Com todos os indicadores apontando para baixo desde 2014, a indústria têxtil e de vestuário espera alguma compensação no segundo semestre, quando as vendas costumam aumentar, com a coleção primavera-verão e a preparação para o Natal. “São produtos que dependem menos de crédito e que em 2014 competiram com móveis, eletroeletrônicos e veículos”, diz Marcelo Prado, diretor da empresa de pesquisa IEMI Inteligência de Mercado. O maior corte de gastos das famílias tem ocorrido nestes setores e espera-se que roupas e sapatos ocupem esse espaço no Natal.
Segundo o IEMI, a produção de vestuário caiu 0,5% em 2014 e a previsão para 2015 é de queda de 4,1%. Com faturamento de R$ 100,3 bilhões em 2014, exportações de US$ 145,3 milhões e importações de US$ 2,6 bilhões, o segmento reúne 25,6 mil empresas, que empregaram 1,15 milhão de pessoas em 2014.
Na indústria têxtil, a produção recuou 9% entre janeiro e maio de 2015, diz Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). No período, a produção de vestuário caiu 13,2%, enquanto as vendas no varejo encolheram 5,2%. “Com o novo patamar do câmbio, o varejo começa a conversar com a indústria para converter parte do que importa em produção nacional.” As importações de têxteis caíram 3,3% entre janeiro e junho, mas as de vestuário cresceram 13%. O saldo de postos de trabalho em 12 meses até maio ficou negativo em 47.226 e deve chegar a cem mil até o fim do ano. Em São Paulo, maior polo produtor, a queda foi de 15,4% na produção de vestuário e de 8,1% na de produtos têxteis entre janeiro e abril, segundo o Sindicato da Indústria Têxtil de São Paulo.
Na indústria de calçados, a produção caiu 2,5% em 2014 e o número de empregados recuou 2,9%, segundo o IEMI. Para 2015, a previsão é de queda menor, de 0,3%, devido à expectativa de reação das exportações no segundo semestre. No primeiro semestre, elas caíram 11,2%, informa a Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados).
Fonte: Valor Econômico