Número de famílias endividadas cresce 9,6% em 2013

2 de setembro de 2014

pagar-dividas_Em um ano, o volume de famílias endividadas no Brasil cresceu quatro pontos porcentuais: de 59% registrado em 2012 para 63% em 2013 (mesma porcentagem apontada em 2011). No período, houve um acréscimo de 770 mil famílias com algum tipo de crédito ou financiamento. O valor mensal dessas dívidas também aumentou: R$ 16,1 bilhões ante R$14,9 bilhões do ano anterior – diferença de 8%. As informações fazem parte da quarta edição da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Ainda assim, a parcela mensal das dívidas por família recuou 1,5%, passando de R$ 1.869 para R$ 1.840. Essa queda contribuiu diretamente para manter o comprometimento da renda em 30% – nível considerado razoavelmente adequado para não sinalizar um eventual risco de estouro de inadimplência, segundo a assessoria econômica da Federação. Os dados comparativos de 2011, 2012 e 2013 têm como fontes o IBGE e a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

No ano passado, a média do saldo de crédito com recursos livres para pessoa física no País foi R$ 738,2 bilhões, representando cerca de 17% do PIB para pessoas físicas. Para os economistas da Entidade, esse baixo porcentual demonstra que ainda existe um grande espaço para expansão de empréstimos à população brasileira, desde que haja critérios rigorosos de segurança na hora da oferta.

Nos últimos três anos a inadimplência das pessoas físicas tem se mantido em padrões aceitáveis. Em 2013, por exemplo, 13,9% dos endividados tinham parcelas vencidas há mais de 15 dias, 1,5 ponto porcentual abaixo de 2012. A inadimplência de curto prazo – de 15 dias a três meses – abrangia, no ano passado, 6,6% do total de famílias com dívidas e a de longo prazo – acima de 90 dias – 7,2%.

São Paulo eleva dívida em 9,5%

Na capital paulista, com a maior população no País, o valor mensal de dívidas das famílias em 2013 foi de R$ 3,2 bilhões em média, após crescimento de 9,5% em relação ao ano anterior – acima da variação média brasileira, de 8,0%. De 2011 para 2012, o aumento em São Paulo/SP havia sido de 11,5% contra 1,6% em todas as capitais, em média. A assessoria econômica da FecomercioSP avalia que o resultado se deve, entre outras coisas, à maior oferta de crédito à população paulistana. Nos últimos três anos o nível de endividamento da capital paulista vem subindo: em 2011 era de 47% do total; em 2012 cresceu para 49%; e em 2013 chegou a 53%. Ainda assim, a capital que registrou o maior porcentual de famílias endividadas foi Curitiba/PR, com 87% do total, seguida por Florianópolis/SC (86%).

Já a maior variação de crescimento das dívidas entre as capitais foi a de Manaus, no Amazonas, com 49% de alta, seguida por Belém/PA (46%), Campo Grande/MS (39%), Boa Vista/RR (38%) e Salvador/BA (36%). Por outro lado, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, teve a maior redução no volume de dívidas das famílias: -21%. Entre as cinco capitais que mostraram recuo nos gastos ficaram, ainda, Aracaju/SE (-20%), Cuiabá/MT (-19%), Porto Alegre/RS (-19%) e Fortaleza/CE (-15%).

A capital amazonense também aparece com o maior volume de famílias inadimplentes (35%), bem acima da média das 27 capitais (21%). Em sentido oposto, Palmas/TO se destacou com a menor taxa de contas em atraso: apenas 8%. Aracaju/SE, no entanto, foi a cidade que conseguiu a maior variação positiva – reduziu em 25 pontos porcentuais o número de famílias endividadas, passando de 45% para 20% em 2013.

Já em relação aos maiores valores mensais de dívida por família, Vitória/ES lidera o ranking, com R$ 3.298 e em segundo lugar ficou a capital catarinense, com R$ 3.094. A menor dívida média familiar foi registrada em Fortaleza, com R$ 711 – queda de 35% se comparado a 2012.

De acordo com a Federação, os dados revelam que o consumidor está mais cauteloso na tomada de crédito – principalmente pela alta dos juros – o que justifica a estabilidade do nível de inadimplência. Esse comportamento impactou diretamente no desempenho do varejo, que registrou aumento bem abaixo da média de anos anteriores e que ainda persiste em 2014. Além disso, segundo a Entidade, o comprometimento médio da renda com dívidas se manteve aos 30%, patamar considerado saudável.

Os economistas da Federação observam ainda que a tendência é de o mercado de famílias tomadoras de crédito ficar ao redor de 60% do total – asseguradas pela renda e pelo emprego em níveis positivos, seja para consumo ou para quitação de dívidas. De toda forma, esse cenário pode se modificar, caso a inflação se mantenha em patamares elevados por um período maior.

Ranking Nacional (2013) 1

– Porcentual de famílias endividadas

5 maiores

Curitiba – 87%

Florianópolis – 86%

Brasília- 84%

Belém – 78%

Palmas – 78%

5 menores

Porto Alegre – 60%

Cuiabá – 60%

São Paulo – 53%

Belo Horizonte – 53%

Goiânia – 46% 2

– Número absoluto de famílias endividadas

5 maiores

São Paulo – 1.842.302

Rio de Janeiro – 1.194.228

Brasília – 660.300

Salvador – 512.206

Fortaleza – 488.112

5 menores

Macapá – 77.480

Vitória – 69.550

Rio Branco – 67.719

Palmas – 54.440

Boa Vista – 49.769 3

– Parcela mensal comprometida com a dívida

5 maiores

João Pessoa – 44%

Teresina – 44%

Maceió – 40%

Boa Vista – 40%

Manaus – 39%

5 menores

Salvador – 28%

Belo Horizonte – 26%

São Luís – 26%

Porto Alegre – 25%

Fortaleza – 21% 4

– Valor médio de dívida por família

5 maiores

Vitória – R$ 3.298

Florianópolis – R$ 3.094

Belo Horizonte – R$ 2.648

Rio de Janeiro – R$ 2.416

Brasília- R$ 2.374

5 menores

Belém – R$ 1.185

Boa Vista – R$ 1.053

Palmas – R$ 964

Rio Branco – R$ 853

Fortaleza – R$ 711 5

– Famílias com dívidas em atraso

5 maiores

Manaus – 35%

Boa Vista – 34%

Campo Grande – 32%

Macapá – 32%

Cuiabá – 31%

5 menores

Palmas – 8%

Brasília – 10%

São Paulo – 16%

Porto Velho – 17%

Rio Branco e Teresina – 18%

RELAÇÃO – REGIÃO SUDESTE (2013) 1

– Número de famílias endividadas (Porcentual)

São Paulo – 1.842.302 (53%)

Rio de Janeiro – 1.194.228 (62%)

Belo Horizonte – 378.498 (53%)

Vitória – 69.550 (68%) 2

– Parcela mensal comprometida com a dívida

São Paulo – 29%

Rio de Janeiro – 28%

Belo Horizonte – 26%

Vitória – 31% 3

– Valor médio de dívida por família

São Paulo – R$ 1.750

Rio de Janeiro – R$ 2.416

Belo Horizonte – R$ 2.648

Vitória – R$ 3.298 4

– Famílias com dívidas em atraso

São Paulo – 16%

Rio de Janeiro – 22%

Belo Horizonte – 22%

Vitória – 23%

Fonte: Canal Executivo