Eis uma frase que todos já devem ter ouvido muitas vezes: “Vai de carro pois é mais barato que ir de táxi”. Pode parecer óbvio, mas vou demonstrar neste artigo que nem sempre ir de carro próprio é mais barato do que pegar um táxi. Mais do que isso, não fazemos as contas para comparar essas opções. Não entrarei no mérito da comparação com ônibus e/ou metrô porque estaríamos analisando opções muito diferentes: seu carro ou o do taxista talvez tenham níveis de conforto diferentes, mas ambos contam com a praticidade e liberdade de um carro.
Vamos ser práticos e colocar as contas na ponta do lápis.
Calcular o custo do táxi é fácil: uma corrida para um trajeto de 10 km custa cerca de R$ 30 em São Paulo. No Rio de Janeiro custa cerca de R$ 18. Se você utilizar o táxi na ida e na volta do trabalho, em1 mês você gasta cerca de R$ 1.200 em São Paulo e R$ 720 no Rio.
Já para o carro próprio, vamos considerar que você utilize o carro apenas para ir e voltar do trabalho. Prezando o conforto, utilizaremos um carro 1.6 com ar condicionado de R$ 40.000, e vamos supor também a mesma distância de 10km entre sua casa e o trabalho.
Afinal, quais são os gastos com o carro? Muitos pensam que é apenas o combustível, mas não é tão simples assim. Vamos enumerar os reais gastos de um automóvel:
– Depreciação: Supondo que você compre o carro por R$ 40.000 e o revenda por R$ 25.000 após 4 anos.
– Perda de valor total: R$ 15.000. (R$ 3.750 por ano)
– Custo de oportunidade: Supondo um rendimento de 10% ao ano, ou seja, aproximadamente R$ 4.000 por ano.
– IPVA (4% do valor do carro): R$ 1.600 por ano
– Revisões e manutenção mínima (troca de óleo, lavagens e etc): R$ 1.500 por ano
– Seguro: R$ 2.000 por ano
– Combustível: R$ 2,50 por litro de gasolina, 4.800km no ano com consumo de 10km/L. Total: R$ 1.200 por ano.
– Estacionamento: R$ 300 por mês. (R$ 3.600 por ano)
– Troca de pneu: R$ 1.500 a cada 4 anos. (R$ 375 por ano)
– Multas e imprevistos: R$ 500 por ano
– TOTAL por ano: R$ 18.525, ou seja, R$ 1.544 por mês
Impressionante, não é? Principalmente considerando cidades fora de São Paulo nas quais as diferenças são ainda maiores.
É claro que os custos variam muito, as distâncias percorridas podem ser muito maiores, entre outras variáveis, mas o mais importante é o leitor entender que o custo real de um automóvel é muito maior do que ele imaginava.
Outra curiosidade é notar os itens com valor mais alto neste exemplo, pois eles são muitas vezes ignorados: o custo de oportunidade, a depreciação e o estacionamento.
Conforme já citado no artigo anterior, o custo de oportunidade é invisível, mas neste caso existe e é bem significativo. A depreciação no caso de automóveis exerce um importante papel devido à forte desvalorização e o valor gasto com estacionamento muitas vezes não é levado em conta.
Também não considerei os custos e possibilidades de você bater o carro, o “trabalho” de dirigir, o custo a mais com troca de peças, a comodidade/praticidade e principalmente a segurança (tanto em ser assaltado quanto em dirigir após beber), pois esses itens variam muito de pessoa para pessoa.
E o que tiramos de lição dessas contas? Que devemos vender o carro e andar de táxi? Com certeza não. A lição é que devemos saber o custo real das coisas antes de tomar alguma decisão. Talvez não seja necessário ter um carro apenas para ir ao trabalho, ou até de você e sua esposa possuírem um carro cada um.
Fonte: Blog do Investidor – Por Vitor Nagata é editor do Blog do Investidor e profissional da área de investimentos.