Todos sabem que não existe almoço grátis e também que mágicas não duram muito tempo. Após o segundo turno, o governo já elevou juros que devem subir novamente dia 3. A inflação pode até fechar no limite máximo de 6,5%, mas graças a adiamento de alta efetiva nos combustíveis e uso da taxação sobre gasolina, a Cide, não para os cofres da União, mas para compensar os custos das refinarias. As contas externas vão apresentar um grande rombo e, com os juros em alta, fica mais difícil pagar os encargos da dívida pública. Especialistas afirmam que as contas terminarão o ano zeradas e, levando-se em conta o gasto com juros, haverá saldo negativo de 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Como não parece provável que Dilma Rousseff vá impor redução drástica nos gastos do governo, os técnicos que especulam no melhor sentido da palavra para saber o que vem pela frente acham que não há como se fugir de alta de impostos. Em alguns casos, a União pode apenas subir alíquotas, sem ter de pedir autorização ao Congresso. Já se o objetivo for recriar um imposto como o do cheque, o Planalto terá não só de convencer Câmara e Senado, mas também promover debate na opinião pública. Afinal, estamos no século XXI e no tempo das redes sociais. No caso da CPMF, ficaria difícil ser contra verba para a saúde, mas, quando existia, o imposto do cheque era desviado para pagar juros; do mesmo modo, uma contribuição destinada a financiar a seguridade social, a Cofins, não aparece nas contas da previdência, mas fica sob a tutela da Secretaria do Tesouro Nacional.
Quem diz que vai ter saldo de 2% do PIB, em 2015, não é a oposição, mas o próprio governo, no projeto de lei de orçamento. A não ser que se descubra uma nova mina de ouro, como Serra Pelada, fatalmente virá por aí aumento de impostos.
Fonte: Monitor Mercantil Digital