Setor de eletroeletrônicos negocia reajuste de até 7%

19 de janeiro de 2015

Varejo Fabricantes como LG e Samsung procuram recompor perdas com dólar

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Divulgação

O varejo inicia o ano com vendas em janeiro num ritmo um pouco mais acelerado do que em dezembro, mês em que a demanda ficou abaixo do esperado. Apesar da boa notícia, esse cenário pode não se manter: a indústria sinaliza a necessidade de reajustar preços ainda no primeiro trimestre, com aumentos de até 7% – o que pode voltar a afastar mais clientes das lojas.

Redes de varejo informaram ontem que as fabricantes Samsung e LG propuseram reajustes de 2% a 7% em produtos de áudio e vídeo (linha marrom) a ser negociados nos contratos já a partir deste mês. A escalada do dólar nos últimos meses de 2014, com elevação no preço de componentes, teria pesado nos custos e as empresas dizem que precisam repassar parte do impacto às lojas.

Roberto Barbosa, diretor de vendas da área de TV da LG, diz que neste mês começou a faturar alguns produtos com aumento de 5% a 7%. “Temos uma alta do dólar desde outubro, não é possivel absorver isso. Então fizemos uma análise para verificar os produtos com rentabilidade negativa que precisavam de aumento. A linha de TV Led, de 32 a 42 polegadas, é uma delas. Mas baixamos outros, como a linha Oled e Ultra HD”. Procurada, a Samsung não se manifestou sobre o assunto.

Ricardo Marques, coordenador geral das lojas Rabelo, cadeia cearense com cerca de 100 lojas em sete Estados, disse que, em janeiro, foi possível trabalhar com os preços antigos, da tabela de 2014. “Seguramos o preço velho, mas Samsung, LG já acenaram com novas tabelas para o início de ano. Agora vamos ver como fica”.

No segmento de móveis, fabricantes nacionais sondaram varejistas regionais em janeiro para aplicar aumentos de 2,5% a 3%. Nesse caso, trata-se de recomposição de margem. “A área comercial já foi sondada por dois fornecedores de móveis e dois de televisores, mas não colocaram na mesa um pedido de aumento. Não há muito espaço para reajustar tabela hoje. Vai ser uma briga boa”, diz o diretor de uma varejista. As redes observam que o cenário de consumo ainda enfraquecido inviabiliza reajustes de preços da indústria, e poderia levar a perda de participação de mercado das marcas.

O Valor apurou que a Whirlpool (Brastemp e Consul) teria entrado numa queda de braço com a Via Varejo, meses atrás, por conta de reajustes em linha branca (como refrigerador, lavadora de roupa) que não foram aceitos, inicialmente, pela rede. Esta teria reduzido a compra de linhas da Brastemp e Consul no segundo semestre, gerando mal-estar entre as partes. A Via Varejo informa, em nota, que tem uma relação “de longo prazo com seus fornecedores” e vê a indústria “como parceira” e trabalha junto com as marcas para oferecer ao cliente “os melhores preços”.

Em nota, a A Whirlpool informa que tem relacionamento comercial com a Via Varejo “há mais de 60 anos” e “e em todas as negociações sempre tem como fechamento a continuidade desta duradoura parceria”, escreveu Paulo Miri, vice-presidente de logística, vendas e planejamento comercial.

O varejo iniciou o primeiro trimestre com nível de estoques ainda acima da média para o período no segmento de linha branca e em móveis populares (de até R$ 800), segundo as redes ouvidas. “Todo mundo sabia que viria aumento agora e comprou um pouquinho mais. Com estoque na loja fica mais fácil postergar reajustes”, diz Carlos Luciano Ribeiro, diretor de vendas da rede Novo Mundo, do Centro-Oeste. A rede prevê encomendas um dígito maior do que no início de 2014, para fechar o ano com vendas 11% maiores.

Segundo as redes Rabelo e Novo Mundo, as vendas no varejo iniciaram o ano em bom ritmo, numa taxa de expansão acima do índice apurado em dezembro – mês com vendas abaixo do esperado. Mas já se espera queda no tráfego nas lojas. “A partir da semana que vem o consumidor já some da loja, com a chegada do IPTU e IPVA”, diz Marques. Com o Carnaval na metade do mês, parte do fluxo de clientes diminui, afirma. “A tentativa será recuperar em março a provável venda menor em fevereiro, mês que será mais curto”.

Fonte: Valor Econômico