Vendas do varejo caíram 0,4% em junho na comparação com o mês de maio. Apesar do custo alto no Brasil, muita gente ainda prefere o cartão de crédito
Parte do resultado ruim do comércio pode ser atribuída aos juros altos da economia. Está cada vez mais difícil fazer financiamentos e pagar as contas em dia.
A geladeira top de linha ficou na loja. E a lavadora, novinha, ninguém comprou. Sem falar do carro zero não sai do ponto morto. Entre os setores que estão sentindo mais forte a queda do comércio, estão automóveis e eletrodomésticos. Se tem uma palavra que ajuda a explicar o que está acontecendo com o varejo brasileiro é confiança.
O consumidor avalia os juros, os prazos, mas avalia também a capacidade dele de pagar esses empréstimos e esses financiamentos. Se ele sente que essa capacidade está abalada, ele coloca o pé no freio e evita tomar esse tipo de recurso. É justamente o que está acontecendo, aponta Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio.
É que o custo do dinheiro no Brasil é alto demais. Por exemplo, se alguém usa o cartão de crédito para comprar qualquer coisa no shopping e usa aquele crédito rotativo, será pago 372% de juros em um ano.
Adivinha qual é a modalidade de crédito com maior inadimplência da praça? Justamente o rotativo. Você cai nele quando não paga a fatura toda do cartão no fim do mês, empurra uma parte para frente. O índice de inadimplência nesse caso é de 36,9%, segundo o Banco Central.
Mas se os juros do cartão são tão altos, por que tanta gente insiste em fazer dívida nele?
É muito fácil a pessoa ter acesso ao cartão de crédito e o crédito concedido mensalmente para ela não é um credito muito rigoroso. É muito fácil a pessoa ter no somatório dos seus cartões de crédito uma capacidade de consumo muito maior do que a sua renda. Isso tem um custo e o custo é a taxa de juros mais alta, pontua o economista Fabio Bentes.
Fonte: G1 – Globo