Entre os inúmeros tipos de aplicação de renda fixa, o diretor da Easynvest, Amerson Magalhães, aposta nos títulos pós-fixados LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio)
Se para uns o cenário econômico para 2015 é desalentador, com alta de inflação e da taxa básica de juros (Selic), que encarecem o custo de vida dos brasileiros e dos financiamentos, pelos mesmos motivos o ano pode ser de boas oportunidades para quem tem dinheiro livre para investir. Isso porque os índices que medem a inflação e a taxa Selic estão entre os que são mais utilizados para remunerar os chamados fundos de renda fixa, que são opções para investir com segurança, uma vez que o retorno do capital é dimensionado no momento da aplicação.
“Com a elevação da Selic de 11,25% ao ano para 11,75% ao ano, com previsão de continuar subindo e chegar a 12,5%, os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações”, destaca o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. Para facilitar a escolha, ele faz os cálculos e diz que os fundos DIs terão um rendimento superior as contas da poupança quando suas taxas de administração forem inferiores a 2% ao ano (confira simulações).
Ele explica que tal fato ocorre uma vez que a poupança tem seu retorno garantido por lei (Taxa Referencial – TR acrescida de 6,17% ao ano) e não sofre qualquer tributação, diferentemente dos fundos de renda fixa, que têm descontos de Imposto de Renda (IR) sobre seus rendimentos (sendo maior está tributação quanto menor for o prazo de resgate), além da cobrança de taxa de administração. “Para o pequeno investidor, que tem até R$ 5 mil, a poupança continua sendo a melhor opção”, opina Oliveira. Entre uma orientação e outra, vale lembrar que, em 2014, a poupança rendeu 7,08%, enquanto os fundos DIs renderam 8,5% (confira tabela na página ao lado).
O diretor da Anefac explica que os investimentos de renda fixa podem ser classificados segundo dois critérios: tipo de emissor do título, entre públicos (governo) e privados (empresas); e quanto à rentabilidade do título, em prefixados e pós-fixados. Embora reconheça que as instituições bancárias costumam oferecer melhores condições aos seus correntistas, ele recomenda pesquisar as taxas antes de fazer a escolha. “Como o banco não quer perder cliente, ele dá mais benefícios aos seus correntistas. Mas isso não significa que o investidor não deva fazer uma pesquisa em outras instituições”, alerta.
Tipos
Entre os inúmeros tipos de aplicação de renda fixa, o diretor da Easynvest, Amerson Magalhães, aposta nos títulos pós-fixados LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio). “Dificilmente, os investidores consigam algo melhor do que LCI e LCA. Eles são muito próximos ao CDI [taxa média de empréstimos entre instituições financeiras], que é isento de IR”. Se por um lado eles não são taxados pela Receita Federal (IR), estão com boa rentabilidade e são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) – para aplicações de até R$ 250 mil -, por outro, os LCIs e LCAs não têm liquidez diária e, para aplicar, é preciso desembolsar em média R$ 10 mil, alerta o especialista.
Outra alternativa rentável, de acordo com Magalhães, é comprar títulos públicos por meio do Tesouro Direto. “É simples, o investidor pode fazer sozinho, direto no sistema do Tesouro, além disso as taxas normalmente são menores e dá para investir valores muito baixos”, alerta Magalhães. Entre as opções desta modalidade, ele estaca a LFT (Letra Financeira do Tesouro) para quem pensa em retorno a médio prazo, que acompanha a taxa básica de juros da economia. Para quem pensa no futuro, algo para complementar a aposentadoria, ele indica a NTN-B (Nota do Tesouro Nacional, série B), cuja rentabilidade é vinculada à variação da inflação mais juros de 6%, em média.
Mix
Apesar de também reconhecer que a renda fixa é a opção mais atrativa para este ano, o consultor financeiro Adriano Moreno, da Futura Investimentos, acredita que os investidores que puderem deveriam diversificar a carteira de investimento com uma parcela de recursos aplicada em fundos de renda variável – cujo retorno é uma incógnita e pode ser, inclusive, negativo, a depender da situação do mercado. Segundo ele, o que vai diferenciar é quanto esse investimento representa do todo. “Para os mais conservadores, a parcela em renda fixa deve ser de 90% ou 95% do total. Já para os mais arrojados, o investimento em renda fixa pode representar 50%”.
O coordenador de acompanhamento conjuntural da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Luiz Mário Ribeiro Vieira, diz que o cenário econômico é muito importante na hora de decidir onde o dinheiro será investido, mas outras duas variáveis devem ser levadas em consideração antes de escolher o tipo de aplicação. “Primeiro, o investidor precisar traçar um objetivo para a aplicação, definindo assim um prazo para ter o dinheiro aplicado de volta. Depois, o montante que será injetado”, orienta. Segundo ele, a regra é clara: quanto maior o prazo, menor o rendimento e, consequentemente, quanto maior o prazo, maior a rendimento.
DICAS
Planejamento Antes de sair por aí aplicando o dinheiro na primeira oferta da instituição financeira, é bom ter em mente um objetivo (comprar a casa própria, aposentadoria, etc). O tempo de resgate é importante na escolha do investimento.
Conhecimento Não é preciso ser um expert em economia, mas conhecer onde estará “pisando” é fundamental. É importante entender os diferentes tipos de investimentos de acordo com o risco: conservadores, moderados e arriscados.
Ajuda Dá sim para investir sozinho, mas desconfie sempre de promessas de muito dinheiro com pouco trabalho (riscos). Não leve em consideração apenas a opinião do gerente do banco. Na dúvida, procure a orientação de uma corretora ou de um profissional de sua confiança.
Disciplina Evite cair nas tentações, como retirar o investimento antes do prazo estipulado inicialmente. Seguir o passo a passo de um processo cauteloso e sem pressa já é meio caminho andado.
Fonte: Correio* 24 horas