Apenas 13% têm como objetivo economizar para aplicar em projetos futuros
Neste fim de ano, os brasileiros receberão R$ 1.774, em média, como 13 º salário, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O pagamento do benefício deverá injetar R$ 158 bilhões na economia brasileira. Saber usar o recurso extra é o primeiro passo para começar o próximo ano sem dor de cabeça. Quem está endividado, por exemplo, pode aproveitar uma parte da quantia para quitar as pendências financeiras, orientam os especialistas. “A pessoa paga as parcelas em atraso e pode começar o ano de 2015 no azul”, diz Marcela Kawauti, economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Segundo pesquisa feita pela empresa de recuperação de crédito Intervalor, 71% dos mais de 700 entrevistados disseram que pretendem usar o 13º ou gratificações extras (como bônus e prêmios) para quitar dívidas. E apenas 13% têm como objetivo economizar para aplicar em projetos futuros. “As pessoas estão preocupadas, porque o prognóstico para a economia é ruim”, analisa Phelipe Alvarez, diretor comercial e de marketing da Intervalor.
Para quem planeja quitar as dívidas, os especialistas recomendam avaliar quanto a soma dos débitos representa no orçamento. É preciso conhecer a real capacidade de pagamento, explica Alvarez. “Só não dá para se esquecer de que existem as despesas de início de ano”, diz ele. Anotar todas as dívidas, prazos e o custo efetivo (taxa de juros e encargos financeiros), ajuda a enxergar a fatia do orçamento que ficará comprometida com as contas em atraso.
Feito o levantamento, é importante priorizar as dívidas mais caras, ou seja, as que possuem elevadas taxas de juros, indica Marcela, do SPC. “As pessoas devem, em geral, no cartão de crédito e no cheque especial. E é por aí que devem começar a quitar as dívidas”, diz a economista. Os créditos com garantia real, como financiamento de imóveis ou de veículos, também precisam estar na lista de prioridades do devedor. Isso porque, em caso de inadimplência, o bem pode ser reivindicado pelo credor. “Mesmo que a pessoa não esteja inadimplente, é bom pagar dívidas [com o 13º salário]”, recomenda Fernando Cosenza, diretor de marketing da Boa Vista SCPC.
Mas se não houver dívidas no meio do caminho, uma boa opção é guardar o dinheiro o recurso para custear as tradicionais contas de início de ano, como IPTU, IPVA e gastos com material escolar dos filhos. Nesse caso, a disciplina e o planejamento são ingredientes que não podem faltar. “É importante colocar tudo no papel ou numa planilha para ter uma visão do fluxo de despesas”, indica Cosenza. Ele diz que o ideal é traçar um planejamento anual, mas uma medida alternativa pode ser projetar, pelo menos, os três primeiros meses. “Para não ser pego desprevenido, deve-se considerar antecipadamente o cenário já com as despesas extras”, explica.
Como os recursos serão usados em janeiro, fevereiro e março – ou seja, no curtíssimo prazo -, os especialistas indicam que a quantia fique aplicada na poupança. A caderneta tem alta liquidez, é segura e não tem cobrança de Imposto de Renda, o que facilita o saque, recomenda Marcela Kawauti, do SPC.
Para quem não tem pendências financeiras, o dinheiro extra no fim do ano pode servir para engordar os investimentos, destaca a economista-chefe do SPC, lembrando uma pesquisa feita pelo órgão com 624 consumidores das 27 capitais brasileiras. De acordo com o levantamento, 18% afirmaram que não devem gastar o dinheiro em presentes de Natal. Desse grupo de pessoas, 46% pretendem economizar, poupar ou investir. “Se o objetivo for investir por um prazo mais longo, é bom olhar os títulos públicos e também as letras de crédito (LCI e LCA)”, diz.
Para boa parte dos brasileiros, o 13º ajuda nas compras de Natal, segundo pesquisa feita pelo SPC Brasil com 624 consumidores de todas as classes sociais em 27 capitais brasileiras. Oito em cada dez brasileiros (82%) devem gastar o dinheiro extra na aquisição de itens para a data comemorativa. A alternativa é válida, mas é preciso tomar cuidado com o excesso, alertam os especialistas.
Fonte: Valor Econômico