Sem emprego, mas com trabalho garantido

30 de setembro de 2014

“Profissionais qualificados de determinadas áreas podem não ter empregos garantidos, mas terão trabalhos garantidos”

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Tanto pela vontade dos profissionais quanto pelas necessidades das empresas, o trabalho por projetos, sem vínculo empregatício, tem se tornado uma tendência no mercado. Na opinião de Jorge Vazquez, presidente no Brasil da holandesa Randstad, segunda maior empresa de recursos humanos do mundo, a necessidade constante de qualificação no país ajuda a intensificar esse movimento em setores diversos. “Profissionais qualificados de determinadas áreas podem não ter empregos garantidos, mas terão trabalhos garantidos”, afirma.

Português, Vazquez assumiu recentemente o cargo com a missão de ampliar a operação local que, pela primeira vez, terá um presidente exclusivo. Seu antecessor, Mario Costa, era presidente da Randstad no Brasil e em Portugal e se aposentou no fim do ano passado.

Ao longo dos últimos anos, a empresa dobrou o número de funcionários próprios para 300 e abriu 25 filiais em 12 Estados, além de empregar hoje cerca de cinco mil profissionais terceirizados e temporários em empresas clientes. Antes de vir para o Brasil, Vazquez era diretor do grupo de controle, uma área da holding focada em desenvolver os planos de estratégia e expansão nos quase 40 países onde a empresa está presente. “Em razão do potencial de crescimento no Brasil, percebemos que precisaríamos de uma estrutura sólida e 100% no país”, diz.

O crescimento hoje é de “pelo menos dois dígitos”, o que configura aumento mais intenso do que em muitos outros países, segundo o novo presidente. A estratégia ainda é, contudo, o crescimento seletivo, compatível com a forma como a empresa atua – com equipes enxutas de especialistas em determinados perfis de profissionais.

Um dos principais focos é recrutamento de média e de alta gerência em áreas como engenharia e supply chain, vendas e marketing, e tecnologia da informação. Além disso, a Randstad atua na seleção de perfis administrativos e operacionais e em projetos de trabalho temporário em varejo e centros de distribuição. Recentemente, foi desenvolvida também uma área especializada em saúde.

Geograficamente, Vazquez enxerga muitas oportunidades na região Nordeste – que deve receber mais filiais nos próximos meses, com foco em perfis técnicos para a indústria de energia eólica e montadoras automotivas – e prevê mais investimentos nos mercados de Manaus e Goiânia.

Apesar das mudanças no cenário econômico desde a entrada da empresa no Brasil, Vazquez diz que as maiores adaptações ocorrem devido às necessidades apresentadas pelos clientes. Em sua opinião, o momento atual é de incerteza no país, mas sem pessimismo. “Os projetos existem e são concretos, o que percebemos é algum atraso na decisão”, diz.

No Brasil, Vazquez destaca o aumento da procura por projetos de “arquitetura de trabalho”, na qual a consultoria auxilia a empresa a encontrar a melhor combinação de recrutamento próprio e trabalho terceirizado, além de fazer os ajustes necessários para atrair e reter profissionais. São buscados também sistemas de informação que possam reunir fluxos de serviços de RH para otimizar custos e se adequar a questões de compliance.

Recentemente, a empresa holandesa investiu, no exterior, em ferramentas de tecnologia de recursos humanos por meio de um fundo de inovação. As mais recentes foram uma plataforma de transmissão de informações de pontos de venda, chamada Gigwalk, e a rede europeia de trabalhadores freelancers twago.

Vazquez considera que essas ferramentas podem ser usadas também no mercado brasileiro e espera um crescimento cada vez maior de plataformas voltadas para os trabalhadores autônomos por aqui. “Diferentemente de outros países, o mercado de recursos humanos no Brasil é bastante fragmentado, o que nos dá bastante espaço para crescer”, ressalta.

Fonte: Valor Econômico