Foco no trabalho, busca de resultados, metas claras, controle de tempo, envolvimento total com os clientes. Resultado? Uma fortuna estimada em US$ 427 milhões
Vinte anos de carreira para uma modelo, via de regra, é o fim da linha. Não há viço, ou charme, que resista tanto tempo aos milhões de olhares críticos voltados para as passarelas. Em grande parte, é por isso que a trajetória da gaúcha Gisele Bündchen surpreende. Ela desfilou pela primeira vez aos 14 anos. Hoje, aos 34, está no auge. No mês passado, a guria, que na adolescência cogitara ser jogadora de vôlei, assinou o maior contrato de sua vida. Será uma das embaixadoras globais da marca Under Armour, a fabricante americana de materiais esportivos. O valor do negócio é alvo de controvérsias, mas foi estimado em US$ 250 milhões, uma cifra astronômica, mesmo para os padrões de remuneração das beldades internacionais (leia os detalhes mais abaixo). O acordo – e esse é um detalhe estonteante – tem duração de dez anos. Extingue-se quando ela completar 44 anos. (Cabe aqui, portanto, uma emenda: Gisele não chegou ao topo. Ela ainda está, acredite, em franca ascensão.)
Por trás dessa longevidade intrigante, e rentável, estão as singularidades do líder da “Gisele S.A.” – neste caso, ela mesma, Gisele Caroline Nonnenmacher Bündchen. A marca pode flutuar em torno de atributos fugazes – a beleza, o carisma e a sedução –, mas o negócio está calcado em princípios bem perenes da boa gestão. A modelo é uma craque em quesitos como disciplina, planejamento, controle de imagem, definição de metas e geração de valor (para ela e para as companhias com as quais trabalha). Isso sem falar no oportunismo, que lhe parece inato. Gisele, na verdade, não é apenas uma modelo, é uma executiva. Não apenas uma executiva, é uma empreendedora.
Desde sempre foi assim. Em uma das raríssimas ocasiões em que falou sobre o tema negócios, deixou cristalinos os seus alvos. Disse Gisele, em 2004, à revista americana Vanity Fair: “Jamais quero ser uma daquelas meninas que, aos 30 anos, tudo o que sabem fazer é desfilar. Quero olhar para trás e ver que fiz o melhor entre os meus 14 e 26 anos. Mas, depois disso, iniciei um novo capítulo. Há pessoas que desfilam para ir a festas e para ganhar notoriedade. E há pessoas como eu. Vim de uma família simples. Ser modelo, para mim, é uma chance de ganhar dinheiro e criar negócios”. Haja clareza de objetivos.
Busca de resultados
Gisele, para atingir suas metas, vale-se da sua disciplina. É dona de uma capacidade célebre de se envolver com as marcas com as quais trabalha. Essa postura chamou a atenção da americana Leanne Fremar, vice-presidente de criação da Under Armour. “Para termos as imagens necessárias à campanha, que incluíam exercícios físicos pesados, ela suou a camisa por muitas horas”, diz Leanne. “Não reclamou de nada, nem mesmo do calor que fazia em Nova York.” O comercial foi gravado em julho, quando as temperaturas na cidade têm o hábito de superar 40 graus. “Gisele parece que busca os melhores resultados em tudo o que faz”, afirma a executiva. “Fiquei realmente impressionada.”
Os filmes da Under Armour exploram uma espécie de “dissonância imagética”, como uma nota esquisita, que realça o interesse por um acorde. Nas cenas, Gisele treina boxe. Simultaneamente, são exibidos comentários dos internautas, às vezes ironizando a participação da modelo bonitinha, naquela pancadaria regada a suor. Essa é a brincadeira. “Queríamos mostrar às consumidoras, predominantemente mulheres de 15 a 35 anos, que não há limites para quem se dedica a algo com empenho”, diz Leanne. Gisele, para tanto, não poderia ser mais adequada. Isso embora seja a única mulher da campanha que não tem na força física a base de sua atuação profissional. O restante do elenco feminino da Under Armour é formado por Misty Copeland, solista do American Ballet Theatre, Lindsey Vonn, campeã mundial de esqui, e Kelley O’Hara, destaque da seleção feminina de futebol americano, além da tenista Sloane Stephens.
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Fonte: Época Negocios