Vestuário Iemi estima expansão de 8,6% na receita do setor neste ano, para R$ 199,7 bilhões
Mesmo em um cenário de pressão inflacionária, elevação na taxa de juros, maior taxa de desemprego e menor disponibilidade de renda, o setor de varejo de vestuário ainda prevê crescimento em vendas neste ano, em relação a 2014. O Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) estima para 2015 um crescimento no volume de vendas de 2,5%, chegando a 6,7 bilhões de peças no varejo de vestuário. Em receita, a previsão é de um crescimento de 8,6%, para R$ 199,7 bilhões.
Se alcançado, esse incremento vai proporcionar um ganho real para as companhias de quase 1 ponto percentual, se for considerada a estimativa média mais recente divulgada pelo boletim Focus, do Banco Central, de 7,77% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“Apesar do cenário de desaceleração, ainda assim o setor terá um desempenho razoável, até com crescimento maior em volume em comparação ao ano passado”, afirma Marcelo Prado, diretor do Iemi. Em 2014, o setor registrou um crescimento de 1,5% em volume de vendas, e de 6,7% em receita.
Entre as companhias de vestuário de capital aberto, Renner e Hering informaram que tiveram resultados positivos no início de 2015. Na teleconferência de resultados do quarto trimestre, o presidente da Renner, José Galló, disse que as vendas no conceito ‘mesmas lojas’ (abertas há mais de 12 meses) cresceram dois dígitos em janeiro, ante igual mês de 2014. O presidente da Hering, Fabio Hering, também em teleconferência, disse que as vendas em lojas próprias estão com boa performance neste ano. O vice-presidente da Guararapes, Tulio Queiroz, não informou o ritmo de vendas, mas disse que a dona da Riachuelo tem conseguido manter as margens de lucro nestes primeiros meses.
O Índice Antecedente de Vendas (IAV-IDV), do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IAD), projeta crescimento nas vendas reais do varejo de 3,2% em fevereiro ante o mesmo mês de 2014. Para março, a expectativa é de avanço de 5,2%. Em janeiro, a alta estimada foi de 1,5%, descontando a inflação. O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) apontou um crescimento em janeiro na receita de vendas do varejo de 2,1%, descontada a inflação no período.
Na outra ponta, o indicador de consultas de vendas a prazo do comércio varejista medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou queda de 0,51% no primeiro bimestre. A atividade em shoppings centers, medida pelo iFlux, indicador do Ibope Inteligência e da Mais Fluxo, mostrou queda no fluxo de pessoas de 3,2% em fevereiro, ante igual mês de 2014. Esses indicadores consideram o varejo como um todo, não só o setor de vestuário.
Na avaliação de Prado, do Iemi, as empresas de vestuário tendem a apresentar resultados melhores que a média do varejo, considerando que as vendas caem menos do que em setores como o de móveis, de linha branca e automotivo. O analista também considera que as companhias de grande porte têm mais flexibilidade para mudar as linhas de produtos, com substituição de importações e aumento das peças de custo mais baixo.
Em janeiro e fevereiro, as varejistas fizeram promoções para vender as linhas de verão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de vestuário apresentou deflação de 0,69% em janeiro e de 0,6% em fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), por sua vez, registrou altas de 1,24% e 1,22%, respectivamente.
Sidnei Abreu, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), disse que as varejistas estão reajustando preços, devido ao aumento nos custos com combustíveis, alta da energia elétrica e outros gastos. A Renner fechou 2014 com alta de 15,4% nas despesas gerais e administrativas; A Riachuelo teve alta de 21,3%; Marisa, de 4,6%; e Hering, de 6,5%.
“O repasse acontece, mas não significa necessariamente aumento de preços no geral. As varejistas mudam os produtos, ou a política de vendas para manter a média de vendas”, afirmou Abreu. Entre as companhias abertas, Renner, Riachuelo e Marisa possuem cartões próprios para vendas a prazo. Em No ano passado, 44,7% das vendas da Renner foram feitas com cartão da loja. Na Riachuelo, a fatia foi de 44,1% e, na Marisa, de 45,3%. As companhias mantiveram o nível de inadimplência desses cartões sob controle. Na Renner, a inadimplência foi de 2,8%; na Riachuelo, de 6,5%; e na Marisa, de 8%.
Fonte: Valor Econômico