Inadimplência pode prejudicar crescimento da economia em 2016

15 de julho de 2015

inadimplentesO presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro, informou ontem que os altos índices de inadimplência podem atrapalhar a retomada do crescimento da economia em 2016. Uma única variável sempre tem efeitos sobre as demais. Com a inadimplência não é diferente, explicou.

A CNDL e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apresentaram, ontem, os indicadores de inadimplência do consumidor. No acumulado do primeiro semestre deste ano, o número de devedores cresceu 4,6% em relação ao primeiro semestre de 2014. Os dados do balanço indicam que esse é o pior resultado semestral dos últimos três anos. No primeiro semestre do ano passado, a inadimplência chegou a 3,53%. Em 2013, alcançou 2,83%.

O volume de dívidas em atraso também aumentou nesses períodos. No primeiro semestre de 2013, cresceu 2,12%. No mesmo período de 2014, o volume subiu para 4,07%. Em 2015, nova alta de 6,65%. No balanço semestral, aCNDL destacou o avanço das dívidas de até 90 dias (alta de 19,30%) e entre 91 e 180 dias (alta de 24,74%).

A quantidade de dívidas cresceu mais nos setores de água e luz (11,83%) e de bancos (11,26%) O setor de comunicações apresentou queda de 3,58% no primeiro semestre deste ano.

Economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti avaliou como importante a aceleração das dívidas em atraso. É um número ruim, mas enseja ajustes da população. Algumas mudanças de atitudes podem melhorar o cenário, explicou. Segundo ela, como as famílias têm dificuldade para pagamento das contas básicas e das dívidas financeiras, acabam optando por uma.

Para o SPC Brasil, em junho deste ano 56,5 milhões de consumidores constavam de cadastros de devedores inadimplentes. Na comparação com 2014, a quantidade de consumidores com contas a pagar em junho aumentou 4,52%.

Na comparação anual, analisando os dados por faixa etária, a CNDL registrou queda de 8,75% entre endividados de 18 a 24 anos. Na comparação a junho de 2014, os devedores da faixa etária de 50 a 64 anos aumentaram 7,67% em junho deste ano. No mesmo período comparado, os aumentos alcançaram 8,31% na faixa de 65 a 84 anos e 9,07% para devedores entre 85 e 94 anos.

Para Marcela Kawauti, os jovens têm mostrado um recuo no endividamento em relação aos mais idosos. Isso tem a ver com a forma de comportamento das gerações. Como os jovens estão demorando para ter responsabilidades de adultos, eles acabam adiando planos ligados a financiamentos.

De acordo com o presidente da CNDL, é preocupante o aumento de 30% para 35% do limite do desconto do crédito consignado em folha de pagamento. Segundo ele, o aumento pode contribuir com as vendas, mas deve agravar a inadimplência na população de faixas etárias maiores

Diante do cenário de inflação e inadimplência, (o aumento da taxa de desconto) nos faz crer que não é algo que contribuirá para a economia. A venda precisa ser saudável e o consignado é uma experiência questionável. São essa pessoa [de maior idade] que têm comprometido rendimentos com consignados, afirmou Honório Pinheiro.

Os dados de venda do varejo divulgados hoje pelo IBGE também não são animadores para a CNDL. Eles mostram uma tendência de queda do volume de vendas no varejo restrito e ainda mais no ampliado, acrescentou Honório.

Fonte: Diário da Manhã