E-commerce força lojas a se reinventar

11 de maio de 2015

ecommerce-2O Brasil é hoje um dos maiores consumidores de tecnologia do planeta. São 306 milhões de equipamentos ligados à internet, entre os quais 154 milhões de smartphones. A hiperconectividade afeta o comportamento do consumidor, garante Marcos Gouvêa de Souza, presidente da GS&MD Gouvêa de Souza. “Assim como a queda da massa salarial, a redução do crédito e a escalada da inflação têm impacto direto no consumo, a conveniência da compra pela tela do celular e a facilidade de comunicação via redes sociais alteraram e tendem a mudar ainda mais o perfil das lojas físicas e o desempenho do varejo como um todo”, afirma.

E não é preciso ser bom de conta para perceber o peso dessa mudança. O Alibaba Group, maior site de compras chinês, sem nenhuma loja física, começou a operar no Brasil no fim de 2013. Seu volume de vendas alcançou R$ 1 bilhão no ano passado, o mesmo valor registrado por 90 grupos varejistas brasileiros, entre eles, 26 da área de super e hipermercados. “Não chegamos a cem varejistas nacionais com faturamento anual na casa do bilhão, todos operando com dezenas de lojas físicas”, observa Souza. “O Ali Express no primeiro ano no Brasil já chegou a esta cifra, gastando dez vezes menos em publicidade e sem ponto físico.” Segundo o consultor, 52% do varejoamericano será influenciado ou terá suas vendas concretizadas on-line este ano. A tendência é que esse percentual cresça bastante.

E não são apenas os canais digitais que dividem o bolso do consumidor com o varejo de super e hipermercados. O crescimento do mercado de food service e a busca por conveniência faz do delivery um braço importante nesse cenário. Em 2002, o peso dos gastos das famílias brasileiras com alimentação em casa era de 17,2% do orçamento, no ano passado caiu para 10,3%, enquanto a participação da alimentação fora do lar saltou de 4% para 5,2% no mesmo período. Em 2014, o mercado de food service faturou R$ 156,57 bilhões e a expectativa é que até 2019 esse valor seja de R$ 231,58 bilhões.

Redes internacionais já atentaram para essa migração de consumo e criaram novos projetos de lojas para atender a esse público. Um exemplo é a Whole Foods, rede americana que criou um espaço de alimentação dentro de suas lojas, transformando a área em café, restaurante, ponto de descanso e de cursos; a francesa Picard, com 950 unidades, tem um mix de 1,1 mil produtos, destes 200 novas receitas de pratos prontos congelados.

Já a Tesco criou um formato de loja prática, próxima às estações de metrô na Inglaterra com a oferta de produtos prontos que podem ser consumidos ali ou levados para casa. A italiana Eataly, prestes a inaugurar sua primeira unidade na América Latina, mais precisamente em São Paulo, promete concretizar o modelo por aqui, com uma área de supermercado com produtos premium e seis operações de alimentação para comer no local ou levar. Seu lema é “a vida é muito curta para não comer e beber bem”. No mundo, são apenas 27 operações com esse perfil.

A indústria também intensifica sua ida ao varejo para interagir e conhecer de perto as necessidades do consumidor, melhorando o desenvolvimento de novos produtos. Na outra ponta, grandes players do e-commerce, como a Amazon, começam a oferecer serviços a seus usuários. É o caso do Amazon Home Service, com ofertas de encanadores e eletricistas. “Quanto mais maduro for o mercado, maior a demanda por serviços”, diz o presidente Gouvêa de Souza.

Fonte:  Valor Econômico