Três dados divulgados ontem mostram que o consumidor está de fato retraído neste início de ano. Ele tem buscado menos crédito e se endividado menos, o que também tem feito a inadimplência ceder, de acordo com números da Serasa Experian, da FecomercioSP e do SPC Brasil.
Segundo a Serasa, a demanda do consumidor por crédito caiu 10,7% em fevereiro ante janeiro, quando recuou 2,5%. Na comparação com fevereiro do ano passado, houve ligeira alta de 0,9%, o menor ritmo de avanço dos últimos sete meses. Embora o desempenho do mês tenha sido afetado pelo Carnaval, a Serasa avaliou que o baixo grau de confiança dos consumidores e as altas taxas de juros têm reduzido a procura por crédito.
De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Consumidor recuou 4,9% em fevereiro e atingiu seu menor nível desde setembro de 2005. Como reflexo, a confiança do comércio também teve queda forte no mesmo período, de 8,8%, o maior recuo em cinco anos.
Contratando menos crédito, o consumidor reduz as dívidas a serem pagas no dia a dia. Embora numa amostragem menor que a Serasa, é o que indica a pesquisa da FecomercioSP. O percentual de famílias endividadas em São Paulo caiu pelo sétimo mês e chegou a 38,9% em fevereiro, 12 pontos percentuais menos que no mesmo período do ano passado, quando 50,9% tinham débitos a quitar.
A queda demonstra que o consumidor continua cauteloso na contratação de novos financiamentos em função do desempenho econômico do país, das altas dos preços e dos juros, que pressionam a renda das famílias, disse a entidade. A FecomercioSP também identificou que, no mês passado, a busca por novas linhas de crédito caiu 5,4% na comparação com igual mês de 2014.
Além disso, a maioria dos entrevistados (84,3%) disse não ter a intenção de contrair novos financiamentos nos próximos três meses. A inadimplência também caiu: 10,8% informaram estar inadimplentes, ante 14,4% em fevereiro de 2014. Entre as famílias com contas atrasadas, 52,2% estão com as contas vencidas há mais de 90 dias; 24,5% possuem contas atrasadas entre 30 e 90 dias; e 21,6% estão com dívidas em atraso de até 30 dias.
Outra pesquisa, a do SPC Brasil, mostrou que o número de pessoas incluídas em serviços de proteção ao crédito aumentou 2,33% em fevereiro ante o mesmo período do ano passado, um crescimento menor que os 3,12% registrados em janeiro. Foi a menor variação desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 2011.
A quantidade de dívidas atrasadas, que em janeiro havia registrado alta de 2,40%, cresceu menos e subiu 1,81% em fevereiro. Para o SPC Brasil, a menor oferta de crédito – mais que a regularização dos pagamentos – tem amenizado o crescimento da inadimplência.
Fonte: Valor Econômico