Em junho, IPCA acelerou a 0,79%, a maior taxa para o mês desde 1996. Em 12 meses, IPCA acumula maior valor desde dezembro de 2003
Os brasileiros não enfrentavam um mês de junho com uma inflação tão alta desde 1996. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do sexto mês do ano foi o maior desde 1996, chegando a 0,79%. No mês anterior, o indicador havia acelerado 0,74%.
“Os meses de junhos costumam ser baixos. E esse ano, os números têm sido maiores em geral do que em 2014… pela influência dos preços administrados”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.
Com esse resultado, o primeiro semestre fechou em 6,17%, depois de encerrar os seis primeiros meses de 2014 em 3,75%. Esse é o maior resultado, para o período, desde 2003.
Em 12 meses, o indicador acumula alta de 8,89%, a maior taxa desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%. O resultado vem em linha com a previsão dos economistas do mercado financeiro, conforme apontam os boletins Focus mais recentes. A previsão é de que o IPCA feche o ano acima de 9%.
“Em termos de impacto, tanto no ano quanto nos 12 meses, três grupos dominaram, alimentação e bebidas, habitação e transporte. Eles foram responsáveis por 71% do IPCA”, apontou Eulina.
De maio para junho, foram as despesas pessoais que mostraram o maior aumento de preços entre tudo o que é analisado pelo IBGE. A alta, de 1,63%, é atribuída principalmente aos jogos de azar, que ficaram 30,80% mais caros.
“O reajuste foi em mais de uma data em maio e foram reajustes relativamente grandes porque os preços são pequenos. A variação foi muito alta. A influência é forte. O peso não é tão grande [sobre o total do IPCA], mas também não é desprezível.”
Depois dos jogos de azar, foram as passagens aéreas que mais pressionaram o índice, individualmente, com alta de 29,19% no mês, próximo das férias escolares. Dessa forma, a variação do grupo de gastos com transportes foi de 0,70%, influenciada também pelos serviços de conserto de automóvel (1,70%), pela compra de automóveis usados (0,78%) e pelas tarifas de ônibus urbano (0,40%).
O aumento das taxas de esgoto, de quase 5%, também contribuiu com o avanço do IPCA de maio para junho. Dentro do grupo habitação, que fechou em 0,86%, também subiram os valores de artigos de limpeza (1,52%), condomínio (0,92%) e aluguel residencial (0,66%).
Como os remédios tiveram seus preços reajustados, acumulando alta de 6% no ano e variando 0,64% em junho, os gastos com saúde e cuidados pessoais subiram 0,91%.
Outras altas partiram ainda de aparelhos de TV, som e informática(0,84%), pressionando os artigos de residência, cuja variação foi de 0,72%, e de roupas masculinas (1,13%), influenciado a variação do grupo de gastos com vestuário (0,58%).
Com ajuda da cebola, que ficou 23,78% mais cara de maio para junho, os alimentos e bebidas subiram 0,63%. Tiveram as menores variações, entre tudo o que analisado pelo IBGE, gastos relativos a educação (0,20%) e os relacionados a comunicação (0,34%).
“Apesar e não ter havido a tradicional pressão da energia [no mês de junho], a gente teve três itens que exerceram pressão forte: os jogos de azar, as passagens aéreas, que são muito voláteis – nesse mês a alta é provocada pela maior demanda – [feriado de] Corpus Christi, dia dos namorados…as tarifas tendem a ser não tão baratas e promocionais, e a taxa de água e esgoto, que além dos reajustes extraordinários, têm a ver também com a contaminação provocada pela energia elétrica”, explicou.
Passagem mais cara para Brasília
Na análise regional, a maior variação da inflação foi percebida em Brasília (1,05%), porque as passagens aéreas ficaram 25,50% mais caras. Na outra ponta, está Goiânia, a capital que registrou o menor avanço de preços de um mês para o outro, 0,21%, influenciado pela redução dos preços de gasolina e etanol.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é divulgado com o IPCA, desacelerou de 0,99% em maio para 0,77%, em junho. No primeiro semestre de 2015, o índice acumula alta de 6,80% e, em 12 meses, de 9,31%. Em junho de 2014 o INPC foi de 0,26%.
Fonte: G1