Especialista fala sobre as profissões que procuram exemplificar e justificar o investimento em capacitação, treinamento e especialização
Em um mundo dinâmico sujeito a frequentes mudanças, onde a única certeza é a de que tudo mudará definitivamente, para mudar novamente, a incerteza paira sobre todos nós, sobretudo para aqueles que mal concluíram o ensino médio e que pela juventude e falta de experiência acabam optando pelas profissões ditas tradicionais, na esperança de alcançar, ainda que precocemente, seu lugar ao sol ou um porto seguro.
O fato é que a revolução tecnológica que estamos enfrentando atualmente tem devastado o mercado de trabalho de economias desenvolvidas e plenamente ancoradas no modelo tradicional. Quem ousasse prever a proeminência da China já nesta altura do século XXI, retrocedendo à virada do milênio, correria o risco de ser tachado de lunático. O impacto desta colossal mudança foi subdimensionado e muitos economistas ainda tentam entender estas mudanças pela ótica da visão da economia tradicional, que já não mais existe e vem sendo substituída pela intensividade das aplicações tecnológicas.
Abordamos em artigos anteriores a questão relacionada à eliminação de variadas categorias profissionais. Em termos gerais, nossas abordagens anteriores culminavam na conclusão de que as profissões mais ameaçadas estavam relacionadas com atividades rotineiras e de baixo nível de complexidade, e portanto elegíveis para serem substituídas por máquinas. A novidade é que mesmo as profissões que requerem um médio nível conhecimento e um certo nível de cognição também estão ameaçadas.
Nos países de economias mais diversificadas e desenvolvidas que a nossa, uma quantidade devastadora de empregos relacionados a serviços de baixa complexidade foram eliminados e substituídos por sistemas e máquinas. No Brasil este fenômeno tem sido refreado pelos baixos custos dos salários, o que contribui para a manutenção de alguns empregos, tais como o de frentista de posto de gasolina, bem como diversas funções relacionadas ao trabalho em bilheterias.
Contudo, nossa preocupação aqui não se dá exatamente com a destruição de empregos, mas com a perspectiva futura de criação de novos empregos e perspectivas. Neste artigo iremos abordar especificamente cinco possibilidades, que procuram exemplificar e justificar o investimento em capacitação, treinamento e especialização, mas que não requerem um custo elevado de formação. Por outro lado, causas demográficas e as mudanças verificadas na sociedade brasileira abrem outras oportunidades para carreiras que não requerem conhecimento elevado de matemática e lógica. Elencamos portanto cinco profissões dentre aquelas que apresentam boas perspectivas futuras, não necessariamente na ordem de sucesso e demanda.
Profissão #1 Programador/Analista Java, Python, Ruby
A carreira de programador sempre esteve em alta, mas a inexorável tendência aponta para a necessidade cada vez maior de profissionais versados em programação. É praticamente impossível realizar simulações, experimentos e inferências sem possuir algum tipo de habilidade nesta área. Nossos governos deveriam estar mais preocupados em propagar o ensino destas técnicas desde a tenra idade ao invés de insistir em conteúdos decorativos, no duplo sentido da palavra. Recentemente as linguagens Python e Ruby têm se sobressaído por ser serem muito mais fáceis de aprender e extremamente eficazes na maior parte das aplicações. Pense nisto ! Existem vários cursos gratuitos no Youtube que podem representar um bom ponto de partida. O aprendizado destas linguagens mais fáceis têm viabilizado a formação muitos novos programadores.
Profissão#2 Tecnólogo em Gastronomia
O tecnólogo em gastronomia vai bem além da habilidade como chefe de cozinha ou cozinheiro, embora esta habilidades sejam imprescindíveis. Apesar de consideramos a culinária brasileira uma atração exclusiva nossa, muitas vezes pecamos por desconhecer a culinária mundial e, quando o a conhecemos, somos surpreendidos ao descobrir que o aproveitamento de partes “menos nobres” dos animais comestíveis não é de forma alguma uma invenção nossa e muito menos ainda original. Passamos por um momento de transformação da sociedade que tende a incorporar conceitos profissionais globais no manejo de alimentos e refeições em variados níveis. A tendência da expansão da atividade gastronômica como componente importante de nossa atividade econômica deverá requerer cada vez mais profissionais que entendam a dinâmica, o manejo e a “economia da cozinha”, muito longe de ser trivial, e representando sobretudo uma descoberta cultural.
Profissão#3 Analista em Inteligência Artificial
Novos softwares e aplicativos tendem a substituir o ser humano em atividades rotineiras de pesquisa, coleta e análise de notícias e informações e até na execução de tarefas e análises financeiras de média complexidade. Se é verdade que muitos empregos caracterizados pela sistematização de tarefas que podem ser assumidas por robôs dotados de inteligência artificial – cuidado, tratam-se de softwares sem rosto ou forma, enfim, também é verdade que haverá uma demanda por profissionais capazes de interagir e operar estes softwares. Haverá um grande salto de produtividade no futuro, ainda que tais evoluções venham representar uma grande ameaça para trabalhadores conformados em realizar tarefas apenas rotineiras.
Profissão#4 Terapeuta Ocupacional
Nossa pirâmide etária aponta para uma inexorável tendência ao envelhecimento. O aumento da expectativa de vida trará inevitavelmente um grande aumento na população compreendida nas faixas mais elevadas da pirâmide etária. A despeito das pressões especiais em termos de requerimento de atendimento no sistema de saúde que o grupo representado por seniores de 70+ anos demandará, espera-se que uma quantidade cada vez maior de pessoas atinja as faixas mais elevadas de idade com condições de saúde satisfatórias ou bem mais do que razoáveis. É aqui que a terapia ocupacional se encaixa, seja auxiliando no direcionamento lúdico para novas áreas de conhecimento, seja atacando o grande problema que será um dos males do século: a solidão dos idosos, sobretudo daqueles cujo cérebro permanece bastante ativo, ainda que fisicamente debilitados. Terapeutas Ocupacionais deverão se preocupar com estas questões.
Profissão#5 Designer Multimídia
Todos sabemos o que um designer gráfico faz, ou seja, é o profissional capaz de gerar material visual estático para complementar material que será impresso ou exibido estaticamente nos Web Sites. A internet será cada vez mais a tela de exibição do futuro próximo, ultrapassando e superando por larga margem a audiência televisiva.
Inexoravelmente, será diante da tela de computador, ou do tablet, smartphone ou qualquer outra forma de exibição, que dedicaremos a maior parte do nosso tempo. O conteúdo gráfico estático ainda ocupa a grande maior parte do material exibido na Web, porém abre-se diante dos profissionais de um futuro próximo a oportunidade maior de lidar com o material multimídia, derivado de filmes, animações, e todo o conteúdo dinâmico que passará a compor vários dos serviços que dominarão a internet. Seja administrando, viabilizando ou trabalhando na apresentação, o designer multimídia, ou projetista multimídia, se assim preferirmos, terá que lidar com a apresentação de material dinâmico e audiovisual, muitas vez também interativo.
Enfim, enquanto pensamos nestas profissões, muitas outras estão surgindo. Pesquise e mantenha a mente aberta, pois o seu futuro profissional será cada vez mais determinado pela dinâmica da evolução tecnológica, cuja velocidade nunca foi tão elevada.
Fonte: iBahia.com – Por Sérgio Sampaio, Consultor de TI da ValoRH, Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.