Geek, fashion, gourmet, engajada: a personalidade de cada mulher é a chave para descobrir qual é sua vocação empreendedora
Em que momento da sua vida você se sentiu plenamente feliz? Foi fazendo brigadeiros, na antiga cozinha de sua avó? Trabalhando na campanha pela sua chapa na eleição da escola? Baixando a última versão do game mais comentado pelos amigos? Defendendo os direitos dos animais? Fazendo uma palestra sobre reciclagem? Encontrar sua vocação empreendedora tem tudo a ver com as memórias afetivas que compõem sua personalidade. Essa investigação íntima, que remete a seus desejos mais antigos, pode dar a pista de qual será o estilo do seu negócio. Geek, fashion, gourmet, engajada: descubra seu jeito de empreender e siga o exemplo dessas mulheres que encontraram o caminho do sucesso.
Precoce na cozinha, incansável no dia a dia e ligada à família, Renata Vanzetto é chef de sucesso aos 23 anos
QUEM É > Renata Vanzetto, 23 anos, chef de cozinha, fundadora do Marakuthai O QUE FAZ > Cozinha contemporênea, com ingredientes brasileiros e tailandeses |
Renata Vanzetto começou a cozinhar aos 9 anos. Aos 17, deixou Ilhabela, no litoral de São Paulo, para fazer estágios em cozinhas da França e da Espanha. Quando voltou, resolveu começar a faculdade de gastronomia. “Detestei. Fiquei quatro dias na aula e voltei correndo para Ilhabela”, conta. A família a ajudou a montar um restaurante na ilha. A mãe, Silvia, entrou com um fogão e a decoração, a tia cedeu o micro-ondas e o pai, René, entrou com o ponto na marina. O cardápio tinha apenas um prato principal. “Era um negócio caseiro. De repente, o restaurante explodiu e nossa fama subiu a serra.”
Em 2008, a jovem chef foi procurada por um investidor para abrir uma unidade em São Paulo. “Ele desistiu quando tudo estava pronto. Decidimos levar o projeto adiante. Investimos R$ 600 mil”, lembra. Três anos depois, a casa tem um faturamento mensal de R$ 200 mil.
Mesmo sem ter formação na área, Renata já foi indicada em importantes guias gastronômicos do mundo. Recusou convites como um estágio na cozinha do D.O.M., de Alex Atala (porque estava envolvida na inauguração de São Paulo), e até para posar para uma revista masculina.
Em julho, fez estágio no restaurante número 1 do mundo, o dinamarquês Noma, do chef René Redzepi. “Lá, retomei a relação com a natureza e a atenção aos ingredientes. E senti o desejo de, um dia, voltar definitivamente para Ilhabela, onde cresci e fui criada”, conta. “O restaurante na ilha é o laboratório para tornar realidade meu grande projeto de trabalhar só com os produtos de lá, valorizando os ingredientes naturais e orgânicos.” O Marakuthai de Ilhabela tem 18 lugares e funciona na alta temporada, quando fatura R$ 300 mil por mês.
O hobby de fazer brigadeiros para os amigos se transformou em cinco lojas em apenas um ano
QUEM É > Taciana Kalili, 34 anos, designer, fundadora da Brigaderia O QUE FAZ > Produz e vende brigadeiros com roupagem gourmet |
Recém-casada e morando havia pouco tempo em São Paulo, a mineira Taciana Kalili achou que iria agradar se preparasse os doces para os 400 convidados do marido aniversariante. Acertou. “Eles me perguntavam quem tinha feito os brigadeiros e, nos dias seguintes, começaram a ligar fazendo encomendas”, conta. Quatro meses depois, no Natal de 2009, já gerenciava 20 pessoas trabalhando em sua casa para dar conta das entregas. A sala de estar virou depósito de caixas forradas com tecidos estampados, onde os doces eram embalados. Taciana então juntou R$ 40 mil e abriu a primeira loja, em março de 2010. No fim do ano, já tinha faturado R$ 5 milhões.
Hoje Taciana tem uma fábrica e cinco lojas em shoppings de São Paulo – planeja chegar a Campinas (SP) e Rio de Janeiro. No cardápio, há 35 receitas à base de chocolate belga com ingredientes como cheesecake de goiaba, limão, macadâmia e pistache. As embalagens estampadas são sua marca registrada. Hoje a Brigaderia tem 70 funcionários para atender 22 mil clientes, incluindo empresas que encomendam os doces para seus eventos.
VIDA FINANCEIRA X VIDA PESSOAL
“Hoje, posso dizer que tenho uma vida financeira tranquila. Mas, desde a adolescência, abri mão de minha vida pessoal, enfiada na cozinha dia e noite.” Renata acorda às 10h e passa o dia misturando ingredientes típicos tailandeses a receitas brasileiras. Deixa o restaurante às 2 da manhã. A irmã Luiza, de 19 anos, lida com os fornecedores. A mais recente aposta é um buffet da marca.
Alimentação em alta
Crescem as franquias, o faturamento geral no setor e o número de clientes que comem fora de casa
Por Sonaira San Pedro e José Vicente Bernardo