipulada em 25%, mas que cada contrato pode ser ajustado para atender necessidades específicas, sendo possível tirar e incluir coberturas. A apólice tem validade de um ano e pode ser paga de uma só vez ou parcelada, dependendo da operadora ou da loja em que foi comprado o aparelho.

Tetradis, do BB & Mapfre, explica que a franquia é uma maneira de as empresas se protegerem de serem acionadas por problemas que não comprometem o funcionamento do aparelho, como um botão, cujo valor do conserto não compensa o acionamento da seguradora. “É como o seguro de carro: vale mais arrumar um arranhão com martelinho de ouro do que mandar para a funilaria”, compara.

A Assurant, que há seis anos opera nesse mercado, oferece ainda duas outras modalidades: roubo e furto combinado com quebra acidental ou apenas a apólice de quebra acidental, que é bastante similar ao que cobre uma garantia estendida ou o clube de proteção.

Neste caso, os prêmios (preços do seguro) variam de 20% a 25% no primeiro caso, e por volta de 15% no segundo. Esse produto que cobre dano acidental e elétrico – queimadura, queda ou tela quebrada – também é oferecido por seguradoras como a Mapfre.

Tetradis e Canazzone ressaltam, porém, que no Brasil ainda não é possível oferecer seguro para furto simples, e que muitos contratam uma apólice com a certeza de que estão protegidos também nesses casos. O furto simples é aquele, em que não há a transposição de uma barreira, pode se confundir com a simples perda do dispositivo.

A possiblidade de fraude nesses casos, diz Tetradis, da Mapfre, inviabiliza a existência de produtos desse tipo. Nesse caso, acrescenta, o que resta para a vítima é bloquear não só a linha, mas o Imei (número único de identificação do equipamento). Dessa forma, o consumidor já dificulta a ação do ladrão e o comércio do aparelho roubado.

Fonte: IG – Economia